Por José Carlos de Assis

Bolsonaro e os esbirros do seu Governo desconhecem desastres climáticos. Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro estão debaixo de água, sobretudo as áreas pobres, e o Presidente da República não faz sequer o gesto de visitar as áreas afetadas. Os pobres, nessa tragédia, estão absolutamente sós. O homem que controla o caixa do Governo, com ajuda de Paulo Gudes, está determinado a fazer bonito para o Fundo Monetário Internacional, acumulando dinheiro sem serventia e deixando as vítimas dos desastres sem qualquer amparo oficial.

E o que dizer de outros membros do Governo? Mourão, já convencido pelos militares que governam de pijama que pode herdar o Planalto, só tem tempo para conspirar junto com Guedes e os outros presidenciáveis da linha sucessória, Rodrigo Maia e David Alcolumbre. Por isso, também eles não tem tempo para visitar desabrigados. A República, entregue a oportunistas, vai como nau sem rumo entre o incêndio na Amazônia, o óleo no litoral, e as enchentes que matam e deixam feridos no Sudeste.

Se o Brasil soubesse que, numa recessão gigantesca como a que estamos, o dinheiro gasto sem limite para amparar vítimas de desastres climáticos não causa nenhum problema para o país, mas na verdade ajuda na retomada do crescimento, trataria de preparar as guilhotinas para um acerto geral de contas com os neoliberais do Governo. Infelizmente, essa informação é escondida pela Globo e o resto da mídia. Contudo, gastar o que não se tem na recessão é M forma mais eficaz de se criar consumo e estimular a demanda da sociedade, sem inflação.

Por que o Governo de Paulo Guedes não faz isso? Supondo que ele é um economista sábio e tem conhecimento da situação, não faz isso porque tem má fé, ou seja, ele está totalmente subordinado aos bancos e ao sistema financeiro, a quem por muito tempo prestou serviço regular de amplo conhecimento (Pactual). Entretanto, há sempre a hipótese de que ele não sabe economia. Nesse caso, o Brasil ainda está mais desgraçado, pois, como é o caso de todo imbecil, não haverá hipótese de ele mudar de rumo e nos tirar do fundo do poço.

Para sair dessa armadilha só tem um jeito: grandes mobilizações populares que derrubem Jair Bolsonaro. A mais importante está marcada para o dia 8, no Rio. É a Marcha das Mulheres, que na condição de mulheres tem um forte potencial de, por razões naturais, arrastar torrentes inteiras de homens atrás de si, e muitos deles puxando a fila. Esse é o começo de uma revolução sem armas. Os militares da ativa, se quiserem, podem ajudar. Afinal, também eles tem mulheres inteligentes e capazes de entender o buraco em que estamos.

Maria da Penha

Não será surpresa se o destino político de Bolsonaro for decidido pela lei Maria da Penha.


JOSÉ CARLOS DE ASSIS  é jornalista, economista, escritor e doutor em Engenharia de Produção pela Coppe/UFRJ, autor de mais de 20 livros sobre economia política. Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Foi professor de Economia Internacional na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), é pioneiro no jornalismo investigativo brasileiro no período da ditadura militar de 1964. Autor do livro “A Chave do Tesouro, anatomia dos escândalos financeiros no Brasil: 1974/1983”, onde se revela diversos casos de corrupção. Caso Halles, Caso BUC (Banco União Comercial), Caso Econômico, Caso Eletrobrás, Caso UEB/Rio-Sul, Caso Lume, Caso Ipiranga, Caso Aurea, Caso Lutfalla (família de Paulo Maluf, marido de Sylvia Lutfalla Maluf), Caso Abdalla, Caso Atalla, Caso Delfin (Ronald Levinsohn), Caso TAA. Cada caso é um capítulo do livro. Em 1983 o Prêmio Esso de Jornalismo contemplou as reportagens sobre o caso Delfin (BNH favorece a Delfin), do jornalista José Carlos de Assis, na categoria Reportagem, e sobre a Agropecuária Capemi (O Escândalo da Capemi), do jornalista Ayrton Baffa, na categoria Informação Econômica.