Por Alcyr Cavalcanti –
Cada fotografia conta uma história.
Sônia Braga tinha uma beleza estonteante. Era um deslumbramento, ao natural. Com pouca ou nenhuma maquiagem seu sorriso era inigualável. Em um distante ano de 1975 eu corria atrás da notícia, tinha pouco tempo no difícil mas muito agradável métier de repórter fotográfico. Era chefe da Fotografia no extinto Diário de Notícias e trabalhava também na Editora Vecchi, que publicava as revistas Grande Hotel e Romântica. A cobertura das novelas da TV eram pauta obrigatória para as revistas. Eu revezava com o querido amigo Carlos Mesquita, um dos melhores fotógrafos que conheci, nos plantões diários na TV Globo, nesta época ainda nos estúdios do Jardim Botânico. Tinha sido designado para uma foto produzida com a estrela da novela Gabriela, baseada na obra de Jorge Amado. Sonia era a própria personagem. O que ficou impossível, na prática foi levar a atriz para um pequeno estúdio improvisado em alguma sala vazia, ou mesmo nos corredores. Muitos colegas me ajudaram, Carlinhos e eu éramos novatos nesse tipo de cobertura, baseada em uma confiança que só seria adquirida ao longo do tempo. Foi uma sorte ter privado da amizade de dois grande fotógrafos Lúcio Marreiro e Ítalo Sani. Ítalo chamava minha atenção porque montava um pequeno estúdio com uma dezena de flashs para conseguir a luz ideal, cheguei a ajudá-lo em algumas vezes para montar aquela parafernália.
Lúcio partilhava das mesmas ideias sobre Política, o que reforçava nossa amizade.
Depois de muita espera, felizmente a gravação foi interrompida, fui atrás da Sônia Braga, mas tinha sido liberada, só voltaria daí a dois dias. A “boa nova” caiu como uma bomba, seria capa da Romântica e só estavam esperando as fotos para o fechamento da revista. Fiquei desesperado, mas Lúcio disse para manter a calma (o que era difícil) e deu a informação para eu sair correndo ela estava no estacionamento e ia embora para a casa. Saí voando, ela estava abrindo a porta do carro, e pedi a ela para ir comigo até uma sala, para uma sessão de fotos. Ela negou, disse que tinha compromisso, estava atrasada e disse estar disponível dia seguinte. Era impossível, só dependiam dessa foto para fechar a edição. Tive um lampejo, ia fazer a foto ali mesmo no estacionamento, nada de por** de estúdio improvisado, pedi a ela um tempo, ela sorriu, viu meu desespero e falou, “tudo bem, 15 minutos tá?”. O sol era muito forte, saí clicando, troquei de objetiva, ela sorriu, alegou muito cansaço, mas fui clicando com minha Nikon. O resultado foi a foto, capa da revista Romântica, Sônia/Gabriela belíssima, sem nenhuma maquiagem.
Anos depois voltei a fotografá-la em Paraty, quando das filmagens do diretor Bruno Barreto, ao lado de Marcelo Mastroianni.
Mas aí é uma outra história, são outras imagens.
ALCYR CAVALCANTI – Jornalista profissional e repórter fotográfico, trabalhou nos principais jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo e em agências de notícias internacionais. Bacharel em Filosofia pela Universidade do Estado da Guanabara (atual UERJ) e mestre em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Professor universitário, ex-presidente da ARFOC, ex-secretário da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre.
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