Por Roger Mcnaught

Diante dos impasses institucionais que limitam o poder de destruição da administração Bolsonaro, apoiadores vem se reunindo em Brasília em algo que chamam de “acampamento os 300 do Brasil”. Agitados virtualmente pela ativista Sara Winter, uma conhecida agitadora da extrema-direita oriunda dos movimentos radicais identitários, apoiadores vem se deslocando de todo o país para esse tal “acampamento”, atraindo a atenção pela agressividade em seu discurso.

Alegando a necessidade de uma “revolução” e postando a todo momento manuais de “como iniciar uma revolução”, a administração dos canais de comunicação difunde conteúdo que facilmente poderia se enquadrar em diversas atividades criminosas, uma vez que até mesmo subversão da ordem é pregada no grupo de informações. Mensagens sugerindo o “extermínio da esquerda” são igualmente propagadas no referido grupo.

Outro ponto que atrai suspeitas sobre o teor dos “treinamentos” oferecidos de forma gratuita é a necessidade absoluta de não haver qualquer registro visual. Embora a publicação fixa do grupo diga que se trata de uma “revolução não violenta”, todo o restante das mensagens nos diz o contrário. Alguns dos tópicos citados como disciplinas do “curso” seriam “desobediência civil, técnicas de estratégia, inteligência e investigação, organização e logística de movimentos contra revolucionários”.

FINANCIAMENTO

A todo momento são postados pedidos de doação por meio de financiamento coletivo e doação de itens de primeira necessidade, sendo que há menção a um suposto “campo de treinamento” que possuiria alojamento com camas, chuveiros, refeitório e armários individuais – uma estrutura realmente impressionante para um movimento “espontâneo” que surgira há pouco mais de dez dias. Até o momento do fechamento desta reportagem, o valor arrecadado na campanha de financiamento coletivo é de R$ 33.350,00.

CONFRONTO COM AS INSTITUIÇÕES

Enquanto autoridades do legislativo e do judiciário se desdobram para conter as obscenidades do executivo federal (que incita populares a desobedecer regras de saúde pública e a atacar figuras públicas discordantes), a ativista que insufla o tal acampamento posta em suas redes sociais uma suposta denúncia (sem qualquer evidência em vídeo ou foto) que serve apenas para aumentar ainda mais o clima de tensão que assola o país em meio à onda de agressões políticas a profissionais de saúde e jornalistas.

Por fim, só nos resta aguardar que o judiciário e o legislativo tomem as medidas cabíveis antes que o país mergulhe em uma tragédia que envergonhará as futuras gerações por décadas. Ou aprendemos com nossos erros ou nada poderemos deixar de bom para as próximas gerações.


ROGER MCNAUGHT – Jornalista, Cinegrafista, Fotógrafo e Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre