Por Miranda Sá –
“Só podemos chegar ao impossível, se acreditarmos que ele é possível” (Lewis Carroll – Alice no País das Maravilhas)
Escreveu o jornalista e escritor italiano Pittigrilli na crônica intitulada “Sangue”, que “A equivalência moral dos homens na prática do mal, na violência, nas vinganças e represálias, é constante e imutável”.
Esta crueza nos leva a pensar nos campos de concentração nazistas e no traiçoeiro ataque japonês a Pearl Harbour, que absolveram os Estados Unidos por destruir Dresden e lançar as bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki.
Na minha opinião, é chegada a hora dos brasileiros se unirem, acima dos interesses de grupos, para punir exemplarmente os corruptos e os seus cúmplices, instalados nos três poderes da República.
O ato de chegar 2020 é propício para despertar os corações de mentes para um novo ano e não para cair no engodo pseudocientífico da vinda de extraterrestres para a Terra; não nos interessa concorrer com os ETs de Varginha…
“Chegada” é um substantivo feminino, originário do latim, (“plicare”), dobrar, ordem para as velas do navio serem recolhidas, “dobradas” quando aportava. Daí temos nas línguas neolatinas, “Arribar” no espanhol e no português e “Arriver” no francês).
Nos seus relatos sobre a antiga Roma, o historiador Tito Lívio traz uma interessante passagem com o cônsul Appius Claudius Pulcher, que comandava a esquadra do Império Romano numa batalha mediterrânea.
Supersticioso, Appius Claudius pediu ao adivinho que o acompanhava para oficiar a cerimônia evocando os presságios das aves sagradas, que consistia em sacrificar um pássaro e, revolvendo as suas entranhas, ver nas vísceras os sinais divinos, favoráveis ou desfavoráveis.
O áugure (adivinhão) interpretou os sinais como negativos; mesmo assim, o almirante Appius não o levou a sério, entrou na batalha e venceu. Ao voltar para Roma, comemorando a vitória com seus oficiais, ordenou que cortassem a cabeça do profeta malogrado.
Interessante é que nos dias de hoje ainda se vê políticos acreditando em vaticínios sobrenaturais, ouvindo astrólogos, cartomantes e cartas de Tarô…. Comentava-se que Fernando Collor, quando presidente, fazia sessões de feitiçaria no Palácio da Alvorada e na Granja do Torto…
Referindo-se à política, o inesquecível cronista Fernando Sabino disse, magistralmente, que “Democracia é oportunizar a todos o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, depende de cada um”. Isto nos leva a concluir que astrólogos e horoscopistas não levarão o País a lugar algum…
Vemos, entretanto, que exploradores da crendice alheia, adivinhos e agoureiros se mantêm e se multiplicam no círculo do poder; os pés de chinelo ocupam cargos de porteiro, ascensorista e motorista, à disposição de parlamentares, magistrados e ministros….
Outros, com a ostentação de ocupar espaços na mídia, não assumem posições governamentais; ficam de fora, muito bem remunerados. Ouvi dizer – reservo-me a guardar a fonte –, que é de um desses oráculos que saem as justificativas de políticos poderosos para se desculparem pela falta de hospitais e de remédios; dos erros judiciários, da superlotação das cadeias, e até para legitimar absurdos como este tal “juiz de garantias”…
Esses “clarividentes achegados” que mergulham na posição de “eminência parda”, transitando nos corredores palacianos como fantasmas, assustam o que querem de melhor para o País porque têm o poder de nomear e demitir ministros de Estado, até por correspondência….
Se nós tivéssemos, pobres cidadãos comuns, o dom de embaralhar as cartas advinhatórias, poderíamos convencer o eleitorado ávido de truques que a maioria dos políticos profissionais repartem com os seus assessores intrujões, além dos contracheques, o descaso pela Nação, os equívocos nas votações do Congresso, atos administrativos e sentenças judiciárias.
Para chegarmos ao impossível nesta chegada de 2020, precisamos saber quem são as pitonisas no círculo íntimo dos presidentes das casas do Congresso, sob as bancadas do Supremo e nos porões do Planalto…
MAZOLA
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