Por Pedro do Coutto –
O presidente Jair Bolsonaro, que de acordo com o Datafolha encontra-se em grande vantagem junto aos evangélicos em matéria de intenção de votos, certamente resolveu dar um balanço em sua posição e decidiu ir à missa no último domingo, em Brasília, acompanhado por ministros e sua equipe de gabinete.
Reportagem de Alice Cravo, Daniel Gullino, Jussara Soares e Jennifer Goulart, O Globo, focaliza o assunto que representa uma preocupação do atual presidente de perder votos entre os católicos por sua preferência política em relação ao protestantismo.
MAL-ESTAR – A missa foi na Paróquia Nossa Senhora da Esperança, na Asa Norte e Bolsonaro afirmou que é católico, o que se por um lado tem como objetivo reduzir qualquer mal-estar entre os católicos, de outro lado funciona como um alerta para os evangélicos.
Eleições são assim, não se pode transformar a religião em palco de confronto político, pois se o candidato ganha votos de um lado, perde de outros. A tentativa de Bolsonaro nesse instante é conservar o sufrágio protestante com o apoio que possa obter junto aos católicos.
O lance, contudo, não é fácil, pois foram tantas as mensagens que ainda dirige aos evangélicos que se torna difícil acreditar que no fundo da questão é um católico que, inclusive, comparece às missas dominicais. Pode acontecer em decorrência da atitude, inclusive, que tal fato desperte a desconfiança dos dois lados.
PRIVILÉGIO – É verdade que Bolsonaro privilegiou os pastores que atuavam junto ao Ministério da Educação. E também o fato de ter anunciado na última semana uma isenção de compromissos fiscais de templos evangélicos para com a Previdência Social. As dívidas que os templos religiosos têm com o INSS passam de R$ 190 milhões. Mas essa é outra questão.
A presença de Bolsonaro na missa do último domingo na Paróquia Nossa Senhora da Esperança criará uma sensibilidade junto aos evangélicos, sobretudo em relação aos seus líderes mais expressivos que aguardavam uma coesão total. Mas em política o total não existe.
MORO PREFERE BOLSONARO – Matéria de Julia Noia, edição de domingo de O Globo, revela que em sua campanha para senador pelo Paraná, o ex-juiz Sergio Moro vem dirigindo acenos ao presidente Jair Bolsonaro, tendo inclusive manifestado que entre ele e o ex-presidente Lula, prefere votar em Bolsonaro.
A meu ver, é mais um erro de Moro que falhou em aceitar ser ministro da Justiça de um governo cujo principal adversário em 2018 era justamente aquele condenado por ele no processo da Lava Jato. Mas o tempo passou e isso em política é fundamental. Numa campanha pelas eleições, dois meses podem representar um século de mudanças de comportamento. Mas há limites para tudo.
Sergio Moro, que a meu ver, deveria ser candidato a deputado federal, após troca de partido não pode transmitir uma imagem positiva apoiando Bolsonaro, pois ele foi justamente aquele que o usou para consolidar o início de seu governo e o demitiu ao perceber que o rumo que adotou não era compatível com o pensamento do ministro que afastou de forma rude e inesperada.
IMPOSTOS – Reportagem de O Estado de S. Paulo, na edição de domingo, excelente matéria, revela a verdade sobre o peso das despesas de custeio com as quais a população brasileira está exposta. Em matéria de tributos são 33,9%, incluindo os impostos federais, estaduais e municipais.
A maior parte, praticamente 60%, são os impostos federais e seus reflexos dos preços do mercado, incluindo o setor de alimentação. Já os custos de pessoal, incluindo a contribuição social das empresas, pesa somente 3,8%, percentagem também que se aplica à folha do funcionalismo público.
CRÉDITO CONSIGNADO – Cristiane Gercina, Folha de S. Paulo de ontem, publicou com destaque matéria sobre o crédito consignado em folha dizendo que vale a pena para não atrasar as prestações da casa própria. É verdade. Mas somente nesse caso ou em situação de extrema urgência, pois o consignado inclui pagamento de juros na base mínima de 2% ao mês, o que torna impossível que ele possa ser usado permanentemente.
Não é possível para alguém que está com seus salários congelados ou reajustados abaixo da inflação, pagar uma taxa de praticamente 30% ao ano – resultado dos montantes mensais, – sem que vá se deparar em poucos meses com um panorama de impossibilidades. Não há nenhuma possibilidade de alguém pagar juros muito superiores à sua própria capacidade financeira.
GALVÃO BUENO – Numa longa entrevista a Paulo Passos e Cristina Padiglione, Folha de S. Paulo, Galvão Bueno anunciou sua aposentadoria na televisão aberta e sua despedida no final da Copa do Mundo de novembro. Aos 72 anos de idade e mais de 40 anos de narração e organização no setor esportivo da Globo, sairá de cena. Fará falta.
Ele tornou-se a voz do futebol brasileiro, a voz do esporte, da emoção nas competições esportivas. Importante sua passagem ao longo do tempo. Proporcionou muitas reformas em matéria da visão do futebol nas multidões.
Pedro do Coutto é jornalista.
Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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