Por Iata Anderson –

Logo que terminou o jogo que classificou a Argentina para a segunda semifinal da Copa América, acessei o computador e vi a matéria sobre Zico, sendo homenageado no Japão. Foi escolhido pelo Comitê Olímpico  para conduzir a tocha olímpica em sua passagem por Kashima, onde o maior ídolo do Flamengo jogou de 1991 a 1994.

A homenagem se estendeu por todo o país, onde Zico é grande ídolo como jogador e diretor técnico do Kashima Antlers e técnico da seleção japonesa. A cidade vai sediar uma das semifinais do futebol masculino e com certeza a estátua do “Galinho”, na frente do estádio do Kashima será um dos pontos mais visitados.

Estátua de Zico no Estádio Kashima, casa do time de futebol Kashima Antlers, província de Ibaraki, no Japão. Inaugurado em maio de 1993, tem capacidade para 42.000 torcedores e recebeu a Copa do Mundo de 2002. (Wikipédia)

Fiquei feliz e orgulhoso ao mesmo tempo, por ter acompanhado toda sua carreira, possuir todas as camisas que ele usou como jogador e desfrutar de sua amizade, o que prezo muito. Mais uma vez nos curvamos diante dos estrangeiros que parecem conhecer nossos ídolos melhor que a gente.

Flamengo 3 x 3 Cosmos, despedida de Carlos Alberto Torres, estou no gramado do Giant Stadium ao lado do Rei Zico – New Jersey-USA em 1982. (Arquivo pessoal)

Foi assim com Pelé, “coroado” rei pelos franceses, muito antes de nós. Alguns ainda relutam em reconhecer sua “majestade” no futebol até hoje. É o que Nelson Rodrigues chamava “Complexo de vira latas”, com a lucidez de suas frases marcantes. Tem sido assim e não vai mudar nunca.

Dois camisas 10, dois reis. (Carlos Namba/Reprodução)

Não basta matar um leão por dia, nem posso imaginar quantos serão preciso para que nossos  verdadeiros “heróis” sejam reconhecidos. Menos mal que o exemplo de Pelé serviu para amenizar o sentimento de injustiça – se um dia existiu – que possa ter passado pela cabeça do “Galinho” em algum momento.

Se não passou pela dele, não sai da minha a injusta cobrança que foi feita durante o período que Zico encantou os torcedores de todo o mundo com seu magnífico futebol.

Entre tantas asnices ditas a seu respeito a que menos machuca é a de ser “jogador de Maracanã”. Com toda certeza, foi no maior palco do futebol mundial que o craque viveu seus melhores momentos, batendo recordes e conquistando títulos, insuperável, imbatível, pelo Flamengo ou pela seleção brasileira.

Zico na inauguração da estátua em sua homenagem na Gávea, sede do Clube de Regatas do Flamengo, no Rio de Janeiro, 2013. (Ale Silva/Reprodução)

A CBF poderia aproveitar a próxima Copa do Mundo e mandar fazer uma estátua para o “Rei do Maracanã”, homenagem justa e necessária para quem escreveu belíssimas páginas para a história do mais emblemático estádio de futebol do mundo. Continua vivo na memória dos rubro-negros a música eternizada por Morais Moreira sobre o camisa 10 da Gávea:

“Agora como é que eu fico, nas tardes de domingo, sem Zico no Maracanã”.

IATA ANDERSON – Jornalista profissional, titular da coluna “Tribuna dos Esportes”. Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como as Organizações Globo, TV Manchete e Tupi; Atuou em três Copas do Mundo, um Mundial de Clubes, duas Olimpíadas e todos os Campeonatos Brasileiros, desde 1971.