Por Daniel Mazola –
A energia nuclear corresponde a pouco mais de 10% da geração de energia elétrica mundial e, apesar de ser menos agressiva ao meio ambiente comparada às usinas termelétricas e hidrelétricas, existe uma grande polêmica ao redor da utilização desse tipo de energia: os acidentes nucleares.
O jornal Tribuna da Imprensa Livre conta com um time de colaboradores que poucas empresas ou jornalões corporativos possuem, um deles é o professor e físico nuclear João de Deus Pinheiro Filho, uma das valorosas personalidades homenageadas na 3ª Edição do Prêmio em Defesa do Movimento Sindical, Liberdade de Imprensa e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre e a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Rio de Janeiro.
Com pós-doutorado pelo Departamento de Física da Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA), o professor João Pinheiro atuou por vários anos na Comissão Nacional de Energia Nuclear – organismo do governo brasileiro responsável pela orientação, planejamento, supervisão e controle do programa nuclear do Brasil -, contribuindo efetivamente com a elaboração de planos de emergência para fazer face a uma situação de desastre no complexo nuclear de Angra dos Reis, no Sul Fluminense.
Por 17 anos (2002/2019) o físico nuclear trabalhou diretamente na área de reatores nucleares, que são protegidos com uma sucessão de barreiras que impedem a liberação de material radioativo para o meio ambiente. “A primeira barreira são varetas que guardam as pastilhas de urânio utilizadas na produção de energia nuclear, e a última é uma estrutura de aço que envolve o reator. Abaixo dela ainda há uma camada de concreto de 70 centímetros de espessura“, revela o professor. O espaço aéreo é fechado na região para evitar desastres e aeronaves que desrespeitarem a norma podem ser interceptadas.
Propriedade da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, o conjunto das usinas nucleares Angra 1, Angra 2 e Angra 3 (em construção e com previsão de inaugurar até 2025), são o resultado de um longo programa nuclear brasileiro que remonta à década de 1950 com a criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) liderado na época principalmente pela figura do Almirante Álvaro Alberto da Mota e Silva, que empresta o nome ao complexo – Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA).
Segundo o professor João Pinheiro, a cada dois anos é promovido no município de Angra dos Reis um exercício de evacuação para treinar agentes que atuariam diante de risco de liberação de material radioativo e voluntários que vivem nas redondezas das usinas Angra 1 e 2, em operação desde 1985 e 2001, respectivamente. “O órgão regulador determina a remoção preventiva da população em um raio de no máximo 5 quilômetros, caso seja constatada a possibilidade de vazamento. Estudos apontam que não haveria chance de contaminação após esse limite territorial no pior dos cenários possíveis“, destaca.
“Testes com sirenes avisando a população são feitos todo mês, rigorosamente às 10h da manhã. A população local é avisada por meio de sistemas sonoros de que se trata de testes. Para não assustar motoristas que desconhecem a região, faixas são colocadas nas estradas avisando sobre a atividade. O complexo nuclear brasileiro é referência em plano de emergência”, enfatiza o professor que contribuiu pessoalmente com diversos trabalhos científicos e acadêmicos para o sucesso do projeto nuclear brasileiro.
Foram elaborados e são testados anualmente por meios de exercícios simulados, os seguintes planos de emergência: 1. Plano de Emergência Local (PEL) da ELETRONUCLEAR; 2. Plano para Situações de Emergência (PSE) da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN); 3. Plano de Emergência Externo do Governo do Estado do Rio de Janeiro (PEE/RJ); 4. Plano de Emergência Municipal (PEM) da Prefeitura Municipal de Angra dos Reis; 5. Planos de Emergência Complementares (PEC) dos Órgãos de Apoio do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (SIPRON).
Por fim, o premiado membro do Conselho Consultivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre, professor João Pinheiro, lembra que a produção das duas usinas em operação hoje equivale a 40% do consumo de energia elétrica do Estado do Rio de Janeiro. E afirma:
“O tema nuclear inspira um profundo medo na sociedade, mas usinas como Angra 1 e Angra 2 foram projetadas e construídas com barreiras de proteção sucessivas e preparadas para oferecer um alto grau de proteção aos seus trabalhadores, à população residente nas suas vizinhanças e ao meio ambiente“.
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DANIEL MAZOLA – Jornalista profissional (MTE 23.957/RJ); Editor-chefe do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Consultor de Imprensa da Revista Eletrônica OAB/RJ e do Centro de Documentação e Pesquisa da Seccional; Membro Titular do PEN Clube – única instituição internacional de escritores e jornalistas no Brasil; Pós-graduado, especializado em Jornalismo Sindical; Apresentador do programa TRIBUNA NA TV (TVC-Rio); Ex-presidente da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Conselheiro Efetivo da ABI (2004/2017); Foi Assessor de Imprensa da Federação Nacional dos Frentistas (Fenepospetro) e do Sindicato dos Frentistas do Rio de Janeiro (Sinpospetro-RJ); Vice-presidente de Divulgação do G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (2010/2013); Editor do jornal FAFERJ (Federação das Associações de Favelas do Estado do RJ); Editor do jornal do SINTUFF (Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal Fluminense-UFF); Editor do jornal Folha do Centro (RJ); Editor do jornal Ouvidor Datasul (gestão empresarial e tecnologia da informação); Subeditor de política do jornal O POVO, Repórter do jornal Brasil de Fato; Radialista e produtor na Rádio Bandeirantes AM1360 (RJ).
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