Por Pedro do Coutto –
As Forças Armadas – reportagem de César Feitosa, Folha de S. Paulo desta segunda-feira – irão realizar uma apuração paralela dos votos de 2 de outubro em 385 urnas espalhadas pelos estados e seções eleitorais.
Cézar Feitoza, em sua excelente matéria, destaca que a iniciativa é inédita na história brasileira e os militares pretendem obter fotos dos boletins impressos pelas urnas e encaminhá-las ao Comando de Defesa Cibernética do Exército sediado em Brasília.
MEDIDA INÓCUA – Na minha opinião, não faz o menor sentido lógico, pois mesmo supondo-se que o Exército encontre alguma divergência nessa amostragem, o que poderiam fazer concretamente? Praticamente nada, apenas encaminhar o resultado ao PSE, para nova auditagem , pois não é de sua atribuição supervisionar e muito menos contestar o resultado da votação e de sua computação.
Uma sombra surge assim sobre o assunto e nessa sombra só pode encontrar-se a ideia do próprio presidente Bolsonaro de ter um pretexto e uma estrada para contestar os resultados se os mesmos forem adversos aos seus interesses. Com isso, o lance de dados significa tacitamente que ele reconhece que a maioria dos votos não se destinam para ele, pois, é claro, se achasse o contrário não alimentaria a ideia que vem mantendo através dos meses.
FAVORITISMO – Os levantamentos do Datafolha e do Ipec apontam a liderança do ex-presidente Lula da Silva. Mas faltam três semanas para o dia 2 de outubro e Bolsonaro expõe nitidamente não confiar no seu eleitorado, sobretudo na capacidade de reação que, pelo menos, o levaria a um segundo turno.
No momento, apesar do crescimento de dois pontos registrados pelo Datafolha, elevando seus votos de 32% para 34%, a distância para Lula, que registra 45 pontos nas intenções de voto é de 11 degraus.
Cezar Feitoza deveria ter destacado também que o acesso dos militares em tempo real à apuração dos votos não resulta de entendimento com o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, porque o boletim das urnas é acessível a qualquer pessoa, pois fica afixado na porta da Seção Eleitoral.
UMA DÚVIDA -Mas surge uma dúvida. Uma coisa é o acesso em tempo real aos dados enviados pelos Tribunais Regionais para a totalização, processo aberto na internet. Outra coisa é a apuração paralela em 385 urnas. Mas o acesso aos totais de cada Seção Eleitoral também é livre a qualquer um.
Da amostragem paralela poderá surgir por uma mágica do destino um ponto capaz de pavimentar o caminho para a ação pretendida como alternativa pelo presidente Jair Bolsonaro? Este é o problema.
O ministro Alexandre de Moraes deverá divulgar a posição da Justiça Eleitoral em relação ao tema que se evidenciou na edição de ontem na Folha de S. Paulo. As nuvens na Esplanada de Brasília ainda não se dissiparam.
AUXÍLIO BRASIL – Levantamento do Datafolha, comentado na edição de ontem por Clayton Castelani, revela que 82% dos eleitores e eleitoras do país são favoráveis à manutenção do Auxílio Brasil em 2023, na escala de R$ 600 sem retrocesso para R$ 400. Para a maioria, Lula da Silva por 45% a 40% é o que tem mais condição de manter o Auxílio nesse nível.
Mas esse resultado, é claro, é uma consequência das tendências eleitorais registradas no fim de semana. Entretanto, o dado importante da pesquisa é que a margem de 53% a 37% foi registrada entre os que recebem o Auxílio Brasil, o que provavelmente explica que ele não alterou a maioria das intenções de voto dos segmentos de renda menor.
Pelo contrário. Nos segmentos de renda menor a vantagem de Lula (53% a 37%) é mais ampla do que a vantagem geral de 45% a 32%.
SINAL DE ALERTA – A pesquisa revelou também que 26% do eleitorado reside com alguma pessoa que recebe o Auxílio Brasil. Um dado, entretanto, que deve preocupar o governo é o que acentua que 75% dos que estão inscritos no Cadastro Único não recebem o Auxílio Brasil, sendo que 18% confirmaram que recebem e 7% não quiseram responder.
Quanto ao vale-gás, só 8% confirmaram que receberam o benefício. Quanto ao vale-taxistas, o Datafolha não encontrou ninguém que tenha recebido. Sobre o vale-caminhoneiro, somente 1% acusa ter recebido.
Portanto, no Auxilio Brasil e no vale-gás, vale-taxista e no vale-caminhoneiro problemas de porte estão se verificando. O governo deve identificar quais são as questões existentes, pois podem estar ocorrendo desvios.
Pedro do Coutto é jornalista.
Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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