Por Siro Darlan –

Pode contribuir nas ações desenvolvidas pela associação.

Lutar por melhorias de condições em prol dos moradores e trabalhadores da comunidade, preveni-os, educando-os e incentivando-os a participar de palestras seminários e fórum, na proteção das doenças sexualmente transmissíveis ao ser humanos, e de todos projetos e ações sociais; zelar pelos interesses de âmbito geral dos sócios e tomar medidas acauteladoras dos seus direitos; Pugnar por todos os meios legais, junto aos poderes públicos, pelas melhorias das condições de vida e habitação da comunidade local, planejar e ajudar na execução de obras que estiverem nos limites da associação que seja do interesse coletivo; nos aspectos social, urbanos, econômicos, educacional, cultural e recreativos ; executar programas de ação visando a preservação do meio ambiente e recursos naturais, bem como do patrimônio histórico e cultural da região; incentivar e criar, dentro de suas possibilidades, órgão de atividades educativas, esportivas, sociais, recreativas e culturais; Cooperar apoiar, filiar-se, a entidades legais congêneres afim de poder melhor defender as reivindicações da comunidade; Organizar e manter os serviços de assistências geral e apoia do interesse das mulheres; promover palestras, seminários, simpósios e todo tipo de eventos que vise propiciar melhor nível de informações para toda comunidade; Representar as autoridades Municipais, Estadual e federal; estimular entre a comunidade o espírito comunitário, a pratica da legalidade o civismo, isto tudo através do incentivo da cultura, do esporte e demais atividades; Criação de creche comunitário com recurso em tripartite (Prefeitura, Estado e União) e não Governamentais Privadas e Nacionais e Internacionais; também realizar projetos como: Cursos Profissionalizantes, Qualificação e Requalificação Profissional, Cursos para Gerar Trabalho e Renda, Cursos Livres, Ensino Médio o Fundamental, bem como encaminhamento para Nível superior , Convenio para atender: crianças, jovens, adolescentes, adultos , deficiente e a 3ª idade : podendo fazer parcerias em projetos como: Agente Comunitário de Saúde, Gari Comunitário, em tudo que esteja envolvido no âmbito da Assistência Social, Criar projetos de Cooperativas Interna, com o objetivo de geração de emprego e renda.

Unidade da FAETEC da Vila Mimosa

Elaborar projetos de ações coletivas que proporcione a igualdade social. Visando a democracia e o desenvolvimento humano na comunidade. Criar ações alternativas voltado ao fortalecimento Geração de Renda, através de políticas públicas voltadas para as prostitutas, para o fortalecimento da cidadania, auto-estima e sua inclusão na sociedade. Realiza projetos Orçamentário participativo como instrumento de inovação democrático; com o objetivo de abrir uma nova dimensão na discussão do Orçamento que transcende a discussão do problemas local, aprofundando-se o planejamento estratégico para as prostitutas e a comunidade.

Carta original transcrita com todo erros e acertos:

“Nasci no dia 18/05/1960 e meu nome é MARIA, mas conhecida como MARA. Sou uma paulista, nascida e criada em São Paulo.

Não conheci meus pais! A história que conheço da minha vida, é que quando nasci, minha mãe me jogou no lixo! Um taxista que estava passando, me pegou e me levou para casa. Quando fiz 7 anos, ele mesmo, aquele que conheci e chamava de pai, me violentou. Falei para minha mãe, mas sua esposa quis acreditar que eu, havia me insinuado para ele. Então ela me colocou no colégio interno.

Aos 8 anos, fui violentada por aqueles que eram pagos para me proteger, na instituição. Comecei a usar droga, a maconha, porque quando eles me violentavam, eles acendiam o cigarro de maconha, davam uma forte tragada, e colocavam a fumaça em minha boca e depois tampavam com a mão, fazendo com que eu me tornasse, uma viciada. Sofri desde 7 anos até os 14 de idade, quando fugir e fui morar nas ruas. Passei a dormir ao relento, me tornando uma garota de rua, sem ter para onde ir. Passei a pedir esmola para me sustentar, dormia nos bancos das praças. Um dia tive a ideia de pedir dinheiro para comprar doces para vender; assim eu fiz. Aos 15 anos de idade, vendendo doces, no sinal, conheci uma senhora que me levou para casa dela, para passa roupas. Depois de um tempo, o marido dela tentou me violentar; falei para ela o que havia acontecido, mas ela acreditou no que o marido… Ele disse que eu havia tomado banho, na saída do banheiro deixei a toalha cair de propósito, mas que ele, havia me ignorado. Mais uma vez, fui para nas ruas.

Não consigo lembrar em que fase exatamente me tornei, uma prostituta, simplesmente porque não tive infância normal, a minha formação sexual começou cedo. Começou o sexo assim como começou a minha iniciação com as drogas, desde maconha até a bebida alcoólica, sem esquecer-se do cigarro, tinha exatamente oito anos de idade na fase em que as meninas da minha idade brincavam de bonecas e eu era estuprada, violentada, sugada de toda a minha infância. Sofri humilhações e decepções. Sentia-me suja, diferente de todas naquele orfanato.

Com a minha adolescência continuei a minha saga cada dia mais revoltada, desconfiada e nunca acreditando nas pessoas, sempre desconfiando de tudo e de todos. Cada prato de comida era cobrado na vida, no dia a dia no meu corpo.

Nunca tive uma religião certa, sempre busquei um Deus que me explicasse o motivo de tanto sofrimento, não quis me entregar por inteiro, sempre deixei o lado bom fluir em mim, consegui me libertar da maconha, mas não consegui me livrar do cigarro, a bebida já nem me lembro de mais do gosto (graças a Deus).

O Deus e a paz que procurei encontrar na vida, nas companheiras de trabalho, dando carinho, dando atenção e recebendo em troca um olhar grato, um sorriso verdadeiro de agradecimento, olhando as minhas companheiras de guerra correr atrás do pão de cada dia, e vendo que eu era somente mais uma com os meus problemas, foi tentando ajudar que acabei sendo ajudada.

Hoje aos 45 anos de idade com um Deus em minha vida, tendo além de ser uma prostituta, ter como ganha pão, o direito de ser uma agente multiplicadora da AMOCAVIM (Associação dos moradores, condomínios e amigos da Vila Mimosa), ser uma pessoa totalmente respeitável por mim mesma, me olhar e ver que a sociedade perdeu, pois fui jogada, julgada e condenada a viver na lama, no chão, e consegui graças a Deus e a mim mesma a subir um degrau por dia. Aprendi a sobreviver, a devorar um leão.

A minha expectativa hoje em dia, é continuar a minha luta, e passar isto a todas as companheiras, a nunca, jamais esquecer de que sou Maria Aparecida, uma cidadã, uma mulher, uma lutadora”.

Vila Mimosa é a mais tradicional e uma das mais famosas áreas de prostituição da cidade do Rio de Janeiro. (Wikipédia)

Esse depoimento de Maria Aparecida, que coincidência o nome da padroeira do Brasil, foi escrito logo que começou a pandemia e ela que necessitava de uma cirurgia de coração, sumiu, quem souber onde ela se encontra ou onde ela se encontrar receba nossas homenagens e respeito por sua luta no planeta Terra.

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Leia também:

  1. SÉRIE ESPECIAL – Vila Mimosa, a vila do prazer
  2. VILA MIMOSA II – Zona do Mangue
  3. O Verbo que liberta o preconceito 

SIRO DARLAN – Editor e Diretor do Jornal Tribuna da imprensa Livre; Juiz de Segundo Grau do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos na ENSP; Pós-graduado em Direito da Comunicação Social na Universidade de Coimbra (FDUC), Portugal; Coordenador Rio da Associação Juízes para a Democracia; Conselheiro Efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.


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