Por Sérgio Vieira

Portugal / Europa – Séc. XXI.

Entre os dias 01 e 04 deste mês, aqui em Portugal e na Europa em geral, se deixou de lado as notícias da guerra da Rússia / Ucrânia, Covid-19, e Varíola dos Macacos, para de dedicarem a esta verdadeira roda-viva de notícias sobre os 70 anos de reinado de Elizabeth II da Inglaterra.

Confesso que já não podia ligar a televisão sem ter que dar por mim a levar com diretos de todas as emissoras falando sobre o assunto. Um desfiar de coisas supérfluas como o desenrolar dos protocolos reais, protocolos estes que cheiram a mofo, bafio, bolorento e com um intenso cheiro a naftalina.

A Inglaterra insiste em manter para o mundo coisas aparentemente atuais, mas que não passam do mais profundo mau gosto e que no mundo atual já não têm lugar e nem paciência para deles desfrutarmos.

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Então vejamos: Lá se vão 70 anos de reinado que durante algum tempo viveu alguma acalmia. Porém com a chegada de Diana ao mundo “perfeito” de Windsor, tudo se desfez e veio à tona toda a porcaria que estava estrategicamente guardado nos calabouços da monarquia britânica.

Foram estórias de traições a décadas escondidas, como a de Charles e Camilla, as famosas (e não poucas) traições de Diana, com um jogador de Pólo Equestre, um segurança real, e o mais famoso e trágico com um filho de um magnata egípcio de codinome Dodi Al Faied. Passando pelos escândalos de divórcio de um de seus filhos com a maluca e excomungada Sarah Fergusson, figurinha esta que começou a expor ao mundo a pontinha do iceberg da fragilidade moral que se vivia entre os muros com musgo da realeza britânica.

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Tanta fantasia, tanto glamour (apenas para alguns) e ao mesmo tempo tanto desperdício de libras ao redor de um carvalho oco e decadente de 96 anos, cuja importância no cenário nacional inglês é a mesma que um pinguim de geladeira, ou seja, nenhum.

Ostentação pura e simples, para um mundo necessitado de comida, como por exemplo para a África subsaariana que definha aos poucos. Onde tantas mães pedem um pouco de farinha para fazerem o pão, seu único alimento diário. Onde essas mesmas mães, vêm seus filhos cobertos de moscas, morrendo em seus braços sem mesmo terem leite para os alimentar, pois seus seios estão murchos e nem sequer o líquido materno para a sobrevivência das crianças essas mães têm.

Fiquei farto de ver tantos fraques e chapéus esquisitos desfilando pelas ruas de Londres na mais pomposa e inútil teatralização. Haaaaa, mais! Fiquei extasiado (no mau sentido da palavra), ao ver os súditos reais vibrando e vivendo intensamente toda aquela figuração e chanchada.

Que os ingleses são esquisitos, todo o mundo sabe. Dirigem pela esquerda, escrevem as datas ao contrário, enfim, manias…

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Num rasgo de atenção dedicado ao tema, perdi uns instantes ao ser anunciado na TV, pasmem, o cardápio de sua majestade a rainha: Cereais com leite, sucos e frutas pela manhã. Ao almoço, carne de caça, preferentemente de veado e javali, carne bovina oriunda de suas criações e postas de salmão grelhadas. Tudo isto precedido por um bom, saboroso e relaxante gin, terminando para nosso orgulho Luso, com um cálice de vinho do Porto. Aliás costume que deve ter herdado de sua mãe que tinha fama de contumaz beberrona de gin e que morreu aos 101 anos.

Fica aqui, um pouco de ironia e na teoria da conspiração, que o álcool conserva!

Conheço bem Londres, onde já estive por algumas vezes. Gosto bastante da cidade, não tendo nada a reclamar dos londrinos. Muito pelo contrário, foram sempre muito afáveis nas minhas abordagens e pacientes em entender o meu fraco inglês.

Em uma destas visitas, deixei-me seduzir pela tradicional troca semanal da guarda do palácio de Buckingham, e devo admitir que gostei da coreografia e das músicas que entremeavam a cerimônia (coisas de turista).

TROCA DE GUARDA NO PALÁCIO DE BUCKINGHAM: – TVC16

Este carnaval londrino, a exemplo do nosso, durou 4 dias. Sua majestade só compareceu no primeiro dia às cerimônias em sua homenagem. Falhou à missa em ação de graças, e falhou também à tradicional corrida de cavalos em Epson, onde não faltaram cartolas, fraques e também ao famoso concurso do chapéu feminino mais exótico. Enfim…coisas da realeza.

Vou ficando por aqui, com uma postagem maliciosa que li na net.

E disse a Rainha: “Jesus Cristo era um menino muito bem comportado”.

SÉRGIO VIEIRA – Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, representante e correspondente internacional em Aveiro, Portugal. Jornalista, bancário aposentado, radicado em Portugal desde 1986.


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