Por Kleber Leite –
Vinícius de Moraes, se rubro-negro fosse, teria lançado mão de uma de suas memoráveis obras de arte como questionamento para os “engenheiros” do futebol rubro-negro.
Neste período de pausa no futebol tupiniquim, quem não curte muito os jogos transmitidos do futebol europeu, tem na COPINHA a salvação da lavoura…
Afinal, é o momento da esperança e, de lupa em punho, estar atento aos futuros craques brasileiros, além de, obviamente, poder torcer pelo seu clube.
Confesso que, independentemente da fragilidade dos nossos primeiros dois adversários, fiquei encantado com o futebol apresentado pelo nosso time sub-20. Não pelas goleadas de 10 a 0 no primeiro jogo e 4 a 0, no segundo. O que me fascinou foi ver um time na acepção da palavra, onde um jogador completava o outro. Dois laterais fogosos, meio campo pegador e criativo, dois azougues pelos lados, um lembrando Paulo Nunes e o outro, Renato Abreu e, um camisa 10 com anel no dedo…
Pensei cá comigo: “vamos ganhar está Copinha, vamos ser campeões!”
Liguei para os amigos, extravasando minha euforia, lembrando que não deixassem de assistir o terceiro jogo, contra o Oeste, jogo que definiria o primeiro colocado no grupo. Como neste período a atenção ao noticiário não é a mesma, só durante a transmissão fui informado de que, quase todo time que havia me encantado nos dois primeiros jogos havia retornado ao Rio de Janeiro. Não entendi nada. A explicação foi a de que este time começaria o Campeonato Carioca. Continuei sem entender, pois, a Copinha termina no dia 25 e o Campeonato Carioca começa, para o Flamengo, no dia 26, às 21h35, contra a Portuguesa.
Na TV falaram que isto já estava previsto, que fazia parte do planejamento. Será mesmo? Que planejamento é esse que define um time sub-20 para sequer completar a primeira fase da Copinha e depois substitui por um time só de meninos, jogando por terra qualquer possibilidade de ser campeão?
Será que este título nada vale na opinião dos nossos “engenheiros”?
Será que não teria valido a pena encontrar outra alternativa para o primeiro jogo do Campeonato Carioca, preservando nosso sub-20, na tentativa de ganhar a Copinha?
Ou será que no novo mundo do futebol/negócio, um título passou a ser algo de importância relativa?
A sensação que fica é a de que perdemos uma oportunidade única de começar o ano festejando um título que, a cada ano, vai se tornando mais importante.
Como consolo para o “se foi para desfazer, por que é que fez?” ainda inspirado em Vininha, meu ídolo de vida, termino dizendo: “mas não tem nada não, tenho meu violão…”
Que bola fora…
KLEBER LEITE é jornalista, radialista, empresário, dirigente esportivo e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Fundador da Klefer Marketing Esportivo em 1983.
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