Por Brunno Guedes –
Segue a dica: vamos tratar a degustação de forma técnica. Quer saber mais? Toda sexta-feira aqui!
Conforme falado na semana passada, avaliações de críticos renomados podem ajudar na escolha de um vinho de qualidade, mas isso não é uma regra. Cada vinho se comporta de forma difusa e possui características que mudam de região para região. Inclusive, vinhos de uma mesma região podem ter características distintas. Por exemplo, vejamos um caso de chardonnay plantado em um terroir de 300m de altura e outro próximo a uma colina. Dependendo do quanto cada um pegou de sol, sombra ou chuva, os dois que foram plantados na mesma região, terão tipicidades diferentes.
Outro caso a ser observado que pode mudar completamente o que você espera em um vinho, é a lei que rege o varietal do assemblage. Dependendo da legislação de cada país, a porcentagem do varietal varia de 75 a 90%, não sendo obrigatória a menção do restante das uvas. Portanto, podemos observar a descrição de 100% malbec em um rótulo quando, na verdade, teve o acréscimo de outras uvas. O que significa a descrição de malbec, malbec, malbec em um rótulo? Significa que aquele rótulo foi produzido com a variedade malbec em terroirs distintos, dando-lhe uma característica única e singular.
Os exemplos acima colaboram para que possamos compreender melhor a diferença entre um avaliador profissional e um amante do vinho. O primeiro, saberá exatamente onde e como foi produzido, com quais uvas, qual a safra, etc; Enquanto, o segundo vai achar que tudo é chardonnay ou malbec.
Existem, atualmente, várias escalas e cada uma possui seus critérios de avaliação. Avaliadores como Robert Parker (The Wine Advocate), Jancin’s Robinson, Revista Decanter, Wine Expectator, Gambero Rosso, Adega, etc, podem auxiliar a grande maioria dos consumidores a encontrar um vinho avaliado como bom. Ressalto novamente que essas avaliações são feitas por pessoas com grande conhecimento e, por mais que elas sigam orientação técnica, sempre vai existir a influência do seu gosto individual.
Use-a como uma orientação para ajudar a encontrar um vinho de acordo com o seu gosto, mas nunca subestime sua própria opinião. Por mais premiado que o rótulo seja, lembre-se de que pontuação não é gosto. Se você não se adaptou com o sabor ou aroma do vinho específico, não compre da próxima vez que for repor a sua adega.
Recomendo o filme “O Julgamento de Paris” (“Bottle Shock”), para o tema abordado nesta coluna. Na próxima sexta tem mais!
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Homenagem
É com imensa tristeza que nos despedimos de Steven Spurrier. Para você que não o conhece, Spurrier foi uma das pessoas de grande influência no mundo do vinho. Dono de uma carreira notável como comerciante, educador, escritor, degustador e, mais recentemente, enólogo. Plantou um vinhedo na fazenda de sua esposa em Dorset’s Bride Valley, em 2009, para fazer espumante inglês – um projeto que ele descreveu como “o último lance dos dados de vinhos Spurrier”.
***
Glossário do Vinho
>Terroir: Terroir é uma palavra francesa sem tradução em nenhum outro idioma. Significa a relação mais íntima entre o solo e o micro-clima particular, que concebe o nascimento de um tipo de uva, que expressa livremente sua qualidade, tipicidade e identidade em um grande vinho.
>Assemblage: Vinho de corte em português, blend em inglês, e assemblage em francês. Todas essas palavras indicam vinhos que foram produzidos a partir da união de duas ou mais variedades de uva.
>Varietal: O vinho varietal é uma presença constante na vida de todo apreciador de vinho. Geralmente, ele é identificado quando a pessoa lê o nome de apenas uma uva no rótulo. Ex: 100% Malbec.
>Malbec: uva francesa da cidade de Cahors, que conquistou a Argentina, a Malbec encontrou condições ideais de crescimento na Argentina, onde hoje é o carro chefe dos vinhos.
Até a próxima semana!
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BRUNNO GUEDES é sommelier master, empresário e Ceo da VinoArt©. Formado pela Associação Brasileira de Sommeliers (ABS/RJ), possui o nível I da International Sommelier Guild, uma das mais respeitadas escolas de sommeliers do mundo, além do certificado IBRAVIN – Qualidade na taça 2015. Lecionou no Senac do Rio de Janeiro, foi consultor do Empório Cadeg, é colunista especializado em vinhos do jornal Tribuna da Imprensa Livre e já conta com mais de 15 anos de experiência no mercado.
MAZOLA
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8 Comments
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Gostei novamente das explicações, a primeira matéria me ensinou muito e agora ainda mais. Já começo a saborear meus vinhos com mais gosto e conhecimento.
Olá Marcela Pereira!
Obrigado pelo comentário! A idéia da coluna é começar do zero para simplesmente contemplar a todos.
Até sexta-feira!
Essa pandemia está fazendo com que minha esposa e eu bebamos com mais regularidade sem sair do nosso apartamento. Gosto de pedir delivery, mas os preços dos vinhos que escolho são sempre salgados. Onde encontrar Vinhos de primeira por preços acessíveis?
Boa Tarde Sro Danilo
Em que cidade o sr está? Assim ficaria mais fácil tentar dar um norte para as suas compras.
Caro especialista, ainda prefiro minha cerveja artesanal, feito aqui na minha chácara por meus filhos e eu, é sem igual, não saberia nem pontuar de tão sofisticado e saboroso.
Obrigado pelo comentário Sr Oswaldo Santos!
Conta pra gente qual o estilo da cerveja que é feita em sua chácara!
Perguntar não ofende. É possível elaborar um vinho com uvas de cores diferentes misturados? E caso positivo, é bom?
Quando diversos tipos de uva são fermentadas juntas, é possível ter um vinho com uma qualidade que, separadas, não teriam a sua complexidade fermentada pelo método mais comum. É como fazer um ensopado com todos os ingredientes juntos ou separados, por exemplo. O prato é muito mais saboroso e profundo quando estes ingredientes são cozidos juntos.
Usando o clássico exemplo dos vinhos de Côte Rôtie, onde as uvas são colhidas, maceradas e fermentadas juntas. A Viognier tem mais açúcar que a Syrah, o que ajuda a elevar o teor alcoólico do vinho, conferindo-lhe mais corpo, estrutura e sabor. Além disso, por ser muito aromática, garante notas florais. Já a Syrah traz notas de cassis, framboesa e morango.
Indaguei ainda ao enólogo da Quinta do Caleiro, Sabrosa, Portugal, Luiz Felipe, se em Portugal essa prática era comum. Segundo ele, depende do enólogo. O que tem que ser observado é a legislação de cada D.O.C.
Contou também sua experiência no primeiro dia do ano quando degustou o vinho Uivo Renegado, de vinhas velhas, feito com diversas uvas e que foi considerado o melhor vinho de Portugal.
@quintadocaleiro @guzvaz #uivorenegado