Por Bolivar Meireles

Mais que a medição do tempo é sabermos da existência do Universo em movimento.

Atração universal. Geometria Euclidiana. Lei da gravidade. Espaço curvo, física nuclear, relatividade, física quântica… Tempo histórico. Existem pessoas. Natureza. Animais. Vida, importante sim. Ser humano. Pensar. As leis da natureza estão aí. Percebê-las? “A tempo e à hora”. O Ser em movimento. Sendo. Permanente transformação. Antes nem Ser existia. Seria? Sem o Ser humano as leis da natureza desconhecidas. Heráclito de Éfeso, pré socrático: “As águas do mesmo rio não banham o mesmo corpo duas vezes. Muda o rio, muda o corpo”. O mundo passa e passa o tempo. Sem mundo concreto não há tempo percebido. Nem história do universo nem tempo histórico. O pensar de um é como corrida de bastão um pega e leva à frente. A dialética da natureza imprime sentido à dialética na história. Chega Drummond de Andrade na poesia, aparentemente descomprometida com a ciência, apenas poesia… “Tinha uma pedra no meio do caminho. No meio do caminho tinha uma pedra”. Pega o bastão, talvez…, Darci Ribeiro e diz: “O povo brasileiro é um povo em sendo, impedido de ser”. O impedimento seria uma pedra no meio do caminho? Seria o diagnóstico necessário à identificação do impedimento? Que pedras no meio do caminho?

Martin Hiddeger, filósofo alemão que, embora com seu resvalar “hitlerista”, disse importante pensar: “O Ser não é, é em sendo”. Um processo de “vir a ser”.

A dialética de Hegel. Sem os seres humanos, seres pensantes, como a natureza se compreender? Como a humanidade se compreender? Nem a história da natureza nem a história da humanidade se compreenderiam. “O Ser não sendo” se coloca como demandador permanente de saber para calçar sua permanente necessidade de “vir a ser”. A hipótese da Divindade sim é que seria, pronta e acabada, precedente à Natureza e ao Ser pensante, o Ser humano em seu processo histórico de compreender o existente, a natureza em processo permanente de seu vir a ser, compreendido ou não. Precedente a existência do Ser humano. O universo tomando conhecimento de sua existência pelo pesquisar e pensar do Ser humano. Claro que o universo precede o Ser humano. Precede, pois, a compreensão do seu existir. A separação da dialética da natureza da dialética da história da humanidade se coloca, na segunda, como impossível sem a primeira. Marx com sua compreensão da dialética da natureza e da história nos dá o sentido. A existência do Universo, precede pois, às leis que compreendem a sua existência bem como, as leis formuladas e, no tempo revistas, avançam na compreensão da realidade concreta do Universo. “Pretensão e água benta”…”baixar a bola”… fundamental. O Ser humano faz, apenas, parte do ser contingencial e do vir a ser da natureza e da história.

Caminhemos sem pretensões… apenas somos observadores de e, em nossa circunstancial existência, da natureza e da história.

BOLIVAR MARINHO SOARES DE MEIRELLES – General de Brigada Reformado, Cientista Social, Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, Mestre em Administração Pública, Doutor em Ciências em Engenharia de Produção, Pós Doutor em História Política, Presidente da Casa da América Latina.


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