Por André de Paula

Sendo ele a única opção para derrotar o neofascismo genocida e entreguista de Bolsonaro, sua popularidade é tamanha que não há necessidade de novamente se aliar à fração da direita golpista representada pelo “católico” Geraldo Alckmin, ex-governador tucano envolvido no escândalo das merendas e notório repressor dos movimentos sociais. Ele é, ainda, ligado à Opus Dei que, apesar de se declarar católica é contra o Papa “do bem”, Francisco.

Ao fazer essas alianças, Lula acena que não pretende alterar a estrutura econômica. Apenas repetirá os programas sociais e a política externa exitosa que fortaleceu o comércio e a solidariedade entre os países da América Latina e os Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do  Sul –, com exceção da intervenção no Haiti, quando capitulou a vontade imperialista dos Estados Unidos.

Lula deveria, na verdade, cassar a concessão das empresas de comunicação burguesas tendenciosas, mentirosas e deseducativas, fortalecendo as televisões e rádios estatais e comunitárias com a entrada da venezuelana Telesur em nosso país.

Lula deveria estatizar e dar o controle aos trabalhadores e aos usuários das estatais, entre elas a Petrobrás, revogando os leilões perniciosos que foram feitos em todos os governos.

Lula deve revogar a Medida Provisória que criminaliza os movimentos sociais, criada no governo Dilma. Deve armar os movimentos sociais, a exemplo das Brigadas Bolivarianas da Venezuela e dos Comitês de Defesa da Revolução Cubana – CDR’s; promover ampla Reforma Agrária e Urbana, sob o controle dos sem-terra e sem-teto para preencher as terras e prédios ociosos; punir os torturadores e assassinos do Golpe de 64, como fez a Argentina e o Uruguai.

Nunca mais se deveria encher de dinheiro os banqueiros parasitas e agiotas; deve-se capacitar as Forças Armadas com a formação dos oficiais em Cuba, Venezuela, China, Rússia, Irã, para que conheçam outras realidades; promover ampla campanha educativa para combater os preconceitos em relação aos grupos estruturalmente marginalizados na sociedade como os LGBTQIA+, negros, indígenas, deficientes físicos e hansenianos; demarcar efetivamente as terras dos indígenas e dos quilombolas, dando subsídios, no Estado do Rio de Janeiro, à Universidade Indígena Aldeia Maracanã para que os indígenas que lá residem consigam o seu pleno funcionamento; promover uma política de reparação para a população afrodescendente, para além das cotas, por meio de políticas específicas na área da moradia e agricultura; na área educacional, na área de fomento em pesquisa para resgate; promoção da cultura e memória histórica, e no campo da saúde, entre outros; resgatar os direitos trabalhistas e previdenciários, perdidos com as criminosas reformas implementadas pelos governos de Temer e Bolsonaro.

É isso o que queremos. Um Lula que vá além do que já foi realizado.

ANDRÉ DE PAULA é dominicano de coração, advogado e membro da coordenação da Frente Internacionalista dos Sem-Teto (Fist), membro da Anistia Internacional e da Torcida Anarcomunamérica.

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NOTA DO EDITOR: Quem conhece o professor Ricardo Cravo Albin, autor do recém lançado “Pandemia e Pandemônio” sabe bem que desde o ano passado ele vêm escrevendo dezenas de textos, todos publicados aqui na coluna, alertando para os riscos da desobediência civil e do insultuoso desprezo de multidões de pessoas a contrariar normas de higiene sanitária apregoadas com veemência por tantas autoridades responsáveis. Sabe também da máxima que apregoa: “entre a economia e uma vida, jamais deveria haver dúvida: a vida, sempre e sempre o ser humano, feito à imagem de Deus” (Daniel Mazola). Crédito: Iluska Lopes/Tribuna da Imprensa Livre.