Por Márcia Bruno Lobo –

É muito comum ler em revistas e nas redes sociais, ou escutar de alguns amigos, que a dieta “X” é a mais recente do mercado e que esta, sim, promete ser eficiente. Pouco tempo depois, descobrimos que ela não é tão maravilhosa assim. Por que será que isso ocorre?

Hoje em dia, principalmente com o fácil acesso às redes sociais, pessoas sem formação na área da saúde falam e dão dicas sobre dietas como se tivessem estudado profundamente sobre o assunto e seus efeitos bioquímicos e psicológicos. Infelizmente, a nossa sociedade normalizou o conceito de dieta.

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Ao iniciar uma dieta, estamos empolgados, nos dedicamos a ela 100% e conseguimos não fugir do plano alimentar. A maioria das dietas da moda, no entanto, não oferece resultados duradouros. Elas promovem padrões de alimentação muito restritivos e extremos (seja em termos de calorias ou de variedade), e esses padrões são insustentáveis a longo prazo. Fisiologicamente, o nosso corpo não aguenta seguir uma dieta restritiva por muito tempo e, emocionalmente, o nosso cérebro também não. Mas essas dietas são tão atraentes justamente porque prometem uma perda de peso rápida.

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O nosso organismo precisa de uma quantidade específica de calorias para sobreviver, e quando ingerimos uma quantidade muito inferior, o nosso corpo reage, pois ele não consegue distinguir se estamos restringindo por causa de uma dieta ou por uma escassez de alimentos disponíveis. Uma das formas como nosso corpo reage, por exemplo, é desacelerando o nosso metabolismo para poupar energia. A dieta da moda pode até funcionar por algumas semanas, e as pessoas se empolgam achando que ela está dando certo. Logo, no entanto, a dieta para de funcionar, e a pessoa se frustra, achando que o “fracasso” é sua culpa. A indústria da dieta já planeja as dietas dessa forma e vende seus produtos como pílulas mágicas que tem tanto sucesso que acreditamos ser impossível a culpa não ser nossa. Consequentemente, isso gera frustração, raiva e uma sensação de culpa, além do reganho de peso. Mas é justamente com esse “efeito iô-iô” que a indústria lucra, e ela precisa que continuemos investindo constantemente em suas fórmulas mágicas de perda de peso.

Porém, o que realmente promove uma perda de peso duradoura e saudável é uma reeducação alimentar que foque em equilíbrio e que estimule o paciente a ouvir o seu corpo e seus sinais de fome e saciedade.

Dietas da moda não levam em consideração dois fatores muito importantes: o aspecto psicológico e as preferências de cada um. Essas dietas geralmente são universais, de forma que elas não se adaptam ao indivíduo. Ao prescrever uma dieta a um paciente, é essencial entender suas necessidades, suas preferências, seus desejos, seus medos e suas limitações. Além disso, cada indivíduo tem necessidades nutricionais específicas. Alguns, por exemplo, precisam de uma maior ingestão proteica, enquanto outros precisam ficar atentos à ingestão de carboidrato. É importante compreender o objetivo de cada um e, se houver, suas condições clínicas, para que que um plano alimentar seja calculado com cuidado, para aquele indivíduo específico. Prescrever uma “dieta de gaveta” é fácil e rápido, mas será eficiente?

Para uma dieta ser bem-sucedida, ela precisa ser planejada por um nutricionista, mas sempre em colaboração com o próprio paciente, para garantir adesão e seu bem-estar físico e emocional.

MÁRCIA BRUNO LOBO – Nutricionista com foco em mudança comportamental, formada pela Tufts University (Boston, EUA), correspondente internacional e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre.
@nutrimarciabrunolobo / marcia.brunolobo@outlook.com

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