Por Alcyr Cavalcanti –
O espírito da Inquisição tem permanecido violando a dignidade da pessoa humana, com o discurso de uma nova ordem.
Desembargador Sergio de Souza Verani (2008).
Quem mata mais? Em tempos de ódio a “Guerra às Drogas” promove uma estranha competição em que todos vão pra vala comum, bandidos, policiais e muitas vezes quem nada tem a ver com essa disputa de território, crianças, trabalhadores, donas de casa. Ceifadas nessa insana batalha que na prática só serve para enganar a população com estatísticas e mais estatísticas.
No Rio de Janeiro essa política de confronto que é a norma da política de segurança há vários anos , foi acelerada ano passado com o governador Claudio Castro, com a “Chacina do Jacarezinho” com 28 mortos e agora em São Paulo com a política de extermínio do governador Tarcísio de Freitas, onde até os dias de hoje as forças de segurança eliminaram mais de vinte pessoas, em menos de uma semana em uma estranha competição. A “Operação Escudo” no Guarujá desencadeada após a morte de um policial resultou em 16 mortos, vários feridos e imensa revolta de pessoas que fizeram relato de tortura pelos policiais. Nessa estranha competição que alguns têm chamado de “Campeonato Mata Mata” a Bahia resolveu entrar e obteve índices alarmantes, em uma semana dezenove mortos em confronto. Ano passado a 1.464 forma mortos em operações policiais.
Desde o governo do presidente Ronald Reagan, nos Estados Unidos que reinou absoluto nos anos 80, a política de combate às drogas foi implantada e até os dias de hoje, tem se mostrado um retumbante fracasso, que ao contrário de acabar com a comércio da venda de drogas tem aumentado o consumo, apesar dos milhões de dólares gastos nesse programa. Os Estados Unidos são os maiores consumidores de vários tipos de substâncias proibidas e no Brasil o consumo é cada vez maior.
O Brasil além de um grande mercado oriundo dessa triste batalha, desde alguns anos é um verdadeiro corredor para levar o produto para Europa e Estados Unidos, operações diversas têm sido feitas, principalmente no Porto de Santos, onde grande quantidade de drogas tem sido apreendida, mas a exportação continua, um desafio às autoridades que vivem a enxugar gelo.
ALCYR CAVALCANTI – Jornalista profissional e repórter fotográfico, presidente da ARFOC. Trabalhou nos principais jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo e em agências de notícias internacionais. Bacharel em Filosofia pela Universidade do Estado da Guanabara (atual UERJ) e mestre em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Professor universitário, ex-secretário da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre.
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