Por Siro Darlan –
Concluindo nosso série sobre a Vila Mimosa, apresentamos uma personagem que mudou o modo de olhar de alguns segmentos da sociedade para a profissão mais antiga do mundo e algumas tentativas de mudar o espaço onde vivem essas pessoas visando dar-lhes mais respeito e dignidade.
Quem foi Gabriela Leite
Gabriela Leite foi uma ativista brasileira que lutou pelos direitos das prostitutas. Nascida em 1951, em São Paulo, Gabriela trocou o curso de sociologia na USP pela prostituição, nos anos 1970.
Na década de 1980, participou da organização do 1º Encontro Nacional de Prostitutas e começou a militar em defesa da regulamentação da profissão. Em 1992, fundou a ONG Davida com objetivo de fortalecer a cidadania das prostitutas por meio da mobilização e organização da categoria.
Em 2002, presenciou a inclusão da ocupação “trabalhador do sexo” na Classificação Brasileira das Ocupações (CBO), o que permitiu que as prostitutas pudessem se registrar no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) como autônomas e ter garantia de aposentadoria.
Em 2005, idealizou a grife Daspu, desenvolvida por prostitutas, e cujo nome era uma provocação à Daslu, loja de artigos de luxo à época. As coleções eram desenvolvidas em parceria com profissionais da moda e atraíram atenção da mídia nacional e internacional.
Em 2010, foi candidata à deputada federal pelo Partido Verde, mas não se elegeu. Suas bandeiras eram o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), a união civil homossexual, o direito ao aborto e a regulamentação da prostituição. Gabriela morreu no Rio de Janeiro, aos 62 anos, vítima de câncer.
Veja abaixo mini documentário da Trip Transformadores sobre a vida de Gabriela Leite:
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Projeto construindo futuro e esperança ….. rumo às Olimpíadas 2016
Assunto: pedido de apoio econômico e parceria.
Apresentamos com o presente documento a fase de andamento do projeto anexado.
O projeto em questão iniciou em 2013, no bairro Vila Mimosa, periferia do Rio de Janeiro, território conhecido pela indústria da prostituição e onde atualmente moram 3000 habitantes dos quais cerca um terço são crianças. O bairro estende-se por vielas e estradas mal cheirosas e não existe nenhum lugar de agregação e menos ainda uma escola ou paróquia. É um território fechado ao qual se acede por uma única estrada. Centenas de prostitutas vivem com os filhos nas casas decadentes e outras tantas para aqui se transferem do campo durante o fim de semana, período no qual se estimaram até 12.000 relações sexuais fornecidas por estas pessoas de todas as idades.
O projeto geral possui uma articulação muito mais estruturada de quanto tenhamos sido capazes de realizar até hoje.
De fato, a sua realização pressupõe notáveis investimentos econômicos e a definição de relações institucionais que, temos consciência, precisam de um longo trabalho. A versão integral está anexada ao presente documento.
A estreita colaboração com a associação de voluntariado local AMOCAVIM, permitiu-nos pelo momento iniciar apenas a atividade de Judô, para além dos encontros de tipo educativo e agregativo que se programam alternativamente aos sábados e domingos.
Portanto, o objetivo mínimo desta primeira fase do projeto é estruturar definitivamente a Escola de Judô Vila Mimosa.
Os treinos de judô ocorrem às sextas-feiras de tarde e aos sábados de manhã e em alternativa às terças e quintas-feiras à tarde, como resposta às exigências dos jovens alunos e para favorecer a coerência com o calendário escolar e com as várias festividades.
O desenvolvimento do projeto agregativo e educativo necessita porém de confronto e de encontros com jovens e muito jovens que vivam noutras partes da cidade e, sobretudo, com disponibilidade de instalações desportivas codificadas.
Por esta razão, o projeto do próximo período, coerentemente com o orçamento que vos submetemos, se articula com a organização de várias saídas, com cadência mensal, principalmente em direção das vilas olímpicas existentes no território do Rio de Janeiro.
Identificámos duas destas estruturas às quais se pode chegar com relativa facilidade com meios públicos ou, de qualquer modo, com ônibus alugados.
As vilas olímpicas que gostaríamos de fazer conhecer e onde pensamos acompanhar os jovens da Vila Mimosa são a da Mangueira e a do Sampaio. Esta última apresenta na sua gestão o envolvimento direto do SESI.
A este programa de intercâmbios desportivos, desafios e manifestações compartilhadas, gostaríamos de acrescentar também algumas saídas em parques públicos e ao jardim botânico, como experiências de vida e de conhecimento do ambiente natural, experiência que os meninos de Vila Mimosa não podem viver.
O projeto emprega uma educadora, um professor de educação física graduado e o técnico de judô e uma coordenadora.
A partir de Junho tivemos a possibilidade de alugar uma sala adjacente à sede de A.MO.CA.VIM muito mais espaçosa e adequada à execução do programa bissemanal.
Os jovens, meninos e meninas inscritos no percurso educativo são 35, a frequência média por cada lição supera as trinta unidades.
Depois dos treinos os jovens têm livre acesso à sala de computadores, naturalmente aos banheiros, e à sala vídeo.
No passado mês de maio concretizou-se uma ulterior contribuição por parte da UISP nacional e em particular do setor de artes marciais que com uma pequena delegação participou e animou a cerimónia da entrega dos kimonos, recolhidos e doados pelos atletas italianos.
No ano em curso, a delegação visitou pela segunda vez Vila Mimosa, intervindo de modo mais específico sobre o aspecto didático do trabalho e estimulando uma evolução da organização das lições em apoio à estrutura de educadores, definiu os critérios de avaliação dos progressos e planificou o desenvolvimento educativo das atividades.
Ambos os momentos, ainda que com modalidades diferentes, foram ricos de significado, criando um envolvimento efetivo que fez com que os jovens se sentissem ao centro de um projeto importante e que permitiu duplicar as horas de lição e implementar o programa educativo.
Atualmente o projeto é muito sentido e apoiado também por vários jovens e crianças em Itália, tanto que, está programada uma hospedagem do Professor Paulo César para uma semana de estágio de atualização e de intercâmbio técnico em Itália e, no final do projeto, uma semana de prémio para os dois atletas, um moço e uma moça, que se distinguirem no alcance dos objetivos do projeto até 31 de dezembro de 2016.
Do nosso ponto de vista, o objetivo é aquele de apoiar o projeto até dezembro de 2016, quando os alunos terão podido viver plenamente a maravilhosa experiência das olimpíadas, que esperamos possa contribuir a dar ulterior impulso ao projeto e às respetivas motivações.
O percurso que iniciámos pressupõe que depois, gradualmente, as famílias e os próprios jovens se envolvam na difusão da atividade. De fato, miramos à obtenção de um sempre maior envolvimento dos familiares no apoio, estimulando-os por exemplo às iniciativas e destas que são promovidas periodicamente para dar realce às atividades.
Para nós, a adesão das famílias exprime testemunho direto do valor educativo do projeto e do seu enraizamento na vida da comunidades, objetivo que é muito ambicioso e que nós perseguimos com tenazmente.
O projeto geral possui uma articulação muito mais estruturada de quanto até ao momento não tenhamos conseguido realizar, a sua realização pressupõe de fato consideráveis investimentos econômicos e a definição de relações institucionais que sabemos necessitam de um longo trabalho.
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UniverCidade viabiliza atendimento jurídico gratuito em nova unidade Faetec Digital, na Vila Mimosa
A Vila Mimosa, na Praça da Bandeira, recebeu no último dia 11 de julho seis computadores com acesso à internet em banda larga, na inauguração da 35ª unidade do Faetec Digital, projeto da Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (Faetec), ligada à Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia. A inauguração, que aconteceu na Associação dos Moradores do Condomínio e Amigos da Vila Mimosa (Amocavim), contou com a presença do Secretário de Ciência e Tecnologia, Alexandre Cardoso; do superintendente da Secretaria de Ciência e Tecnologia, Izaías Laurentino do Nascimento; do desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Siro Darlan; dos deputados estaduais Chiquinho da Mangueira, Jurema Batista e Gilberto Palmares; do juiz titular da 2ª Vara da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro, Guaraci de Campos Vianna — professor de Direito Penal da UniverCidade, e do professor Edvaldo Lopes do Araújo, da Coordenação de Projetos Especiais da UniverCidade (COPE), entre outros.
Durante o evento, o desembargador Siro Darlan inaugurou um setor de atendimento jurídico no local, que foi viabilizado com a ajuda do Juiz Guaraci Vianna, dos professores da Escola de Ciências Jurídicas da UniverCidade, José Eduardo Ribeiro de Assis e Gilberto Jorge, e da COPE. O posto de orientação e assistência jurídica comunitária gratuita fica dentro das instalações da Faetec Digital no Ponto de Cultura – Dama da Camélia. Na inauguração da unidade, o secretário Alexandre Cardoso lembrou que, se combater a violência é objetivo da Secretaria de Segurança, promover a paz é objetivo de todos. “Incluir digitalmente é promover a cidadania e a paz”, acrescentou ele. Também estavam no evento os ex-craques da Seleção Brasileira de Futebol de 1962, Amarildo, e de 1970, Roberto Miranda e Britto, que presentearam algumas das autoridades com camisas autografadas.
O programa Faetec Digital é uma iniciativa do governo do Estado, através da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia (Sect) e da Faetec. As cidades do Rio, Niterói, São Gonçalo, Nova Iguaçu e Nilópolis já possuem unidades com esses serviços. Em maio, foram realizados cerca de 11 mil atendimentos e, em junho, este número aumentou para 17.220. A estimativa é que o programa beneficie sete milhões de pessoas em 41 municípios, com as 100 primeiras unidades implantadas.
Leia também:
- SÉRIE ESPECIAL – Vila Mimosa, a vila do prazer
- VILA MIMOSA II – Zona do Mangue
- O Verbo que liberta o preconceito
- VILA MIMOSA III – O profissional do Serviço Social
- VILA MIMOSA IV – O que se faz além de sexo
- VILA MIMOSA V – Um condomínio chamado Vila Mimosa
- VILA MIMOSA VI – Histórico e Relatos
- VILA MIMOSA VII – Marginalização leva à exploração – por Siro Darlan
SIRO DARLAN – Editor e Diretor do Jornal Tribuna da imprensa Livre; Juiz de Segundo Grau do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos na ENSP; Pós-graduado em Direito da Comunicação Social na Universidade de Coimbra (FDUC), Portugal; Coordenador Rio da Associação Juízes para a Democracia; Conselheiro Efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.
