Por Jeferson Miola –
Acuado por uma avalanche de fatos terrivelmente desfavoráveis à sua reeleição, Bolsonaro convocou uma entrevista coletiva à última hora para esta 4ª feira, 26/10.
Com a campanha atolada em crise e em estado de catatonia, Bolsonaro tentou uma jogada diversionista para desviar o foco dos problemas que abalam mortalmente sua campanha a apenas quatro dias do segundo turno da eleição: a acusação de pedófilo, o ato terrorista do aliado Bob Granada e o plano de congelar o salário mínimo e o reajuste de aposentadorias e pensões.
Bolsonaro requentou a denúncia fraudulenta feita em 24/10 por dois dos seus Goebbels’s – os Fábios Faria e Wajngarten – para choramingar que poderá perder a eleição porque, na visão dele, 12 rádios [sim, 12 rádios!] dos estados da Bahia e Pernambuco supostamente não teriam veiculado os programas da propaganda eleitoral bolsonarista.
O presidente do TSE Alexandre de Moraes arquivou o delírio bolsonarista, por entender que esta denúncia fraudulenta, apresentada “às vésperas do segundo turno do pleito”, carece de “base documental crível, [e é] ausente, portanto, qualquer indício mínimo de prova”.
Na coletiva, Bolsonaro repetiu o velho hábito de defender criminosos, e saiu em defesa do agente fascista Alexandre Machado, um arruaceiro infiltrado no TSE que foi exonerado do Tribunal por fazer “alegações falsas e criminosas”, que servem à estratégia bolsonarista de avacalhar a eleição.
O TSE informou, também, que a exoneração de Machado “foi motivada por indicações de reiteradas práticas de assédio moral, inclusive por motivação política”.
Bolsonaro convocou ministros e os comandantes das Forças Armadas para acompanharem-no no patético comunicado à imprensa. Prometeu ir “às últimas consequências, […] para fazer valer aquilo que as nossas auditorias constataram” [sic].
Não chega a surpreender a presença dos comandantes das três Forças na entrevista coletiva do Bolsonaro sobre um tema eminentemente da esfera do poder civil, como é o processo eleitoral. Afinal, diante da inutilidade deles para a sociedade brasileira em matéria de defesa nacional e da absoluta falta de profissionalismo deles, se dedicam primordialmente à conspiração para manter seus privilégios, cargos e mamatas.
Bolsonaro e os próprios generais exploram a presença dos fardados em momentos de “crise” com o objetivo de amedrontar e causar medo e apreensão na sociedade. Esta postura é ineficaz, pois o comportamento antiprofissional e conspirador deles, a essas alturas, é super manjado e já não é levado a sério.
Sentindo que sua derrota em 30 de outubro é apenas uma questão de tempo, Bolsonaro privilegia a tática terrorista para assobiar à matilha fascista, colocando-a em estado de prontidão.
Bolsonaro e os militares pavimentam o caminho da contestação do resultado das urnas para tumultuarem a eleição e promoverem caos político e institucional no Brasil nos moldes do Capitólio de Washington.
Diante da desmoralização total e do descalabro do governo, o esperneio do Bolsonaro na patética entrevista coletiva serviu apenas para parir um choro de derrotado que não aceita a derrota e pretende causar confusão.
JEFERSON MIOLA – Jornalista e colunista desta Tribuna da Imprensa Livre. Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial.
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