Por Ricardo Cravo Albin –
“Persistir e ter fé são quase sinônimos” – Santo Agostinho
Confesso que o assunto vacinação infantil já começa a saturar. Mas enquanto o batalhão de 20 milhões de pequenos brasileiros entre 5 e 11 anos não estiverem totalmente protegidos, como acalmar nossas inquietações ante um Ministério da Saúde que ainda parece ter dúvidas ante o óbvio e ousa se antepor à Anvisa, que liberou a imunização infantil desde 16 de dezembro último?
Agora, a medida que a variante ômicron se espalha e o influenza prospera em quase todos os lares e já se classifica como pandemia paralela, produzindo recordes alarmantes de infecções, parece-me super necessário que se amplie o cerco de governos e autoridades sanitárias aos ainda não vacinados.
O recente veto do governo da Austrália à entrada do tenista Djokovic, número um do tênis mundial, por não apresentar o passaporte da vacinação, pôs a questão a nu, envergonhando os negacionistas de plantão, inclusive o atleta mundial, cada vez mais isolado. O tenista, estrela do esporte, alegou que tinha exceção de autorização dada pelos organizadores, logo depois revogada em instância superior. Djokovic foi deportado há pouco e se tornou um pária no esporte.
A tolerância das autoridades mundiais com os não vacinados, de resto, chegou a um limite de saturação e de claríssima impaciência. Querem conferir? O Parlamento francês aprovou uma lei determinando a apresentação do comprovante de vacinação em bares, restaurantes e quaisquer lugar fechado. Na Itália, até no Transporte público o passaporte é exigido – como deveria ser aqui no Rio e nas grandes cidades do país, em especial em trens e metrôs. Em Québec, Canadá, as cabeças pensantes optaram por choque heterodoxo, proibiu a venda de maconha e álcool a não vacinados e já discute uma taxa para os negacionistas.
Sejamos objetivos: considerando que o coronavírus será longo no Brasil, há hoje, mesmo entre negacionistas, a necessidade de que o passaporte sanitário se imponha na sociedade. Leio nos jornais pesquisa do Datafolha emitida na noite desta segunda-feira assegurando que 80% dos brasileiros não têm mais dúvidas em relação à necessidade da vacinação, quantas vezes necessárias, em especial para as crianças.
O próprio Ministro Queiroga negacionista acaba de declarar o óbvio- “a maioria dos internados em estado preocupante nos hospitais não se imunizou.”
Portanto, deste espaço brado aqui um apelo humanitário dos ainda negacionistas de plantão para que se apiedem de nossas crianças: não atrasem ainda mais o estoque necessário para imunizar os 20 milhões de crianças do Brasil com as duas doses. Já que o estoque atual será insuficiente. Tempo demais foi perdido com debates estéreis sobre vacinação, em especial consultas públicas descabidas e que, como todos previam, não deram em nada. Apenas fortaleceram a impressão de lerdeza e falta de gestão do Ministério da Saúde.
Ao fazer mais este apelo, vale observar que de fato as crianças são menos susceptíveis de contrair formas graves de Covid-19, mas podem adoecer sim, e algumas com sintomas graves. Repito o que escrevi aqui com o coração nas mãos: o coronavírus já matou mais de 300 pequenos brasileiros, um a cada dois dias.
Estatística para abalar qualquer consciência. Por mais empedernida e cruel que seja.
***
P.S 1 – Um voto de profundo pesar pelas mortes do grande brasileiro e humanista Thiago de Mello em Manaus e, no Rio, da poetisa e integrante do Pen Clube Neide Arcanjo, um “quase anjo” (segundo Maria Bethânia).
P.S 2 – Um voto de vida longa pelos 80 anos do sociólogo Moniz Sodré, uma excelência de nossa geração e pensador do Brasil.
P.S 3 – Um voto de saudade e de gratidão pelos 80 anos de Nara Leão, cuja minissérie na Globo Play nos faz aquecer os corações pela grandeza de suas atitudes frente à MPB e ao Brasil.
P.S 4 – Neste sábado, 22 de janeiro, estarei lançando ‘PANDEMIA E PANDEMÔNIO’ na IPANEMA WINE BAR (Rua Gomes Carneiro, 132/112 – Ipanema), dos queridos jornalistas Daniel Mazola e Iluska Lopes, casal de editores desta TRIBUNA DA IMPRENSA LIVRE. Espero vocês lá!
RICARDO CRAVO ALBIN – Jornalista, Escritor, Radialista, Pesquisador, Musicólogo, Historiador de MPB, Presidente do PEN Clube do Brasil, Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin e Membro do Conselho Consultivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.
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