Redação

À medida que a variante Ômicron se espalha, produzindo recordes de infecções, aumenta o cerco de governos e autoridades sanitárias aos não vacinados. Graças aos benefícios trazidos pelas vacinas, que reduzem hospitalizações e mortes, as estratégias para prevenir a Covid-19 passaram a dar mais ênfase à imunização do que a medidas de restrição ao comércio e serviços.

Em todo o planeta, a recomendação para vencer o vírus tem sido clara: vacinar, vacinar e vacinar. Assim, como ficam os não vacinados e defensores das campanhas antivacina? Com espaço cada vez mais reduzido, é claro.

PASSAPORTES DA VACINA – Se os negacionistas, alegando defender uma pretensa liberdade individual, podem ter direito a não comparecer aos postos, então as autoridades têm o dever de barrá-los em locais de grande frequência em nome da saúde coletiva. Assim tem sido. Os passaportes sanitários para comprovar a vacinação se tornaram fundamentais para aumentar a segurança em lugares de grande afluxo.

Em que pese ao caráter midiático da decisão, o veto do governo da Austrália à entrada do tenista Novak Djokovic, número um do ranking, por não apresentar o passaporte de vacinação, pôs a questão na ordem do dia.

Negacionista conhecido, ele alegou que tinha autorização de exceção dada pelos organizadores e obteve uma liminar da Justiça para participar do Aberto da Austrália, depois revogada em instância superior. Djokovic foi deportado ontem do país e se tornou um pária no esporte.

APERTA-SE O CERCO – A tolerância das autoridades com os não vacinados está cada vez menor. O presidente da França, Emmanuel Macron, foi explícito com os negacionistas: “Para os não vacinados, quero muito enchê-los. E vamos continuar fazendo isso até o fim. Essa é a estratégia”. Não está sozinho.

O Parlamento francês aprovou no início do mês uma lei determinando a apresentação do comprovante de vacinação em bares, restaurantes, academias.

Na Itália, o passaporte de vacina é exigido até no transporte público. A província de Québec, no Canadá, optou por um choque heterodoxo. O governo proibiu a venda de maconha e álcool a não vacinados. E discute a criação de uma taxa para os negacionistas. “Eles representam um fardo financeiro para todos os quebequenses”, disse François Legault, premiê de Québec.

LONGE DO CONSENSO – Claro que essa é uma questão que passa longe do consenso. Nos EUA, a Suprema Corte derrubou decisão do presidente Joe Biden que determinava a obrigatoriedade de vacinação para funcionários de empresas privadas. Mesmo assim, vários empregadores deverão manter a exigência.

Considerando que a convivência com a Covid-19 deverá ser longa, o passaporte sanitário se impõe como medida de segurança no mundo todo, protegendo os indivíduos e permitindo o funcionamento das atividades.

No Brasil, a exigência do passaporte, adotado na maioria das capitais, também gera discussões acaloradas com os arautos do atraso — à frente dos quais, o presidente Jair Bolsonaro. Mas trata-se de tendência inexorável. O próprio ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, admite que a maioria dos internados com Covid-19 não tomou a vacina. Daqui para a frente, mostrar o certificado de vacinação será tarefa tão corriqueira quanto passar o cartão de crédito ou digitar RG ou CPF nos lugares que os exigem. Aos não vacinados, restará queixar-se ao Papa, que, por sinal, também defende a vacina.

Fonte: O Globo


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