Por Sérgio Vieira –

Portugal / Europa – Séc. XXI.

Já lá se vão os tempos em que os brasileiros chamavam pejorativamente, a TAP de Tamancos Aéreos Portugueses. Tempos estes em que a empresa era sólida, tinha um patrimônio próprio bastante significativo, excelente serviço e exibia com orgulho as cores da bandeira lusa. Hoje voltada ao ostracismo sobrevive de apoios bilionários do governo, sendo um autêntico sorvedouro de dinheiros dos contribuintes, uma vez e por consequência direta tudo o que o governo português injeta na empresa são capitais públicos e por este motivo todos os portugueses têm lá o seu quinhão de propriedade sobre ela.

Os bons serviços da TAP continuam. Sendo até hoje na minha opinião umas das empresas em que mais confio para viajar. A TAP vem sendo assolada por greves de tripulação, debandada de profissionais, principalmente pilotos e copilotos para outras empresas europeias, deste modo, enfraquecendo a espinha dorsal da empresa.

De salientar que a TAP se mantém até hoje no grupo seleto de empresas de alto nível como é o caso da Star Alliance.

Através do seu hub em Lisboa, plataforma privilegiada de acesso na Europa, na encruzilhada com África, América do Norte, Central e do Sul, a TAP é líder na operação entre a Europa e o Brasil. A rede TAP cobre 93 destinos em 36 países a nível mundial. Operando em média cerca de 2.500 voos por semana, a TAP dispõe de uma frota de 100 aeronaves: 78 aviões Airbus e 22 ao serviço da TAP Express, a marca comercial da companhia para a sua rede regional.

Mapa de rotas da TAP Portugal no mundo. (Divulgação)

Em junho de 2015, a TAP Air Portugal foi privatizada, passando a ser controlada pelo consórcio Atlantic Gateway, liderado por David Neeleman (fundador da norte-americana jetBlue Airways e dono da Azul Linhas Aéreas Brasileiras) e por Humberto Pedrosa (CEO do Grupo Barraqueiro). Em 2016, o novo governo português liderado por António Costa assinou um novo acordo com o consórcio até então detentor da maioria do capital, passando o Estado Português a deter 50% da empresa, ficando detidos 45% pela Atlantic Gateway e 5% pelos trabalhadores da TAP.

É detida atualmente a 72,5% pelo Estado Português, 22,5% por Humberto Pedrosa e 5% pelo grupo de trabalhadores da TAP Air Portugal.

A TAP foi liderada durante muito tempo pelo Dr. Fernando Pinto, brasileiro, ex-presidente da VARIG e que manteve em seu reinado as contas da empresa equilibradas. Pessoa sensata, calma e competente. Depois com a chegada do tal consórcio, a TAP foi liderada por uma cambada de gente incompetente, políticos que saíram diretamente do Parlamento português para a gestão da empresa, como é o caso de Miguel Frasquilho, Deputado de carreira e completamente cego na condução de uma nau tão grande quanto a TAP. Na ocasião teve também à frente, mas não por muito tempo, outro brasileiro que foi gerado pelo tal famigerado consórcio, de nome, Antonoaldo Neves. Esse durou pouco ao leme da empresa. Incompetente e desconhecedor dos verdadeiros problemas.

Fernando Pinto, Miguel Frasquilho e Antonoaldo Neves. (Reprodução)

A TAP, apesar de sua aparentemente imponência, mendiga todos os dias tostões ao governo, que numa situação estratégica política de não deixar cair uma empresa de bandeira, vai lá metendo um pouquinho do meu vencimento mensal e de todos os portugueses.

A situação é insustentável!

A exemplo daquilo que aconteceu com vários bancos aqui em Portugal, o governo vai metendo a mão por baixo e vai amenizando a queda. Em outros casos não, deixou cair com estrondo, mas mesmo assim gastando milhões para manter a credibilidade financeira do sistema financeiro evitando assim o efeito dominó como foi o caso do malfadado BES (Banco Espírito Santo), BPN (Banco Português de Negócios), BPP (Banco Português de Negócios) este último com um desfecho trágico, que foi o suicídio de seu antigo presidente numa penitenciária na África do Sul.

Avião da TAP Air Portugal. (Creative Commons)

Mas, voltemos e para terminar, falar da TAP. Apesar de ser um grande elo de ligação entre as comunidades lusófonas, e de ter rotas para quase todo o mundo, a nível interno e curto curso a TAP perde terreno para as chamadas Low Cost, como é o caso em particular das que mais operam em Portugal, como a Rayan Air e Easy Jet. Enquanto a TAP tem passagens a 300/400 e 500 €, estas empresas concorrentes têm passagens a 20/30/40 €. E estamos falando de voos para, Paris, Londres, Roma, Veneza, Madri e tantos outros destinos de eleição do público.

É triste, muito triste ver definhar uma empresa que já foi referência e que hoje vive de enormes esmolas governamentais diariamente.

Lá se vão os áureos tempos dos Tamancos Aéreos Portugueses, bons tempos, hein?

SÉRGIO VIEIRA – Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, representante e correspondente internacional em Aveiro, Portugal. Jornalista, bancário aposentado, radicado em Portugal desde 1986.


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