Por Pedro do Coutto –

A pesquisa do Ipec divulgada na tarde de segunda-feira pela GloboNews e objeto de comentário por Luã Marinatto, edição de O Globo desta terça-feira, em relação a levantamentos anteriores da última semana, apresentou um quadro estável da disputa entre Lula e Bolsonaro na reta de chegada da campanha: Lula 50%, Bolsonaro 43%, apenas 5% de votos nulos e brancos e 2% de indecisos.

Os brancos, nulos e indecisos fazem com que 93% sejam iguais a 100%. Mas no caso não faz diferença, pois entre dois candidatos, o que vencer terá alcançado a maioria absoluta.

SEGMENTOS DE RENDA – Bolsonaro melhorou nas cidades mais beneficiadas pelo Auxílio Brasil. Porém, as tendências eleitorais por segmentos de renda não foram alteradas. Até um salário mínimo, Lula tem 62% contra 31%.

Mais de cinco salários mínimos, Bolsonaro tem 59% contra 36% de Lula. A pesquisa não incluiu a parcela considerável dos que recebem de dois a cinco salários mínimos, segmento fundamental para divisão por renda.

REAÇÃO –  Beatriz Bulla, Laís Adriana e Levi Teles, o Estado de S. Paulo de ontem, revelam que altos setores da Igreja Católica passaram a reagir contra, principalmente, o que ocorreu na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, quando o Bispo Orlando Brandes foi vaiado quando focalizou o problema da fome.

O Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, através do Twitter, manifestou-se na tarde de segunda-feira dizendo: “Tempos estranhos esses nossos. Conheço bastante a história  e vejo risco de fascismo. Às vezes parece-me reviver os tempos de ascensão ao poder dos regimes totalitários. Nesta hora, é preciso ter muita calma e discernimento”. Na tarde de segunda-feira, o ex-presidente Lula recebeu o apoio de 200 religiosos em São Paulo, entre os quais freiras e padres.

Para Vinícius do Valle, doutor em Ciência Política pela USP, pesquisador do Observatório Evangélico, a eleição atual é o momento de maior tensão política para a Igreja Católica desde a redemocratização. O professor Leon Souza, sustentou que o acontecimento de Nossa Senhora Aparecida foi uma profanação do espaço sagrado.

NOTA – A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, através de nota à imprensa, criticou a união da fé com a política, acentuando que “desvirtua valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que precisam ser debatidos e enfrentados no país”.

O vice-presidente da CNBB, Dom Jaime Spengler, numa entrevista a Felipe Frazão, o Estado de S. Paulo de ontem, condenou os acontecimentos na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, e disse que a experiência da fé não pode ser usada para fins espúrios. “Os cristãos não devem se deixar levar pelas fake news divulgadas na campanha política.

AUXÍLIO BRASIL –  Thiago Resende e Lucas Marchesini, Folha de S. Paulo, destacam, com base em pesquisa do Datafolha, que nas cidades onde a população pobre é mais abrangida pelo Auxílio Brasil, a intenção de voto em Bolsonaro avança. A mesma tendência se verifica nas cidades onde as verbas do orçamento secreto se fazem sentir.

Pablo Acosta, economista do Banco Mundial, publicou artigo na Folha de S. Paulo dizendo que as novas linhas de pobreza ajudam a fazer entender a situação dos mais vulneráveis. Uma fotografia acompanha o texto com pessoas pobres buscando recolher alimentos no fim de uma feira em São Paulo.

FILA DO INSS – Idiana Tomazelli e Thiago Resende, Folha de S. Paulo de ontem, publicam reportagem informando que o governo Bolsonaro está preocupado em acelerar o atendimento da fila do INSS que hoje envolve requerimentos não atendidos de 966 mil pessoas.

Em consequência, o plano do INSS é zerar a fila de espera até 31 de dezembro. Mas as eleições são em 30 de outubro e o governo que deixou tal fila se acumular, agora volta a correr contra o tempo.

TEBET COM LULA  – Ao lado de Marina Silva e Armínio Fraga em São Paulo, a senadora Simone Tebet iniciou a sua participação com maior intensidade em favor de Lula da Silva, tanto nas redes sociais da internet, quanto no horário eleitoral e nos comícios programados em diversos estados. “Temos que lutar pela democracia e pelo futuro do país. O Brasil não aguenta mais Bolsonaro”, disse.

De outro lado, a campanha de Jair Bolsonaro está contando com o apoio, tanto na TV, quanto nas ruas, do senador eleito Sergio Moro. O ex-juiz, assinalam Jussara Soares e Daniel Gullino, passou de desafeto de Bolsonaro ao posto de conselheiro no final da campanha. A sua atitude vem sendo criticada intensamente nas redes sociais da internet.

EMPRÉSTIMOS –  Em reportagem publicada no O Globo, Geralda Doca e Manoel Ventura destacam que a Caixa Econômica Federal já liberou o montante de R$ 1,8 bilhão a pessoas que estão recebendo o Auxílio Brasil de R$ 600 por mês. Cada crédito é de R$ 2,5 mil pagáveis em 24 meses, descontadas das parcelas mensais do benefício.

A reportagem faz as contas e diz que para efeito de pagamento, no final, cada empréstimo sairá por R$ 3,3 mil. Entretanto, dificilmente os beneficiários do Auxilio Brasil poderão arcar com esses pagamentos e os custos serão cobertos pela própria CEF. Mais um lance do governo em busca da reeleição.

PREÇO DA GASOLINA –  A Agência Nacional de Petróleo informou – reportagem de Nicola Pamplona, na Folha de S. Paulo – que na segunda-feira, após 15 semanas de queda, o preço da gasolina voltou a subir nos postos de revenda do Rio de Janeiro na base de 1,4%, o que elevou o preço do litro para R$ 4,86. A ANP ressaltou que o preço subiu em 15 estados e também em Brasília. A maior alta, 10,3%, ocorreu na Bahia.

A Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis afirmou que os preços da gasolina e do diesel encontram-se defasados no país. O aumento dos combustíveis tinha sido vetado pelo presidente Jair Bolsonaro.

PEDRO DO COUTTO é jornalista.

Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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