Por José Macedo –
É Inquestionável essa presença. Quando, os militares não estão governando o País, dentro dos quartéis passam a ser os garantidores e credores da ordem política vigente. Então, ao longo de nossa história, os quartéis transformaram-se em escola política.
Os políticos nunca deixaram de sentir essa presença, uma sombra que os assusta, limita-os, persegue-os.
Minha incursão nesse assunto de relevante importância deveria ser objeto de constantes estudos e debates. Vejamos o resumo de fatos selecionados e veiculados ao tema.
Fomos descobertos por Pedro Álvares Cabral, um Comandante militar. Após a Guerra do Paraguai, em 1865, os militares retornaram fortalecidos e com força reivindicatória, e até contribuíram para a divulgação e militância de idéias republicanas, ocorrendo sua instauração, em 1889. A República, episódio politico-militar, foi depositário de insatisfação dos militares, desde a guerra do Paraguai.
A inauguração do Clube Militar, em 1887, reveste-se de importância, porque se tornou Centro de educação política e ainda serve de coesão corporativa entre eles. O primeiro presidente da República, Deodoro da Fonseca, militar, não era um convicto republicano. Esses acontecimentos deram força para que continuassem a reivindicar por melhores soldos.
As rebeliões continuaram, em 1922 (Forte de Copacabana) e 1924 (a Revolta Paulista) e a Coluna Prestes, em 1925, que perdurou, por dois anos. Em 1945, os militares derrubaram Getúlio Vargas. O militar, Marechal Eurico Gaspar Dutra, é eleito presidente da República, governando, de 1946 a 1951.
Em 1964, Jango Goulart é deposto e os militares governam, por 21 anos. Foram os chamados anos de chumbo, com prisões, torturas, mortes, sumiços e exílios. A ditadura de 64 tinha como motivação e pretexto eliminar as forças de esquerda e alegada desordem civil.
Esse texto é um resumo de incursões e de interferência militares em nossa história, tem como objeto formar convicção que minha tese, os militares ditaram e, sempre, estiveram presentes, interferindo na história política do Brasil.
Em 2018, o capitão reformado, Jair Messias Bolsonaro, é eleito presidente da República, envolvido em supostas tramas escabrosas, até aqui, não desvendadas, com o apoio da direita conservadora, incluindo milicianos e grupos treinados na divulgação de fake news. Seu governo de acentuado cunho personalístico e autoritário tem como objetivo destruir o atual Estado Brasileiro, as forças democráticas de oposição e implantar o Estado Mínimo militarizado.
Assim, centenas de militares foram nomeados e estão presentes nos principais cargos da frágil República.
Quando, falo de autoritarismo, costumo revisitar o livro: “As origens do Autoritarismo”, da filosofa, de origem judia, Hannah Arendt. Visualizo coincidências, servindo-nos de reflexão, diante do que ocorre, atualmente, em nosso país. Gosto do texto, quando descreve, “que Hitler se utilizou do fascínio sobre sua figura mitológica para conquistar o massivo apoio nas urnas, que o levou ao cargo de chanceler na Alemanha. O fascínio consegue sobrepujar a racionalidade, em face da inflexível ignorância, do raso conhecimento sobre tudo, que a grande maioria possui”. Essa sociedade moderna e líquida é também culpada, parafraseando o pensamento do filósofo Zygmunt Baumant
O Bolsonaro não surgiu do acaso e não será o ocaso, nem o fim dessas intervenções. Porém, já conseguiu realizar suas insanidades, diabruras e destruição. Ele surgiu desse conjunto de variáveis, ora indicadas, corroborado e fortalecido por situações e circunstâncias mundiais que se assemelham na banalidade do mal (Hannah Arendt), o descaso e desvalorização da política e frustrações decorrentes, desprezo pela vida e pelo outro.
JOSÉ MACEDO – Advogado, economista, jornalista e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre.
MAZOLA
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