Por Sérgio Vieira –
Portugal / Europa – Século XXI.
A arruda e o alecrim são odores que não se misturam. Mas se pudesse, mandava sem dúvida um cheirinho de alecrim para aplacar o cheiro azedo da arruda que estes dias de governo desgovernado vem trazendo para todos os brasileiros.
Vamos torcendo por aqui deste lado do Atlântico que esse odor da arruda passe rapidamente.
Esse odor nojento e fedorento da arruda que se traduz em um governo de cor ocre, descambando para o cinza.
Esse desgraçado povo que vive em favelas, em becos, em vielas, vítimas dos traficantes e milicianos.
Quando Portugal despertou de uma ditadura de mais de 40 anos, o Chico escreveu esta letra. “Sei que estás em festa pá !”.
Essa letra ficou censurada durante anos, durante as ditaduras de Geisel e Figueiredo, este último que dizia preferir o cheiro do cavalo ao cheiro do povo. O mesmo que quando questionado por uma menina que lhe perguntou o que faria se ele ganhasse um salário mínimo como o pai dela, obteve a resposta, que dava um tiro na cabeça e que também dizia que havia de fazer do Brasil uma democracia, nem que para isto ele tivesse que prender e arrebentar.
É com este tipo de pessoas que temos que lidar.
Agora aparece um capitãozinho de 5ª categoria, e os seus, 01, 02, 03, 04 e já nem sei quantos são, que vocifera as maiores asneiras. E nós aqui de ouvido aberto a tais asneiras.
Ao contrário do que dizia Chico, o Brasil não está em festa, pá!
Se daqui deste cantinho, pudermos enviar, um pouquinho de esperança, cá estaremos. Como referi na minha última coluna, a imagem do brasil está deteriorada na imprensa internacional e no povo.
Se tivermos um soldado que marcha ao contrário do pelotão, e alguém diz: ele é o único certo, alguma coisa vai muito mal.
Portugal vive tranquilo, tirando o Covid-19 que veio modificar o dia a dia dos portugueses.
Na política, vivemos uma situação de tranquilidade, em que governo de oposição dá-se perfeitamente com o governo Socialista no poder.
O que não acontece com alguns países como Espanha, Itália, Turquia e França, em que os partidos não se entendem e fazem da política motivo de bagunça democrática.
Dentro da nossa “pequenês”, vamos dando exemplos da nossa interpretação daquilo a que chamamos civilidade.
Assim, vamos vivendo dia a dia e um dia de cada vez. Esperando que passe a pandemia para termos de volta os nossos cortejos, os nossos arraiais, e a festa que vive dentro de cada português.
Vai daqui um grande abraço à nação indígena brasileira que tem resistido e lutado (com as armas que têm, e são poucas). Pela dignidade, e pela certeza que todas estas terras brasileiras pertencem a não ser a eles.
Cito: Em mais de 500 anos de história, o preconceito e a violência contra os povos tradicionais perduram no Brasil.
Existem atualmente mais de 200 projetos de lei em tramitação no Congresso que visam enfraquecer a legislação e retirar direitos garantidos aos povos indígenas. Não por acaso, em 2015 foram registrados cerca de 100 conflitos por território envolvendo mais de 16 mil famílias indígenas, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Às vezes, parece que esquecemos que a origem indígena faz parte de nossa identidade como nação. Que sua diversidade tornou o Brasil um país plural e que seu modo de vida e relação com o meio ambiente ajudou a manter uma das mais ricas biodiversidades do mundo.
Índio, sim. Com muito orgulho.
Recebe também um cheirinho de alecrim.
SÉRGIO VIEIRA – Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, representante e correspondente internacional em Aveiro, Portugal. Jornalista, bancário aposentado, radicado em Portugal desde 1986.
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