Por Ricardo Cravo Albin

“Neste 5 de junho, a ONU celebra em vários países e em sua sede em Nova York a defesa do planeta. O tema do ano aborda a tragédia dos sacos plásticos”. Marina Silva – Min. Meio Ambiente

Mas no Brasil, ambientalistas responsáveis decretam: sem o cerrado brasileiro, um país continental morrerá de sede.

O Cerrado é um precioso bioma pressente em 14 estados do país e no D.F. Tanto precioso quanto agredido por maus brasileiros.

O desmatamento no Cerrado aumentou em 14,5% entre janeiro e abril de 2023, sendo o maior dos últimos cinco anos na comparação com o ano anterior. Os dados do INPE consideram que apenas no mês de abril os alertas de desmatamentos foram 31% mais intensos, que em relação a 2022.

Creio que esta notícia é a pior que nos chega neste 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente. Todos sabemos – ou deveríamos saber – que a perda da cobertura vegetal nativa provocará mais calor e seca na região. Em outras palavras, determinará a possível tragédia da escassez (ou falta) de água potável. Creio ser útil informar que a Bacia de Paraná, responsável pela maior parte da geração de energia elétrica deste país, depende de vários rios que nascem nas fronteiras ou mesmo dentro do Cerrado. Essa preciosa Bacia sofreu em 2021 a menor vazão já registrada em décadas. Isso, caro leitor, é gravíssimo. Até porque das 12 bacias hidrográficas do Brasil, oito, eu disse oito, nascem em região do Cerrado.

Os ambientalistas concluíram o contrário do que o governo federal estimulou no ultimo quatriênio. O óbvio, atentem: a utilização das terras para a agricultura degradou o bioma, diminuindo a quantidade de água em todos lugares, da savana às grandes cidades. E alertam para o horror desta verdade – cabe, sim, reiterar aqui – que imbute a insanidade de quem estimulou tal crime contra o país: 49% do total do Cerrado, ou seja, inacreditáveis 110 milhões de hectares já foram destruídos. Substituindo, pensam os que teimam em novidades irresponsáveis, o crime contra o bioma pela alcunha de “progresso” (predatório, com certeza), que recebeu o nome fantasia e modernoso de “commodities agrícolas”.

A devastação se estende a outros biomas, em especial a Mata Atlântica e à Floresta Amazônica, esta já objeto de uma barulhenta grita internacional. Isso porque os países do primeiro mundo ainda parecem desconhecer o total da tragédia ambiental brasileira.

Todos os especialistas mais responsáveis apontam que os capítulos do nosso mal proceder ambiental são, anotem, os seguintes: a destruição da fauna e flora, a poluição dos rios devido ao esgoto doméstico e sobretudo industrial, a degradação do solo por conta da mineração ilegal, como também pelo depósito de lixões em tantas cidades do país. Ou seja, se considerarmos neste Dia Mundial do Meio Ambiente que tudo isso de fato possa acontecer no Brasil, o que nos resta a comemorar? Pouco, muito pouco.

Ao menos as esperanças de que o nosso governo federal faça o que prometeu em foros internacionais, a volta do Brasil à defesa do meio ambiente, ou seja, dos seus vastos e necessaríssimos biomas.

Mas daqui advirto e reclamo – de que modo? Até porque a Câmara dos Deputados, que deveria ser aliada radical da preservação ambiental e da cobrança internacional ao Brasil, acaba de amputar desapiedadamente funções de essência dos Ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Originários.

Cabe a Lula vetar as insanidades que já repercutem muito mal nos países que lutam pela preservação do próprio planeta.

Cabe-me ser útil neste texto, razão de registrar a existência da Semana Mundial da Terra, comemorado em 22 de abril por todos os povos civilizados. Considerado o primeiro protesto mundial contra a poluição, a data ganha crescente importância desde 1990. As atividades do Dia da Terra já envolvem hoje um bilhão de pessoas por ano. Cabe cooperar com as diretrizes básicas quase imploradas pelos ambientalistas para amenizar os danos ao planeta. E que são resumidamente os seguintes: 1- reduzir e separar o lixo. 2- Usar sacolas retornáveis. 3- Reduzir o uso de gasolina. 4- Economizar água, até porque já no antes farto em água Brasil, com a destruição imposta ao Cerrado e à Mata Atlântica, a água potável agora surgem os primeiros sinais de esgotamento de água potável. 5- Usar menos energia.

Difícil seguir essas recomendações? Então, prepare-se para o pior. E não apenas daqui a 20 séculos. Talvez ainda neste, ou seguramente nos próximos cem anos.

P.S: No exato Dia Mundial em defesa do Meio Ambiente, fez-se um ano da horrenda tragédia que vitimou a dupla de lutadores do bem Dom Felipe e Bruno no Vale de Jaguari. Protestos clamando pela solução definitiva do assassinato se fizeram ouvir em todo o mundo, de Copacabana a Londres.

RICARDO CRAVO ALBIN – Jornalista, Escritor, Radialista, Pesquisador, Musicólogo, Historiador de MPB, Presidente do PEN Clube do Brasil, Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin e Membro do Conselho Consultivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.

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