Por Pedro do Coutto –

Neste momento em que o governo começa a funcionar, enfrentando até mesmo gravíssimos atos de vandalismo, o grande desafio que o presidente Lula da Silva terá que enfrentar ao longo de seu mandato encontra-se, no fundo, não só na ampliação do mercado de trabalho, como também no volume salarial, pois na verdade o rendimento médio dos trabalhadores e trabalhadoras caiu ao longo da administração de Bolsonaro de R$ 2878 para R$ 2754.

A diferença parece pequena, entretanto temos que admitir o fator importante que passa despercebido ou pouco enfatizado pelos analistas: o crescimento demográfico. A cada ano, a população brasileira torna-se 1% maior. Sem recorrer ao cálculo dos montantes, de plano podemos estimar que hoje somos mais oito milhões de seres humanos do que em 2019. Cresce a pressão sobre alimentos, saneamento, água potável, transportes, atendimento médico. Esse, inclusive, tem  sido acrescido pela fome e pela violência nas ruas.

INFLAÇÃO – O problema da queda de renda é magnificamente focalizado por Leonardo Vieceli e Douglas Gavras, Folha de S. Paulo deste domingo. Conforme sempre observo, a reportagem destaca que os salários perderam para a inflação, o nível de desemprego desceu, mas o de trabalho informal subiu. A força de trabalho ativa pelo cálculo da LCA Consultores, como acentua o economista Bruno Imaizumi, encontra-se em 99 milhões de homens e mulheres. Porém, a escala de informalidade atinge 39,1%. Esta parcela não contribui para o INSS ou para o FGTS.

As empresas que as empregam não pagam os 20% que deveriam pagar sobre a contribuição dos empregadores para o INSS. Os quase 40 milhões de informais também não contribuem com a sua parcela. Exceções confirmando a regra, no caso de contribuição por iniciativa própria, a grande massa dos que trabalham sem vínculo empregatício não terá direito à aposentadoria e muito menos a sacar o saldo do FGTS quando deixar de trabalhar.

CRÍTICA –  O economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, numa ampla entrevista à Alexa Salomão, Folha de S. Paulo, disse que, no fundo referindo-se ao governo, que o PT precisa mostrar que aprendeu com erros do passado.  Armínio Fraga chegou a ter sido cogitado para o ministério ou para o Banco Central do qual já foi presidente no governo FHC.

Mas há a questão do mandato de dois anos do atual presidente, Roberto Campos Neto. Na realidade, entretanto, mandato só não é problema, pois ninguém pode ocupar uma função de tal importância se não estiver afinado com o governo do momento. O presidente da Petrobras, por exemplo, Caio Paes de Andrade, está sendo substituído. O panorama como se constata inclui sombras que precisam ser afastadas pelo presidente Lula, tanto em favor de sua própria administração, quanto para o início da solução de problemas brasileiros que se eternizam.

VANDALISMO –  Absolutamente incrível o que aconteceu ontem na capital do país. Golpistas  pró-Bolsonaro invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso e o STF, depredando móveis, vidros, cadeiras, expondo-se em filmagens. A repercussão no exterior está sendo enorme e dentro do país a apreensão é total.

Houve omissão das autoridades de segurança de Brasília, sobretudo porque na noite de sábado foi postado na internet um vídeo anunciando a concentração para ocupar a Esplanada dos Ministérios. Vamos voltar ao assunto.

PEDRO DO COUTTO é jornalista.

Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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