Redação –
Eduardo Paes pode anunciar dia 22 a antecipação dos feriados de abril.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, fez hoje (19) um apelo à população para que respeite as medidas restritivas adotadas diante da gravidade da evolução da covid-19 na cidade.
As ações foram ampliadas hoje em princípio até a segunda-feira (22), com a publicação de decreto de restrição ao acesso às praias, de suspensão das áreas de lazer e estacionamento na orla e da entrada de ônibus fretados na cidade.
Acrescentou que não é negacionista, nem apavorado ou assustado e destacou que não implementou nenhum lockdown pedido por alguns setores da sociedade logo no início de seu governo, mas que fará o que for preciso no momento em que for necessário.
“Nesse momento há necessidade de aumento das restrições. Nesse momento há necessidade de mais consciência coletiva. Nesse momento há necessidade de ter o apoio da população para essa compreensão” disse durante a apresentação do 11º Boletim Epidemiológico.
Paes foi claro: “faço mais uma vez um apelo à consciência dos cariocas. É o momento de ficar em casa. Não estamos prendendo as pessoas em casa, nem impedindo de saírem às ruas, mas é o momento de se evitar o contato. É o momento de se evitar interações. Sair só se for necessário. É um momento difícil? É”, disse, acrescentando um pedido para que a população volte a articular redes de solidariedade para atender às necessidades dos mais pobres como ocorreu em 2020.
“O nosso apelo é também para que as pessoas tenham esse espírito de solidariedade que sempre foi tão marcante no Brasil e na nossa cidade. Esse espírito de solidariedade é fundamental para a gente atravessar essa fase difícil. São tempos difíceis, muito estranhos. São circunstâncias adversas e excepcionais, mas as medidas são necessárias. A gente está vendo as pessoas morrerem. Não é possível que as pessoas não se sensibilizem com o que está acontecendo”, afirmou.
Internações crescem no Rio
Pelos dados da prefeitura, o Rio registra o maior número de internações em leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) desde o início da pandemia.
Os dados de pacientes internados por dia na evolução de leitos ocupados indicam que, no dia 17 de março, da capacidade instalada de 776 leitos, 679 estavam operacionais. Segundo o prefeito, os sinais de rede de saúde estressada, de possibilidade de falta de leitos e de aumento na fila de regulação estão se confirmando no Rio.
“Nós temos que trabalhar para preservar vidas. Estamos anunciando essas medidas hoje pedindo à população, deixando claro, fazendo um apelo de que não é alarme falso, não é brincadeira, não é exagero da mídia, não é exagero do prefeito, não é exagero das autoridades sanitárias. É um fato que está acontecendo no Rio de Janeiro”, disse Paes. “Estamos vivendo uma situação muito crítica”
O prefeito informou que, na segunda-feira, vai se reunir com o Comitê Científico para anunciar novas medidas de restrição. Entre elas, a antecipação de feriados de abril.
Segundo Eduardo Paes, o anúncio das novas restrições não ocorreu até agora porque ele ainda está articulando com o governador em exercício, Cláudio Castro, e com outros prefeitos, medidas que seriam cumpridas no estado, ou pelo menos, em uma região ao redor da capital.
Apesar de buscar o consenso para o conjunto de restrições, o prefeito garantiu que não deixará de adotar medidas necessárias para a capital, caso não haja acordo regional. “Se as medidas vierem isoladas serão menos eficazes, mas eu não vou aqui deixar de tomar qualquer medida porque o município B, A ou D não tomou qualquer medida. Vamos tomar, mas é importante para a implementação das medidas que haja uma organização estadual. Tenho certeza que o governador Cláudio Castro está disposto a isso”, indicou, lembrando que na fila de espera de leitos há muitas pessoas de outros municípios.
***
Covid-19: Rio negocia abertura de 300 leitos em hospitais federais
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, está negociando, desde a semana passada, com o governo federal a abertura de 300 leitos na cidade. Segundo o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, a rede federal tem 800 leitos com potencial de abertura na cidade, que estão inativados por falta de recursos humanos e que, se incluídos na rede de regulação, aumentariam a capacidade instalada.
O pedido do prefeito é para uso dois hospitais federais – da Lagoa e de Ipanema – para aumentar a quantidade de vagas destinadas a pacientes com covid-19. “Vamos tentar avançar nisso”, disse Paes, ao apresentar o 11º Boletim Epidemiológico, que traz as taxas da doença na capital e faz uma análise de risco para cada uma das 33 regiões administrativas da cidade. Segundo o prefeito, os hospitais da Lagoa e de Ipanema são unidades prontas, preparadas com toda a infraestrutura, para que, no mínimo, o governo federal disponibilize ao estado, à prefeitura e, em parceria com a iniciativa privada, a abertura de mais leitos..
De acordo com o secretário Daniel Soranz, o governo federal já se comprometeu com a abertura imediata de 10% dos 800 leitos inativados. E a discussão avança nesta semana para que se abram 300 leitos. “Nossa recomendação é que se abram os leitos, que são recém-reformados, de boa qualidade e têm boas estruturas físicas, que melhorariam muito o desempenho clinicoassistencial.”
A capital registra, atualmente, o maior número de internações em leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) desde o início da pandemia. A evolução de leitos ocupados mostra que, na quarta-feira passada (17), da capacidade instalada de 776 leitos, 679 estavam operacionais, ou seja, em uso.
Soranz disse que o crescimento do número de internações registrado no momento ocorre mesmo com a quantidade de leitos atual, que é maior, se comparada à que existia no auge da pandemia, quando a rede contava ainda com hospitais de campanha, que não estão mais funcionando. “Estamos com a maior capacidade instalada de leitos de CTI [ centro de terapia Intensiva] funcionando desde o início da pandemia e temos também o maior número de pessoas internadas em CTI desde então.”
Eduardo Paes afirmou que esse dado mostra o equívoco da abertura dos hospitais de campanha no ano passado, que ficaram prontos após o pico de internações. Ele destacou que a rede federal dispõe, hoje, de cerca de 300 a 350 leitos que poderiam ser abertos e fez um apelo ao Ministério da Saúde pela abertura e colocação destes na regulação estadual. “Ninguém precisa fazer hospital de campanha na cidade do Rio de Janeiro. O hospital de campanha sempre foi desnecessário na cidade”, enfatizou Paes, ao lembrar que a a prefeitura abriu 100 leitos na última semana.
De acordo com o superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Márcio Garcia, boa parte das internações diárias é de pacientes com sintomas da síndrome respiratória aguda grave (SARS), cujo grande aumento nos últimos dias “chama a atenção”. O atendimento de casos de síndrome gripal e da SARS em unidades de urgência e emergência aumentou quase 25% nos últimos 14 dias.
Garcia disse que o aumento do número de pacientes nas unidades de emergência e urgência é um dado importante, porque as avaliações são mais próximas da realidade do momento, mas destacou que a análise de outros dados de períodos anteriores já indicava uma elevação de casos da doença na capital. “Depois de um decréscimo de casos, observando-se a média móvel, o aumento nas últimas semanas caracteriza uma nova inversão no formato da curva, que começa a aumentar também em relação aos óbitos.” Ele explicou que, como se usam os dados de internação e assistência, o sistema de vigilância tem um processo de trabalho e que “isso aparece posteriormente”.
Variantes preocupam
A circulação de novas variantes do novo coronavírus na cidade também preocupa a prefeitura, porque isso tem provocado o agravamento dos casos. Com base nos registros confirmados pela Fundação Oswaldo Cruz, foram identificados nesta semana 11 novos casos, sendo nove de moradores da capital. Ao todo, já são 54 casos no município, sendo 22 em moradores da cidade, 24 de pessoas que vivem em Manaus, três de Rondônia e cinco de outros municípios.
“Temos uma nova variante do vírus circulando intensamente na cidade, e uma nova variante que pode ser mais grave que a anterior”, alertou o secretário de Saúde. “Tem que ter consciência e ficar em casa, tem uma nova variante do vírus circulando. As pessoas vão morrer. Não saiam, evitem qualquer tipo de exposição desnecessária. A regra é muito clara.”
Números
Conforme os últimos números, neste ano, o Rio registrou 24 841 casos de covid-19, dos quais 4.889 eram graves, e 1.760 pessoas perderam a vida.
A taxa de incidência é de 372,9 por 100 mil habitantes, a de letalidade, de 7,1, na mesma proporção, e de 26,4 na taxa de mortalidade, também por 100 mil habitantes.
Fonte: Agência Brasil
MAZOLA
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