Por André de Paula

Comemora-se a três de novembro a Festa de São Martinho de Porres ou, simplesmente, Martinho de Lima.

Filho de um fidalgo espanhol, João de Porres, e de uma ex-escrava de origem africana, Ana Velásquez. Como os negros e os indígenas não eram aceitos nas ordens religiosas por quatro gerações, só depois de muito custo e de ter provado qualidades excepcionais, Martinho foi aceito na Ordem Dominicana como irmão leigo, não sem antes ter sido um doado, ou seja, da Ordem Terceira.

Barbeiro e conhecedor de ervas medicinais, ajudava nos serviços médicos, possuindo incríveis dons de cura e milagres que fazia com que o convento ficasse repleto de gente, tirando a “paz” dos frades.

Por isso, foi proibido de atender os enfermos.

Curando às escondidas foi descoberto, recebendo severa penitência pela desobediência que cumpriu rigorosamente. Pensava eu, disse ele, que a caridade fosse superior à obediência, por isso continuei praticando o amor ao próximo.

Fundou um colégio para crianças pobres. O primeiro do Novo Mundo. Tinha o dom de conversar e ser obedecido pelos animais, o dom de estar em dois lugares ao mesmo tempo e, certa vez, se ofereceu para ser vendido como escravo para sanar a penúria do convento o que, felizmente, não foi aceito pelos seus superiores. Em suas profundas orações frequentemente levitava por oras.

Que São Martinho de Lima, padroeiro da justiça social, infunda em nós o horror ao racismo e nos dê força para seguir seu exemplo de dedicação total a Deus e às irmãs e irmãos.

ANDRÉ DE PAULA é dominicano de coração, advogado e membro da coordenação da Frente Internacionalista dos Sem-Teto (Fist), membro da Anistia Internacional e da Torcida Anarcomunamérica.


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