Por Miranda Sá –
“Liberdade! Abre as asas sobre nós…” (Hino da Proclamação da República)
Com letra de Medeiros e Albuquerque e música de Leopoldo Américo Miguez, o Diário Oficial publicou 37 dias depois do fim da monarquia, a 21 de janeiro de 1890, o Hino à Proclamação da República.
Pretendeu-se na época, segundo registros históricos, que se tornasse o Hino Nacional, mas esse só foi criado com letra de Joaquim Osório Duque Estrada e música de Francisco Manuel da Silva, tornando-se oficial sob a presidência de Epitácio Pessoa.
Conforme o que estabelece o art. 13, § 1.º, da Constituição do Brasil, o Hino Nacional Brasileiro era cultuado nos meus tempos ginasianos, juntamente ao Hino da Independência e o Hino à Proclamação da República.
Antes do início das aulas, os estudantes formavam alas de acordo com as classes e cantavam estes três hinos e mais um dedicado a Getúlio Vargas… vivíamos uma ditadura, mas Vargas era muito popular, principalmente após a declaração de guerra aos países do Eixo.
No correr das nossas vidas, a minha geração vibrava muito com a Marselhesa, sob a influência da revolução francesa de 1793 e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, sob o dístico Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Nos tempos do vinil colecionei quase todos os hinos brasileiros e muitos estrangeiros; por causa dessa mania, ganhei muitos de presentes, sendo dois deles realmente encantadores, o Hino da República e a espetacular performance da Banda do Batalhão Naval executando o “Cisne Branco” – Hino da Marinha.
O da República, fortemente marcial, fortalecia meu entusiasmo patriótico e a defesa da liberdade como um princípio que carrego comigo até hoje; e a beleza melódica junto à letra poética d’ “O Cisne” enaltecendo o encanto do mar, emociona.
No 2º Batalhão de Obuses de Costa, sediado no Forte do Leme (Rio), aonde servi o Exército, cantávamos um hino que ao recordar, acho graça: “Rio, cidade tranquila/ que repousa à beira do mar/ Cabe à nossa Artilharia/ A sua vida feliz resguardar…”
Quando me interessei pela música erudita, participando dos ’Concertos da Juventude” do maestro Eleazar de Carvalho, encantei-me de tal modo que até hoje não durmo sem ouvir os clássicos.
Ali fui apresentado à “Polonesa Heroica”, obra prima de Frederico Chopin; ele compôs muitas “polonesas” inspiradas nas danças populares da Polônia e escritas para piano solo. Uma delas foi a primeira composição do grande compositor e pianista.
A Heroica, porém, em La bemol maior, Op. 53, conhecida mundialmente pelo seu nome francês, “Polonaise”, tem uma forte temática patriótica, que me seduziu. Vejo-a como um hino exaltando a Polônia contra a invasão napoleônica; e, na 2ª Grande Guerra, usada pela resistência popular contra a ocupação nazista.
Uma prima minha, a pianista Edda Fiore, premiada em Varsóvia no Concurso Chopin – já falecida, tocava maravilhosamente a Polonaise, e eu quando visitava a casa dos meus tios não me cansava de pedir-lhe para tocar, e de ouvi-la.
Sobre Chopin corre uma anedota histórica. Ele foi protegido pela aclamada escritora e memorialista francesa, George Sand, baronesa de Dudevant, cuja desenvoltura agitava a sociedade de sua época, pois se vestia com roupas masculinas, para ela mais cômodas do que o vestuário feminino.
Pois bem. Recém-chegado a Paris, Chopin sofreu a aversão de um conhecido crítico musical, Kalkbrunner, e George Sand atuou na defesa dele usando uma artimanha: Convidou o Crítico para um concerto de Liszt (por quem ele mantinha grande admiração) na casa da duquesa de Orléans. O sarau foi a meia luz, quase obscuridade e quem tocou foi Chopin recebendo aplausos entusiásticos de Kalkbrunner.
Ardis engenhosos como este merecem consideração e são válidos até para os mais exigentes do legalismo. Hoje, porém, as fraudes não são assim, mas cometidas nas redes sociais contra pessoas, entidades e poderes republicanos. São as fakes news criminosas.
E ainda por cima vemos o embuste indigno, e não menos delinquente, dos cúmplices dessa execrável prática, comparando os fake news com a liberdade de expressão do pensamento!
MAZOLA
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