Por Jeferson Miola

A eleição de 2022 foi a batalha central da guerra fascista-bolsonarista contra a democracia.

Apesar da derrota institucional da máquina de crime eleitoral da chapa militar Bolsonaro/Braga Netto, os fascistas não desistirão da guerra para destruir a democracia e o Estado de Direito com o objetivo de implantar um regime fascista-militar com o emprego de métodos terroristas.

O Brasil é um dos principais epicentros internacionais da escalada da extrema-direita que amedronta o mundo inteiro.

A diplomação da chapa eleita Lula/Alckmin [12/12], providencialmente antecipada em razão disso, teve um significado maior que a “mera” formalidade republicana de encerramento do processo eleitoral.

Carregada de simbologias, a solenidade representou a materialização de um pacto nacional amplo em defesa da democracia.

A democracia brasileira está flanqueada e sua sobrevivência continua ameaçada, mesmo com o resultado da eleição de 30 de outubro, que pôs fim ao governo militar [só] nominalmente presidido por Bolsonaro.

O discurso do presidente do TSE na cerimônia é representativo desta realidade crítica.

Lula recebe diploma de presidente eleito das mãos de Alexandre de Moraes. (Foto: Ricardo Stuckert)

Por nove vezes o ministro Alexandre de Moraes citou ataques à democracia e ao Estado de Direito perpetrados por criminosos [quatro vezes] extremistas [sete vezes] movidos por ódio [seis vezes], violência [seis vezes] e pensamento antidemocrático [seis menções].

Moraes defendeu a “integral responsabilização de todos aqueles que pretendiam subverter a ordem política, criando um regime de exceção” e garantiu que os criminosos, “já identificados, serão integralmente responsabilizados. Para que isso não retorne nas próximas eleições”.

Também neste aspecto o discurso do presidente Lula coincidiu com o de Moraes. Para Lula, “é necessário tirar uma lição deste período recente em nosso país e dos abusos cometidos no processo eleitoral. Para nunca mais esquecermos. Para que nunca mais aconteça”.

A violência terrorista foi a resposta imediata dos fascistas à solenidade de consagração da democracia que aconteceu horas antes no “Tribunal da Democracia” – como Moraes chamou o TSE.

Brasília testemunhou mais um ensaio do Capitólio brasileiro. Porém, com um padrão mais radicalizado de ódio, violência e destruição que aquele protagonizado em Washington.

É um movimento armado, organizado, com fontes permanentes de financiamento, apoiado e orquestrado pelo governo militar. O Palácio do Alvorada e a área do Quartel General do Exército viraram “pontos de Fan Fest” de criminosos fascistas.

É inaceitável que mais de 12 horas depois dos bárbaros atentados nenhum terrorista tenha sido identificado e preso. Nem mesmo aqueles que tentaram invadir a sede da Polícia Federal, incendiaram ônibus em frente a uma delegacia de Polícia e atacaram viaturas policiais e dos bombeiros.

A omissão institucional e o descontrole são intencionais; tudo é metodicamente programado para manter o clima de tumulto, caos, pânico e medo – ingredientes que, na ilusão delirante dos fascistas, legitimaria a intervenção militar para “salvar o Brasil”.

Terrorismo em Brasília marca continuidade da guerra fascista contra a democracia - Jeferson Miola - Brasil 247

O ministro Moraes disse que “essa diplomação atesta a vitória plena e incontestável da Democracia e do Estado de Direito contra os ataques antidemocráticos, contra a desinformação e contra o discurso de ódio”.

Sim, é verdade. Na batalha de 30 de outubro, a democracia derrotou o fascismo nas urnas. Mas isso não significa, entretanto, que a democracia tenha conseguido extirpar a ultradireita criminosa e posto fim à guerra fascista contra a democracia e o Estado de Direito.

O governo Lula terá um papel vital na consolidação do pacto nacional amplo em defesa da democracia.

No contexto deste pacto, Lula está chamado a liderar um processo de desfascistização do Brasil que se combina com a necessidade de uma diplomacia antifascista que contribua para o combate internacional que o mundo civilizado precisa empreender contra o fascismo.

JEFERSON MIOLA – Jornalista e colunista desta Tribuna da Imprensa Livre. Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial.

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