Por José Macedo –
A descrição do Paraíso de Adão e de Eva, no livro dos Gênesis é fascinante, sugere interpretações e considero Utopia, vida de paz e de segurança.
O Paraíso perdido de Adão e Eva persegue-nos, sem dúvida.
Qual é o sentido da existência ou até, quem me colocou aqui e agora?
Foi o acaso?
Somos todos filhos, nascidos da poeira, quando, era só escuridão e vazio? Qual será nosso fim?
Cada um responde a essas perguntas, em função de suss crenças e visão de mundo.
Historiadores, teólogos e filósofos acreditam que, a história é uma sequência de eventos, registra o progresso, acumula conhecimento e experiência, destruição, infelicidade, dor, doenças, guerras, fome e mortes.
Por isso, parte da humanidade descobriu Deus, como necessário, um juiz imparcial e justo.
Assim, essa esperança reconforta-nos, dá segurança, pelo menos, para quem acredita.
O início do presente século (XXI) anuncia dias difíceis, ou seja, a terra, a vida em si, nossss florestas, a poluição da água, do mar e do ar, o descuido anuncia a morte, o Apocalipse, nosso desaparecimento.
O século XX foi considerado curto e rápido, porque foi cenário de duas guerras mundiais, dezenas de conflitos e invasões de paises fortes sobre povos pobres, periféricos.
Se de um lado, está o opressor, do outro, o oprimido clama por vingança e justiça.
O fenômeno da globalização no século XX, paradoxal, aprofundou as desigualdades entre países.
As guerras e conflitos são contrassensos, que destroem esperanças, recursos e vidas.
Nesse ínterim, houve impulsos às pesquisas à ciência, descobertas tecnológicas, o lucro e a maior parte dos benefícios não foram redistribuídos com equidade, tampouco, apropriados pelos mais necessitados.
Enquanto isso, nesse palco de miséria, os paises vitoriosos gastam bilhões e bilhões de dólares e de vidas, pesquisando novos armamentos, fabricando bombas, realizando viagens espaciais.
O impulso beligerante do homem frustra a iniciativa do exercício do que chamamos de direitos humanos.
A Utopia, de Tomás Morus; no Brasil, Pasárgadas, de Manoel Bandeira, Canudos, de Antônio Mendes Maciel (O Conselheiro); o Caldeirão do Beato José Lourenço e outros retratam esse desejo de felicidade e reconstrução da vida comunitária.
Em minha visão, incluo o cristianismo e o marxismo em seu comunismo, sem dúvida, são utopias.
Meus heróis não morreram de overdose, mas por acreditarem em suas utopias: Jesus e Che Guevara, entre eles.
Em meio a avanços e descobertas tecnológicas, 2,4 bilhões de humanos passam fome e outros milhões com alguma carência alimentar, para uma população de 8 bilhões.
A população brasileira é de 203 milhões, 33 milhões passam fome.
A medicina adquiriu conhecimento e avanços inimagináveis, mas milhões morrem sem assistência médica.
A agricultura modernizou-se, tecnologicamente, mas, é refém do uso indiscriminado de agrotóxico, envenena o solo e o que produz para o consumo humano.
O doloroso fenômeno da migração tem causado milhões de mortes nas travessias entre países, resultado do sonho do eldorado e de populações, que fogem da fome, das guerras e da perseguição política.
É assim o funcionamento do sistema capitalismo, por natureza, predador e contraditório.
Os algoritmos estão sendo reproduzidos, celeremente, em pouco tempo, as coisas permanecendo como estão, ficaremos reféns de robôs e substituídos pela inteligência artificial (IA).
As incertezas continuarão. Dois livros, do século passado, impactam, abordam temas que preocupam, nesse mundo caótico ou distópico: O Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley e, 1984, de George Orwell.
Esses livros revelam o insucesso das escolhas feitas, até aqui, pela humanidade.
O homem tornar-se-á dependente da tecnologia é perda da liberdade, eliminação da capacidade de fazer escolhas e tomar decisão. Nosso destino seria decidido por uma máquina, um laboratório programado para obedecer a um ente superior e invisível, controlador da vida?
Eis que, resta estabelecido o cenário da morte de nossa espécie, conhecida como humana.
Esses livros motivam reflexões em muitas questões para atualidade.
A IA – Inteligência Artificial está formando uma onda, objeto de amplas e de frequentes discussões, suscitando preocupações.
A substituição do homem por uma máquina provoca inúmeras perguntas: Será o “novo homem”, uma nova versão, substituindo e desaparecendo a espécie atual? O excessivo culto à ciência já se mostra preocupante e, será tarde para evitar o Apocalipse. Ora, se o poder de escolha, que caracteriza o humano, deixa de existir, o resultado é nosso desaparecimento.
Assim, surgirá o castigo, resultado da incompetência e atávico egoísmo da espécie humana.
Suportaremos nossos fracassos e escolhas erradas?
JOSÉ MACEDO – Advogado, economista, jornalista e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre.
Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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