Por Pedro do Coutto –

O presidente Jair Bolsonaro discursou na promulgação da emenda que amplia o Auxílio-Brasil e concede vários benefícios sociais, a exemplo do vale dos caminhoneiros, dos taxistas, e do vale-gás. São etapas que asseguram a execução do que a emenda constitucional permitiu, superando o problema dos tetos de gastos, as barreiras da lei eleitoral e os limites da responsabilidade fiscal.

O assunto foi destacado pelas reportagens de Jussara Soares, Alice Cravo, Gabriel Shinohara e Fernanda Trisotto, O Globo, e de Matheus Teixeira, Renato Machado e Danielle Brand, na Folha de S. Paulo, edições de ontem.

OBSTÁCULOS – Entretanto, examinando-se matéria de Geralda Doca e Camila Zarur, no O Globo de quinta-feira, dia 14, verifica-se que o governo não só corre contra o tempo para a distribuição do Auxilio-Brasil no início de agosto, como também enfrenta obstáculos não considerados para a entrega dos diversos benefícios previstos.

Ao que se refere ao Auxilio Brasil, incluindo o aumento de R$ 400 para R$ 600 até dezembro, existe ainda o problema do cadastramento de 1,6 milhão de famílias que serão incorporadas pelo projeto do governo às 18 milhões de famílias já inscritas no Cadastro Único.

O cadastramento está gerando extensas filas nos estados, pois terá que ser incluído nos pagamentos feitos pela Caixa Econômica Federal, dando margem à uma celeridade capaz de proporcionar a ocorrência de fraudes. Mas as fraudes não são o problema essencial em relação ao projeto eleitoral do governo.

Charge do Pelicano (humorpolitico.com.br)

INCLUSÃO – O problema do Planalto é a inclusão de mais 1,6 milhão de famílias. Além disso, existe o problema de distribuição de motoristas de caminhões e a questão dos taxistas. No caso da compra de alimentos de pequenos produtores para a entrega a parcela carentes da população, não há ainda logística estabelecida, mas o benefício está incluído na emenda promulgada pelo senador Rodrigo Pacheco.

A respeito da PEC e seu objetivo eleitoral, a jornalista Flávia Oliveira escreveu um excelente artigo no O Globo desta sexta-feira. Vamos aguardar a execução do programa e o seu efeito no eleitorado a ser esclarecido pelo Datafolha.

DESCONFIANÇA –  O general Paulo Sérgio Nogueira compareceu na quinta-feira à tarde na Comissão de Fiscalização do Senado Federal e voltou a levantar dúvidas quanto às urnas eletrônicas, mantendo assim o discurso básico do presidente Jair Bolsonaro. O general Paulo Sérgio Nogueira, compareceu acompanhado do coronel Marcelo Nogueira de Sousa, que revelou que os documentos entregues pelo TSE às Forças Armadas não comprovam a segurança das urnas contra ameaças internas.

General Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (Foto: Exército Brasileiro)

Realmente, o assunto já se encontra esgotado e surpreende a insistência do ministro da Defesa em apresentar argumentos vazios contra a integridade das urnas eletrônicas que funcionam no país desde 1996. Tenho a impressão que o problema vai se estender indefinidamente e volto a dizer, o ministro Edson Fachin deve propor publicamente o encontro com o general Paulo Sérgio Nogueira, através da GloboNews, a fim de tornar públicas as versões apresentadas.

AUMENTO DO IR –  Na edição de o Estado de S. Paulo de quinta-feira, dia 14, Adriana Fernandes e Ana Carolina Papp, publicaram reportagem de grande importância sobre um novo aumento indireto fixado pelo governo para o Imposto de Renda. Mais uma vez, os descontos antecipados na fonte, que em alguns casos atingem 27,5%, não foram corrigidos pela inflação de 2021 a 2022.

Com isso, todos nós contribuintes do IR fomos aumentados indiretamente em 12%, que é a taxa de inflação registrada pelo IBGE para o período. Essa omissão contra a correção vem ocorrendo desde o exercício de 2015. Mas o governo informa isso.

SUCESSÃO NO RIO – No Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes retirou o apoio ao ex-presidente da OAB Felipe Santa Cruz e passou a apoiar o candidato do PDT, Rodrigo Neves, ex-prefeito de Niterói, tendo como vice na época o próprio Felipe Santa Cruz.

Santa Cruz não pontuou nas pesquisas, registrando no máximo 2% das intenções de votos. Isso vai acontecendo, conforme previsto, em vários estados, com a equação entre os candidatos aos governos locais e as candidaturas de Lula da Silva e Jair Bolsonaro. São freios de arrumação, como se diz por aí, para ajustar as alianças estaduais com os candidatos à Presidência da República.

*Pedro do Coutto é jornalista.

Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ)

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