Por José Carlos de Assis

Ninguém no mundo está preocupado com restrições fiscais. Só o Paulo Gudes de Jair Bolsonaro. Ninguém no mundo se arrisca a matar milhões de brasileiros de fome, com cortes de benefícios assistenciais diante da pandemia. Só o Paulo Guedes de Jair Bolsonaro. Ninguém no mundo autorizaria vacinação de empregados de empresas em detrimento da vacina pública, trocando a vida pela economia. Só o Paulo Guedes de Jair Bolsonaro.

A que se deve a desgraça brasileira de ter esses dois energúmenos no comando do país como expressão de suprema e jamais experimentada imbecilidade, desde a Colônia?

Vi num noticiário da TV Globo uma senhora negra, visivelmente miserável, responsável por sete crianças, perguntando a si mesma que culpa teria cometido para ficar na atual situação de vida sem a mínima condição de subsistência. É isso. Para milhões de brasileiros a culpa pelo massacre social que está acontecendo não é de Guedes de Jair Bolsonaro, mas delas mesmas, por alguma razão metafísica. Estamos diante de um formidável turbilhão de impiedade no qual uma imensa estupidez econômica se mistura com pura má fé.

As dívidas fiscais disparam em todo o mundo, de 116% do PIB na França a mais de 200% no Japão, e mais de 100% nos EUA. Nesse país, no mínimo mais de 1,9 trilhão de dólares estão sendo propostos por Joe Biden para o próximo ano fiscal. Ninguém se preocupa com déficits nessa altura. Mas Jair Bolsonaro, do alto de sua imbecilidade econômica, proclama que o Brasil não abre mão do orçamento zero, e portanto o país tem que restringir os socorros sociais em plena epidemia.

É estupidez demais. Isso significa que o auxílio continuará sendo subtraído ao povo ou mantido numa faixa abaixo da subsistência. Tudo isso para engordar os maganos dos juros da dívida pública, para os quais nunca há restrições fiscais, embora nada financiam de produtivo.

Alguém precisa usar a linguagem da verdade com Bolsonaro e seu Guedes, antes que destruam o Brasil. Seriam eles idiotas? Não, é pior do que isso. São incompetentes? Também não, pois os incompetentes acertam de vez em quando. São estúpidos? Ah, sim, estamos próximos da verdade. Mas o Congresso parece que ainda não reconhece isso. Justifica-se, porque sua maioria é produto da mesma eleição presidencial. A maioria parlamentar está deixando o Brasil apodrecer com a pandemia. São mais de 200 mil mortos até agora. Parece que não temos salvação. O grotesco presidente da Câmara, outro imbecil econômico, não se cansa de proclamar seu neoliberalismo em tempo de matança social.

E o que dizer do Supremo Tribunal Federal? Ele está se escondendo por trás de togas para proteger o presidente que está destruindo o Brasil, a começar por todo o sistema de proteção ambiental? Acaso teremos que esperar Joe Biden para que, de forma envergonhada, possamos esperar que um presidente estrangeiro venha finalmente resolver o nosso problema, ajudando a remover o nosso presidente genocida à margem da maioria dos próprio políticos brasileiros?

Veremos o resultado da ação dos líderes religiosos com o pedido de impeachment. Eles tem mais honra do que a mórbida imprensa brasileira. Esta trata o presidente maluco como um normal. Com exceção de algumas redes de televisão, a grande mídia desconhece seus desmandos e naturaliza seus rompantes de loucura, esquecendo até mesmo de suas mentiras descaradas. Ele atrapalhou de todas as formas a aquisição da China de vacinas contra a Covid por João Dória. Diante da pressão da opinião pública, mentiu de maneira infame pretendendo se colocar numa posição hegemônica na negociação da vacina.

Além disso, humilhou a China, desafiou a Índia, deixou que a família se metesse em intrigas diplomáticas complexas, quase perdendo o acesso às vacinas dos dois principais países produtores. É um excesso. É demais.


JOSÉ CARLOS DE ASSIS – Jornalista, economista, escritor e colunista e membro do Conselho Consultivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Professor de Economia Política e doutor em Engenharia de Produção pela Coppe/UFRJ, autor de mais de 25 livros sobre Economia Política; Foi professor de Economia Internacional na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), é pioneiro no jornalismo investigativo brasileiro no período da ditadura militar de 1964; Autor do livro “A Chave do Tesouro, anatomia dos escândalos financeiros no Brasil: 1974/1983”, onde se revela diversos casos de corrupção. Caso Halles, Caso BUC (Banco União Comercial), Caso Econômico, Caso Eletrobrás, Caso UEB/Rio-Sul, Caso Lume, Caso Ipiranga, Caso Aurea, Caso Lutfalla (família de Paulo Maluf, marido de Sylvia Lutfalla Maluf), Caso Abdalla, Caso Atalla, Caso Delfin (Ronald Levinsohn), Caso TAA. Cada caso é um capítulo do livro; Em 1983 o Prêmio Esso de Jornalismo contemplou as reportagens sobre o caso Delfin (BNH favorece a Delfin), do jornalista José Carlos de Assis, na categoria Reportagem, e sobre a Agropecuária Capemi (O Escândalo da Capemi), do jornalista Ayrton Baffa, na categoria Informação Econômica. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.