Por Karlos Holanda –

Ao longo desses últimos 15 meses, uma doença que se destacou além do Covid, essa foi a depressão. É uma patologia que assola 5,8 % da população brasileira, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), ficando atrás apenas dos Estados Unidos no continente americano.

Uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP) entre maio e junho de 2020, com homens e mulheres de todos os estados brasileiros demonstrou um número muito elevado de pessoas apresentaram sintomas de depressão, estresse e ansiedade, algo assustador, porém facilmente compreendido, diante de todas as dificuldades e restrições que o Covid 19 nos impôs. As mulheres foram as mais afetadas chegando a 40,5 % com sintomas de depressão, esse número maior de mulheres com depressão reflete que ainda em 2021, a igualdade de gêneros, é uma realidade distante, ficando a mulher responsável na maioria das residências por uma dupla jornada, trabalhando fora e dentro casa, onde além das atividades domésticas, acompanham a vida escolar dos filhos, tudo isso agravado pelo medo do vírus e isolamento social.

Provavelmente o leitor deve ter se identificado com alguma coisa dita até agora, diante de tudo que estamos vivendo, esses números têm uma grande probabilidade de estarem mais elevados. Vale lembrar que esse quadro aumentou também o consumo de álcool, drogas ilícitas, tabagismo, medicamentos e alimentos, principalmente com alto valor energético, tendo como consequência a obesidade, já explorada em um artigo dessa coluna.

É importante que diante de algum familiar ou amigo que apresente algum sintoma de depressão como: tristeza, falta de vontade para realizar atividades que antes davam prazer, baixa autoestima, cansaço frequente, irritabilidade, distúrbios do sono, perda do apetite, dificuldade de concentração, pensamentos negativos constantes ou até mesmo ideação suicida, procure ajuda médica ou psicológica, principalmente se essas alterações persistirem por pelo menos duas semanas. Vale ressaltar que em muitos casos a intervenção médica deve ser realizada com rapidez para evitar desfechos trágicos. DEPRESSÃO NÃO É PREGUIÇA, FALTA DO QUE FAZER OU FALTA DE FÉ, ELA É UMA DOENÇA QUE PRECISA DE TRATAMENTO ESPECIALIZADO.

O leitor mais atento pode perguntar, mas uma pessoa que esteja apenas triste pode ter esses sintomas citados? Sim, é possível, porém na tristeza o sentimento não é persistente como na depressão. Lembrando que a depressão não é necessariamente tristeza, ela passa muito mais por um esgotamento generalizado: físico, mental e emocional, que pode incapacitar o indivíduo para a vida.

Pessoas com essa patologia, não tem visão otimista do futuro e são dominadas por pensamentos negativos, incapazes de vivenciar sentimentos positivos ou de sentir prazer em qualquer atividade.

O diagnóstico deve ser feito o mais breve possível, aumentando muito a chance da pessoa retomar sua vida com qualidade, amenizando sinais e sintomas. O médico psiquiatra e o Psicólogo são os profissionais capazes de diagnosticar e indicar o melhor tratamento, de acordo com o tipo de depressão que paciente esteja apresentando. O tratamento é baseado em dois pilares: a Psicoterapia e o Medicamentoso, mas novamente vale ressaltar que ele deve se individualizado, respeitando as características apresentadas por cada um.

Até o momento, falamos da doença, do diagnóstico e tratamento, mas como podemos cuidar de nossa saúde mental em tempos tão difíceis como o que estamos vivendo? Abaixo citarei algumas dicas que podem ajudar nosso leitor nesse momento:

  • Praticar exercícios físicos, a endorfina liberada é responsável por uma sensação de bem-estar que ajuda muito a combater essa doença.

  • Reserve um tempo do seu dia para fazer alguma atividade que lhe dê prazer, como assistir um filme, ler um livro, aprender algo novo.

  • Evite consumo de álcool em excesso.

  • Não Fume, ao longo prazo ele trará problemas para sua saúde física e mental.

  • Atenção especial à qualidade do sono.

  • Busque interagir com seus amigos e familiares ainda que seja através das tecnologias tão comuns nos dias atuais.

  • Se estiver apresentando sintomas ou sinais de depressão procure ajuda, caso não consiga fazer sozinho, converse com alguém próximo. Não se sinta envergonhado por cuidar de você.

Em um momento tão delicado como o que estamos vivendo, podemos recarregar nossas energias cultivando sonhos e planejando realizações para quando tudo isso passar, um momento de superação de onde poderemos tirar muito aprendizado.

Por fim deixo uma mensagem para o nosso leitor: VACINE-SE, AS VACINAS SALVAM VIDAS, e somente com nossa população imunizada seremos capazes de vencer esse vírus que transformou nossas vidas, e levou tantas pessoas queridas.

Dr. KARLOS GUDDE DE HOLANDA MOURA – Médico, titular desta “Tribuna da Saúde”, colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Residência Médica em Anestesiologia pelo Hospital Beneficência Portuguesa da São Paulo; Pós-graduado em Laser, Cosmiatria e Procedimentos pela FATESA de Ribeirão Preto; Pós-graduando em Nutrologia pela USP de Ribeirão Preto; Professor da Pós-Graduação de Laser, Cosmiatria e Procedimentos na FATESA de Ribeirão Preto. @dr.karlosholanda


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