Por Pedro do Coutto –

No encontro que manteve terça-feira, no Tribunal Superior Eleitoral, com o ministro Alexandre de Moraes, o general Paulo Sérgio Nogueira, ministro da Defesa, adotou um novo tom para o relacionamento com a Justiça Eleitoral, mas na minha opinião tratou-se de um típico recuo estratégico, como se diz na linguagem militar, para não colidir com a pressão do momento na defesa da democracia e da legitimidade do sistema de votação e de computação.

Reportagem de Jussara Soares, O Globo desta quarta-feira, focaliza o encontro que se estendeu por 90 minutos e foi marcado por uma atmosfera de cordialidade. Um dos enfoques de Jussara Soares foi o de que representou uma trégua. A palavra está muito bem aplicada, pois não se trata de uma página virada no relacionamento difícil que vinha ocorrendo, mas sim de uma parada na controvérsia colocada sucessivamente pelo próprio ministro da Defesa.

NOVO TESTE – Inclusive, ficou acertada uma experiência prática, mais uma vez, com as urnas eletrônicas, reunindo uma representação militar e outra, é claro, do TSE. O ministro Alexandre de Moraes, seguramente, não se deixará levar pela aparência construída. Pode ser até que não ocorra nova ofensiva.

Mas essa nova ofensiva está no projeto do atual presidente da República, sobretudo porque ele próprio a assinalou na entrevista ao Jornal Nacional, condicionando a aceitação do resultado das urnas à transparência e inviolabilidade das mesmas.

MENÇÕES NEGATIVAS –  Matéria de Jéssica Marques e Rafael Galdo, O Globo, assinala que o Instituto Quaest apontou que 65% das menções nas redes sociais da internet foram negativas para o presidente Jair Bolsonaro. Felipe Nunes, diretor do Instituto, acentuou momentos contrários quando Bolsonaro abordou a legitimidade das urnas eletrônicas, se referiu à sua atuação na pandemia e a em relação à imitação feita por ele próprio no episódio da falta de oxigênio em Manaus.

Outro ponto desfavorável foi a denúncia de corrupção contra o ex-ministro Milton Ribeiro da Educação, além do momento em que Bolsonaro condicionou a aceitação ao resultado das urnas à realização de eleições limpas e transparentes. Portanto, é possível que Bolsonaro não tenha perdido votos entre os seus apoiadores, mas não conseguiu um sufrágio à sua campanha pelo desempenho na TV Globo.

BOLSONARO E JK – Em seu espaço de ontem no O Globo, Elio Gaspari confrontou uma realidade de Bolsonaro com frase famosa do ex-presidente Juscelino Kubitschek ao afirmar que não tinha compromisso com o erro. Gaspari acentua que Bolsonaro entra na campanha comprometido com seus próprios erros.

“Se Bolsonaro sentou-se diante dos entrevistadores com o objetivo de aguentar a entrevista, ele foi bem-sucedido. O `desde que´ continuará a persegui-lo, sobretudo nos debates”, afirmou.

FAKE NEWS – O Globo, reportagem de Bianca Gomes, Bruno Góis, Daniel Gullino e Jennifer Goulart, focaliza a repercussão nas redes sociais da internet da fake news que atribuiu a Lula a decisão de fechar as igrejas caso seja eleito presidente.

Uma análise da consultoria Bites feita a pedido do Pulso revela que, embora essa notícia já tenha sido amplamente desmentida, inclusive por agências de checagem, a ofensiva bolsonarista, para difundi-la, fez com que o tema tivesse um alcance de 142 milhões de perfis apenas no Twitter, contando a rede social no mundo e não apenas no Brasil. Um absurdo.

DIANTEIRA –  Pesquisa do Ipec, O Globo de ontem, aponta na disputa pelo Senado no Paraná, 35 pontos para Álvaro Dias contra 25% de Sérgio Moro. Os nulos e brancos somam 17%. Álvaro Dias concorre pelo Podemos e Moro pela União Brasil. A meu ver, Sérgio Moro deveria concorrer a deputado federal. Estaria eleito. Para o Senado é um risco muito grande.

A pesquisa foi encomendada pela RPC, afiliada da TV Globo. Os dados do Ipec, instituto formado por ex-executivos do Ibope, mostram que 79% dos entrevistados afirmam não saber em quem votar para o cargo na pesquisa espontânea, quando não é apresentada a lista de candidatos. Na espontânea, Álvaro Dias tem 7%, contra 3% de Moro.

EMPREGO E SALÁRIO -Numa entrevista à Karla Spotorno, O Estado de S. Paulo, Roberto Setúbal, diretor do Itaú, afirmou que o Brasil precisa crescer para resolver o problema da pobreza.  Na realidade, o problema da pobreza só pode ser solucionado com uma redistribuição de renda com base no emprego e na preservação do salário, evitando que suas reposições fiquem abaixo do índice inflacionário, inclusive do próprio IBGE.

Somente assim poderá haver gradativamente, na base de talvez 2% ao ano a redução da pobreza. Pode demorar, mas será um processo em andamento.

No momento, o que está se verificando em termos de renda do trabalho é um retrocesso com base na política do ministro Paulo Guedes que só se preocupa com os lucros financeiros.

Pedro do Coutto é jornalista.

Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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