Por Miranda Sá –
“Não seria demasia lembrar que os arautos das devassas ilegais odiosas e fascistas, acabam por ter que quebrar os seus próprios espelhos” (Frase de autor desconhecido citada por Carl Sagan)
Chamar Bolsonaro de fascista não dá. Ele pode até pensar no fim da democracia pensando receber apoio das FFAA; mas pela sua formação, egresso da caserna por contumaz indisciplina, julga identificar-se, como “capitão contestador”, como foram os “revolucionários” da mesma patente Luiz Carlos Prestes e Carlos Lamarca….
Diferente dos dois, porém, a sua formação política nasceu na Câmara dos Deputados sentado entre os picaretas do baixo clero. É uma salada mista ideológica; como deputado oportunista, votava com o PT-governo e dava entrevistas elogiando o ditador venezuelano Hugo Chávez…. Depois voltou-se para a “direita”.
Pela notória obtusidade, é incapaz de tornar-se um estadista, nem ao menos aparentar conhecimento da conjuntura socioeconômica nacional; e sequer possui eloquência oratória para cativar as massas.
É difícil para ele conviver com militares de alta patente da ativa, com curso de Estado Maior obedientes à Constituição; e muito menos com os políticos cultos de formação acadêmica; acomoda-se bem cercado da turma do Centrão, de advogados de porta de xadrez e de policiais que abandonaram a farda tornando-se seguranças.
Foi elevado ao poder federal por causa da roubalheira lulopetista, condenada e desmoralizada por patriotas brasileiros, que foram para as ruas espontaneamente aos milhões. E naquela conjuntura, a radicalização política foi rápida; e não demorou que fosse aproveitada por extremistas de direita e revanchistas do regime militar, orientados pelos piores anticomunistas, aqueles que não conseguiram se encarreirar no partido, se melindraram, e viraram gurus de ignorantes deslumbrados.
Ganha as eleições, as bandeiras da campanha contra a corrupção foram abandonadas pela pressão interna da criminalidade na mesquinharia das “rachadinhas”; como foram traídas outras promessas, como o liberalismo econômico e uma administração livre da picaretagem parlamentar.
Caminhou-se então o Governo Bolsonaro para a mitologia agressiva e a irracionalidade ideológica, promovendo o culto da personalidade e, com a pandemia do novo coronavírus, enaltecendo o negacionismo da Ciência inspirado na subalternidade ao boçal Donald Trump.
A cultura dominante e continuada do negacionismo promovido pela Familiocracia instalada no Planalto, nos leva à canção dos Engenheiros do Hawaii, “…o fascismo é fascinante/ deixa a gente ignorante e fascinada”. Este aludido fascínio atrai aqueles que são inclinados a “ouvir e obedecer”, e é repudiado pelos amantes da Democracia e da Liberdade.
O fascínio fascistizante produz decepções entre os que respeitam o Exército Brasileiro, ao saber que três militares-ministros, da Casa Civil, da Defesa e da Energia, tomaram vacina escondidos do Chefe. Um deles, Luiz Eduardo Ramos, da Casa Civil, contou que tomou “escondido” a vacina contra a Covid-19 e que tenta convencer o presidente Jair Bolsonaro a se imunizar também. Parece que esqueceram que “A verdade é um símbolo da honra militar”.
Lá em baixo, nas valas lamacentas do fanatismo e do mercenarismo, a sedução fascista chega nas redes sociais com ataques à Maçonaria e pior, com o revoltante racismo de uma “Petição ao Congresso” contra o casamento inter-racial para “garantir” a “raça pura”. Sobre esta loucura, a internauta Maria Feistauer falou por nós declarando: -“Os nazistas estão saindo das sombras sem qualquer pudor”.
Estas figurinhas fáceis que atuam nas redes sociais por controle remoto do Palácio do Planalto, exibem agora uma ação fascista de atacar o médico Luiz Henrique Mandetta, que na CPI da Covid revelou que o País vive sob o poder de uma família tresloucada, capaz de fraudar bula de remédio e mentir sobre os números da pandemia.
Mentindo, esse bando atua como cópia xerocada do governo necrófilo, e embora muitos neguem serem fascistas, o são até sem o saber quando assumem a organização e a disciplina fascista para defender o Capitão Minto.
Para os servis lambe-botas não gasto mais de três linhas; uma delas é para lembrar-lhes que “a cadela do fascismo está sempre no cio”, como escreveu Brecht; e também com Mussolini ao assumir o poder, encerrando o discurso de posse com a frase:
“Enterramos o cadáver pútrido da liberdade. ”
MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e membro do Conselho Editorial do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo.
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