Por Kleber Leite –

Inacreditável que a repercussão de um encontro entre amigos, cuja única finalidade era homenagear e estender o tapete vermelho (…e preto!) para Jorge Jesus, sua mulher, Ivone, e seu filho, Mauro, tenha enveredado pelo caminho do absurdo, envolvendo pessoas de boa-fé.

Renato Maurício Prado, contemporâneo na cobertura jornalística do Flamengo – no início dos anos 80, eu na Rádio Globo, ele no Globo – sabedor da minha relação afetiva com JJ e família, deixou claro que seria maravilhoso para ele poder ter cinco minutos de prosa com o Mister, a quem tanto admirava.

Sabia que a agenda do nosso doce Portuga era intensa, já que por aqui deixou uma legião de amigos. Por isso, o deixei à vontade para que marcasse ele o melhor momento – e único – para nosso encontro familiar. Sugeriu ele que fosse no dia do jogo do Flamengo. Veríamos a partida, programada para às sete da noite e, depois, jantaríamos.

Lembrei do pedido do Renato e o convidei para nossa jornada rubro-negra e gastronômica, em retribuição ao carinho com que Jorge Jesus nos recebeu em Lisboa. Tudo em pétit comitê. Eu, minha mulher, JJ e família, um casal de amigos e Renato Maurício Prado.

Quando Renato chegou em casa, Jorge Jesus já estava. Apresentei Renato a ele, como um consagrado jornalista, atuante nas redes sociais rubro-negras, e colunista do UOL.

Durante o jogo e, posteriormente, no jantar, Renato foi matando sua curiosidade, em longo papo com JJ, seu maior ídolo rubro-negro depois de Zico.

Nada do que ouvi representou novidade para mim, como, por exemplo, ter a certeza de que adoraria ele voltar a dirigir o Flamengo. Da mesma forma, de que isto não seria simples neste momento, pois após o dia 20, desvinculado de seu compromisso com o Benfica, teria que cuidar da vida, ganhar o sustento da sua família.

Enfim, no papo, rigorosamente, disse o óbvio, com sinceridade absoluta, diria mesmo, infantil, sem nenhuma maldade.

No dia seguinte, recebi telefonema do nosso Mister, que dizia estar preocupado, pois o pessoal da TV Globo estava aborrecido por ter ele dado entrevista ao programa “Bem Amigos”, gravado um dia antes e programado para ser exibido na segunda-feira seguinte.

O que disse a ele, repito agora: primeiro, me espanta como alguém pode achar que alguma notícia possa ficar na prateleira, durante uma semana, sem ser furada… santa ingenuidade Depois, o fato de JJ não ter concedido entrevista alguma. Na verdade, houve um encontro casual, em que um dos participantes era jornalista. E, como jornalista só tem compromisso mesmo é com a notícia, o que estava na prateleira pra ir ao ar na segunda-feira, no “Bem Amigos”, deixou de ser novidade, embora de novo nada houvesse para mim.

Alguém tinha alguma dúvida de que Jorge Jesus alimentava o desejo de um dia voltar a dirigir o Flamengo?

Alguém tem dúvida de que, após o dia 20, totalmente livre e desimpedido, Jorge Jesus estará em algum clube, até porque, precisa trabalhar para sustentar sua família?

Portanto, um absurdo tudo isto, onde oportunistas de plantão aproveitam para tirar uma casquinha, como por exemplo, o procurador de Paulo Sousa. Ridículo!

Pena que o presidente do Flamengo, que com um simples telefonema poderia ter a absoluta noção dos fatos, preferiu colocar lenha na fogueira, criticando Jorge Jesus de forma injusta, além de demonstrar profunda ingratidão, afinal, o ano mágico de 2019, em que Landim era o presidente do clube, não teria existido não fosse o doce Portuga.

Alguém dúvida disso?

Lamento profundamente todo o ocorrido. Se pudesse voltar atrás, abriria mão da educação, da obrigação de retribuir uma gentileza, que acabou sendo veículo para todo este absurdo mal-entendido, para ser um grosseiro mal-educado, porém, sem ter que ver um amigo e ídolo injustiçado e magoado.

Jorge Jesus é merecedor de algumas desculpas. A minha aqui está registrada!

Alguém mais se habilita?

KLEBER LEITE é jornalista, radialista, empresário, dirigente esportivo, blogueiro e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Fundador da Klefer Marketing Esportivo em 1983.


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