Por Miranda Sá –
“Venderam tudo de vez/ por diminuto dinheiro/ por que o retalhador/ botou preço e atacou/ depois de justo, pagou…” (José Pacheco, cordelista cearense)
Com as suas gírias e os seus poetas a cultura popular nos traz inúmeras referências à palavra Preço. Lembro que ouvi no Brejo Paraibano a expressão recolhida de uma resposta a ataque verbal sofrido por um feirante que contando a história. disse que “vendeu pelo mesmo preço” a ofensa recebida.
No dia-a-dia, quando encontramos no mercado uma pechincha dizemos que está “a preço de banana”; e, quanto está alto, criticamos: “carregou no preço”. Dicionarizado, o verbete Preço é um substantivo masculino de etimologia latina “pretium. ii”, mérito. Entre nós e a contabilidade comercial, Preço significa o valor dado a um produto ou a um serviço a relação previamente combinada de trocar um bem por outro ou por dinheiro corrente.
Pela espumante química da memória, lembro várias particularidades encontradas na máquina distribuidora de casos e perfis da História da Humanidade. Algumas delas, no Velho Testamento, nos parecem extravagantes para estranhos pagamentos e sobre figuras que aprendemos a respeitar pela seriedade e sisudez.
As narrativas antigas falam de situações jurídicas. Registra-se ressaltando a justiça salomônica, as sentenças imparciais do rei São Luiz julgando processos sob um carvalho, e a Inquisição ajuizando criminosa e fraudulentamente em processos que devem ser condenados pelos que se dizem cristãos.
Inegavelmente há magistrados que atropelam as leis escritas ou o preceito que o professor Hermes Lima chamava “o direito de fraldas” – o costume -, uma prescrição que encerra as práticas e os usos comuns dos povos pelo mundo afora.
Constata-se que no Brasil, por exemplo, temos normas constitucionais que só existem impressas nos livros ou citadas nos discursos demagógicos dos políticos populistas; uma delas ilustra a nossa imaginação como uma bruxa maltrapilha e moribunda:
– “A Lei é igual para todos”.
Esta igualdade legal se enquadra no magistral pensamento de Dale Carnegie que escreveu: “Um homem é presumido culpado até que prove ser influente…”. O Pensador referiu-se aos Estados Unidos, mas se ajusta como um boné verde-amarelo na cabeça dos bolsonaristas que se assumiam como inimigos da corrupção, e hoje a defendem.
Alvo dos corrompidos, corruptos e corruptores, dos quadrilheiros seus cúmplices, temos o exemplo do ex-juiz Sérgio Moro cuja coragem e patriotismo levou o ex-presidente Lula da Silva para a cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro. Esta sentença foi aprovada em três instâncias jurídicas, mas suspeitosamente anulada pelo STF.
Certo ou errado, com apoios ou não, por ingenuidade ou deslumbramento, Moro transferiu seu domicílio eleitoral para o Estado de São Paulo e foi lançado a deputado federal pelo confuso partido União Brasil de preço inflacionado no balcão de negócios sujos.
Foi julgado sem o direito de concorrer sem as mesmas condições que contam símiles de outros estados e comprovadamente sem residência em São Paulo, como Tarcísio Freitas e Marina Silva que tiveram suas candidaturas aprovadas.
Não sei qual o preço pago a esta “justiça” (com minúsculas) que temos; na política não dá para esquecer o preço pago pelo boquirroto ditador Hugo Chávez que, falando besteira numa reunião da Cúpula das Américas, ouviu do rei Juan Carlos, de Espanha – “Por que não te calas? ”.
Silenciar sobre a visível perseguição a Moro não deveria ser de pessoas honestas, de qualquer ideologia ou do partido que for; mas calou muita gente que se expõe como ilibada…. Vendidos? É difícil, quase impossível provar, mas na minha opinião, sim.
O riquíssimo Dicionário de Termos e Expressões Populares de Tomé Cabral, editado pela Universidade Federal do Ceará além dos vários exemplos de Preço, fala de “Preço Alterado”, de valor aumentado ou elevado, lembrando-me o Barão de Itararé que escreveu:
“Um homem que se vende recebe mais do que aquilo que vale”.
MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br
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