Por Bolivar Meirelles

Bahia de São Salvador. Ensanguentada por água. Água excessiva.

Corre o sangue baiano. Cortados corpos por água. Muita água. Descoordenada água. Bahia de tradições. Fé à vontade. Em prateleiras ou não. Mistura de religiões. Cristã, africana, indígena. Tão querida Bahia! Nordestina. Aceita todos. Distribuidora do Divino e fomentadora de ateus. Brilhantes brilhos reluzentes de razão. De fé. De antifé. Católica e candomblé. Denúncia da escravidão negra. Castro Alves, “poeta da liberdade”. Da liberdade poética. Da liberdade mesmo. Dos ritmos musicais. Dos poetas operacionais. Transformação de versos em poemas musicados. Intérpretes e Caetano. Gilberto Gil e os “Novos Baianos”…e por que não “Novas Baianas”? “Ser ou não Ser”. Os baianos, as baianas são, “em sendo”. Quimeras? Serão? Às vezes, nem sempre. Não. Sim. Minha Bahia. Sou baiano pernambucano. Carioca também. Brasileiro. Sul-americano. Latino-americano. Não sou Norte-americano, enquanto Imperar sobre o mundo. Sou Cubano. Agradeço a proposta Argentina. Amigo povo argentino, oferecendo ajuda aos baianos naufragados em terra firme. Firme? Será que será? Viva a Bahia! Somos todos os brasileiros, baianos. Os que não são, também brasileiros, não serão. Angustiados em vermos a nação do Acarajé, de Cristo e do Candomblé, de Karl Marx também, sendo, como é, de Carlos Mariguella.

Viva a Bahia ecumênica. De nós todos. Sem discriminação.

Heróica no seu heroísmo incontestável. Valente. Reluzente. Infeliz quem nega ajuda à Bahia, descarta ajuda dos irmãos argentinos. Infeliz quem negou ajuda da Venezuela ao Amazonas. Povos irmãos. Bolivarianos. Simon Bolivar entendia Pátria Única, Latino-americana. Viva a Bahia! Viva a Argentina! Viva a Venezuela! Viva Cuba também. Irmanados, todos os povos, latino-americanos. Seremos. Somos. Experiência de amor universal. Mundo igualitário. Agradecemos porque somos. Com Jesus ou com Marx. Viva a Bahia, nossa, de quem a ama, de quem a sente. Fria ou quente, seca ou molhada. Volúpia de amor permanente. Tábua de salvação da humanidade. Porta de entrada desse valente nordeste. Nordestino forte. Viva Euclides da Cunha ao retratar o Povo Nordestino! “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”. É, e por ser, símbolo do nordeste, o povo sertanejo, sabe resistir. Resistente povo do nordeste. O capitão Bolsonaro irá embora. Botado para fora, esquecido. Rejeitado. Militar precário, ser sem ser. Pretenso militar. Ficará na lembrança latino-americana o mais civil de todos os generais, Simon Bolivar. A América Latina veio em salvação da Bahia. É uma Pátria só. Ampliada.

Somos baianos, argentinos, brasileiros, latino-americanos.

BOLIVAR MARINHO SOARES DE MEIRELLES – General de Brigada Reformado, Cientista Social, Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, Mestre em Administração Pública, Doutor em Ciências em Engenharia de Produção, Pós Doutor em História Política, Presidente da Casa da América Latina.


Tribuna recomenda!

NOTA DO EDITOR: Quem conhece o professor Ricardo Cravo Albin, autor do recém lançado “Pandemia e Pandemônio” sabe bem que desde o ano passado ele vêm escrevendo dezenas de textos, todos publicados aqui na coluna, alertando para os riscos da desobediência civil e do insultuoso desprezo de multidões de pessoas a contrariar normas de higiene sanitária apregoadas com veemência por tantas autoridades responsáveis. Sabe também da máxima que apregoa: “entre a economia e uma vida, jamais deveria haver dúvida: a vida, sempre e sempre o ser humano, feito à imagem de Deus” (Daniel Mazola). Crédito: Iluska Lopes/Tribuna da Imprensa Livre.