Por Miranda Sá

“A ciência é o triunfo do conhecido sobre o desconhecido” (Bráulio Tavares)

Um dia – faz muito tempo -, conversando com professores da Universidade de Leipzig opinei sobre a criação de um mercado comum no Cone Sul da América Latina (ainda não se falava em Mercosul) como o terceiro polo econômico rival dos EUA e da finada URSS. Um deles me perguntou qual era a base científica para este fundamento.

Não tive, e daí em diante, sempre que me questiono, penso nisto. Sem levar em conta a Ciência, seja pela observação das leis da Natureza ou analisando as relações socioeconômicas do País, qualquer projeção cai no vazio.

Dessa maneira, tento pesar qualquer preceito tendo como referência a humildade de Isaac Newton ao responder o panegírico de um orador que o exaltou na Academia de Ciências: “Se subi tão alto foi porque me apoiei sobre os ombros de gigantes”.

Newton referia-se aos antigos gregos “amigos da sabedoria” – que se chamavam a si mesmos “filósofos” – o que significava ser ao mesmo tempo escritor, poeta, músico, matemático, geômetra, político, teólogo e, claro, cientista… Destacaram-se entre eles Sócrates, Platão, Aristóteles e Pitágoras. Depois, também oferecendo os seus ombros aos pósteros, vieram Galileu e Da Vinci.

É inegável o tributo dos árabes muçulmanos após a conquista da Península Ibérica, no Califado de Córdoba, que fizeram avançar com sua alquimia, a química e a farmacologia, que com sua álgebra ampliaram os horizontes da matemática, e resgataram para o Ocidente os clássicos greco-romanos.

Da herança desses gigantes do saber, se aproveitaram o confesso coletor da sabedoria Newton, e Leibniz, inventores ao mesmo tempo do cálculo diferencial integral, a maior contribuição científica para o mundo tecnológico, a engenharia matemática e a Teoria da Relatividade de Einstein.

Para abordar os avanços da Ciência surgiram várias teorias da conspiração. Fala-se de intervenção extraterrestre, sociedades secretas, manifestações do espírito de pessoas desencarnadas e até da bruxaria alquímica…

O triunfo do conhecido sobre o desconhecido tem realmente uma misteriosa repressão. Galileu, por defender o heliocentrismo de Copérnico foi obrigado pelo Papa a se retratar e depois exilado; e Calvino determinou que o fármaco-químico e médico espanhol, Miguel Servet, fosse queimado vivo.

Tais perseguições ocorrem pior ainda quando a ideologia se infiltra nos meios científicos. Registra-se o fato de Stálin defender o seu bajulador Lyssenko, o charlatão criador da falsa biologia “materialista”, impedindo que cientistas russos coordenados por Jaurès Medvedev, descobrissem pioneiramente a dupla hélice do DNA.

E mais triste ainda, estes sábios soviéticos foram perseguidos, e como Medvedev, presos e enviados para campos na Sibéria por discordarem do lissenquismo. Estas vítimas da Ciência foram reabilitadas com o fim da URSS, sem, contudo, recuperar-se a perda sofrida no campo da genética.

Coisa parecida fazem os opositores lulopetistas do Governo Bolsonaro condenando apressada e organizadamente “cortes de verbas para pesquisas” e denunciando a perda de bolsas de estudo sem mérito. Com eco na mídia comprometida com o globalismo, taxam o Presidente de inimigo da Ciência.

O lulopetismo é cômico e nos leva às gargalhadas ao lembrarmos que a única conquista científica nos 16 anos de poder do PT e seus puxadinhos foi a tomada de três pinos, um “avanço” não da Ciência, mas ao bolso do povo que pagou às indústrias amigas do PT-governo a distribuição de propinas aos hierarcas do partido…