Por Sérgio Vieira –

Portugal / Europa – Séc. XXI.

Há 36 anos quando vim em definitivo para Portugal, vivia-se um clima de total segurança a todos os níveis. Quer na rua, quer em casa, no trabalho ou no lazer. Na minha cidade de acolhimento (Aveiro) as coisas ainda correm como antes, embora já se note qualquer “coisinha” fora do normal no que diz respeito ao descumprimento da lei. Principalmente no que diz respeito ao assalto a casas. Muito poucos, é verdade, mas já há.

Tenho constatado que nos últimos anos, a coisa está se modificando para pior. Ou seja, os telejornais, principalmente aqueles mais virados para estes assuntos, estão cada vez mais municiados de conteúdo para divulgação.

Há uma TV portuguesa, a CMTV, ligada ao Grupo do Jornal Correio da Manhã, que está voltada basicamente para estes assuntos, e explora até ao limite todas as notícias de foro criminal. Ainda a pouco me sentei à frente da televisão e me predispus a tomar atenção e nota das suas notícias.

Pois bem, já não sei. Mas assisti a uma fiada de notícias de cariz criminal e infrações de todos os tipos. Desde agentes policiais que tiveram que atirar a matar para deter assaltantes, perseguições policiais à busca de criminosos, violência urbana (este então, é o item mais falado) com desacatos populares de toda a sorte, brigas entre gangs de bairros problemáticos, achados macabros, como: corpos encontrados desfigurados, crimes de assassinato em 1º grau, latrocínios e etc…

Isto, sem falar nos crimes de violência doméstica que abundam por este país afora.

O bairro do Aleixo no Porto (Portugal) é conhecido como o hipermercado da droga do Grande Porto, registando frequentes incidentes. (Redes Sociais)

Existe aqui em Portugal, como no mundo inteiro, uma interdependência entre a violência social, e a economia. O nível de vida baixo, e condições sociais são a razão base para toda esta violência. E Portugal, não atravessa um bom momento socioeconômico.

Portugal, como porta da Europa, está sujeito a todos os tipos de agressões oriundas de todas as partes. Quer elas sejam do foro financeiro, tráfico de armas, drogas, casa de repouso para mafiosos, etc.

Drogas, por exemplo. É uma praga em ascensão. Principalmente nos grandes centros como Lisboa e Porto, embora nenhuma parte do país esteja livre deste flagelo. Poucos, mas mesmo muito poucos adolescentes, e não só, não saberiam um lugar ou endereço para adquirir alimento para o seu vício, incluindo nesta pacata cidade como Aveiro, além do uso banalizado e “natural” do álcool, que cada vez baixa mais a sua incidência às camadas mais jovens da população de forma bastante preocupante.

Mas, voltando à violência em geral, já é com algum inexplicável conformismo que vamos assistindo a CMTV a nos debitar todos os dias e a qualquer hora as páginas policiais em formato de televisão.

Isto não é bom para a nossa saúde mental. Este conformismo, este dar de ombros, é muito perigoso.

Num país que se diz de “brandos costumes”, esta violência vem contrapor esse princípio. Cito: A Polícia de Segurança Pública registrou 41 crimes por dia de violência doméstica entre janeiro e maio deste ano, num total de 6.200 ocorrências, e deteve 354 pessoas, revelam dados enviados à Lusa por aquela força de segurança. A PSP registrou, entre 01 de janeiro e 31 de maio, 6200 crimes de violência doméstica, numa média de 41 por dia, menos 6% do que no mesmo período de 2019, último ano antes da pandemia.

Como Portugal virou o jogo, da recessão ao crescimento econômico | Exame

Aquela força de segurança salienta que o número de crimes de violência doméstica registrados este ano são superiores aos de 2020 e 2021, marcados por períodos de confinamento devido à pandemia de Covid-19, mas “ainda assim, em média, inferiores aos de 2019”. Fim de citação.

Tenho a mal fadada experiência dos meus tempos de Rio de Janeiro, em que, uma vez instalada, a violência não recua, só tende a crescer.

Esperemos por melhores tempos, que se resolvam todos os problemas que atualmente assolam o mundo. Mas sou sincero, sou cético quanto a isto. Mas cá estaremos para ouvirmos menos conteúdo na CMTV.

“Heróis do mar, nobre povo, nação valente e imortal…”

SÉRGIO VIEIRA – Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, representante e correspondente internacional em Aveiro, Portugal. Jornalista, bancário aposentado, radicado em Portugal desde 1986.

Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


PATROCÍNIO


Tribuna recomenda!