Redação

Os primeiros movimentos do ministro Marcelo Queiroga decepcionaram parlamentares, governadores, gestores da área de saúde e a comunidade científica. Foram lentos e tímidos, indicando que será mantida a estratégia de Jair Bolsonaro de  evocar a vacina para continuar contra o confinamento e o isolamento social.

Sem lockdowns, será difícil interromper o contágio e, na prática, muita gente ainda vai morrer de covid-19 no País. “Se continuarmos nessa política, vamos ficar contando mortos. A vacinação está lentíssima”, afirma a epidemiologista Ethel Maciel.

SEM CREDIBILIDADE – Segundo Ethel, é difícil fazer previsões porque o calendário de vacinação perdeu a credibilidade. O ideal era o País estar vacinando 2 milhões de pessoas por dia até outubro.

Considerando que tudo dê certo, possivelmente haverá imunidade de rebanho em dezembro. Na outra ponta, se confirmadas as previsões de média diária de 3 mil mortos por dia, a carnificina baterá números ainda mais macabros até o fim do ano.

A manifestação de Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da Câmara, cobrando agilidade de Queiroga, foi interpretada como sinal de que a batata de Bolsonaro poderá assar se resultados não aparecerem.

CPI DA COVID-19 – Senadores que defendem a CPI da Covid-19 avaliam que a mudança de comando na Saúde dá um respiro a Rodrigo Pacheco (DEM-MG), até agora contrário à investigação. Porém, o novo ministro Marcelo Queiroga terá de mostrar resultados rápidos, pois a pressão pela comissão de investigação não morreu, apenas deu uma arrefecida, dizem.

Em meio à crise, PT, PDT, PSOL, PSB, PCdoB, Cidadania e PROS elaboraram PEC para tornar crime de responsabilidade ações que atentem contra a vida, por sabotagem ou omissão, em situações de pandemia.

Articulada por Aloizio Mercadante (PT), a proposta quer ainda acrescentar na Constituição “a defesa da vida” como princípio da República. Hoje, 73 pedidos de impeachment foram protocolados contra o presidente na Câmara.


Fonte: Estadão