Redação

Um dos principais destinos turísticos da Bahia, Ilhéus é conhecida por suas praias e, principalmente, pelo cacau. A história do ciclo do fruto, que começou no início do Século 18, se confunde com a da cidade, conhecida mundialmente através dos romances de Jorge Amado. As obras do escritor, que retratam o apogeu das plantações e de seus coronéis no fim do Século 19, revelam cenários deslumbrantes, com fazendas debruçadas para a Mata Atlântica. O visual único quase se perdeu no fim da década de 90 com a praga da vassoura-de-bruxa.

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Três décadas depois, esses cenários voltam a ganhar destaque através do turismo de experiência, que permite circular por uma fazenda de 201 anos – a Provisão, decorada com móveis de época –, e conhecer as etapas do beneficiamento de cacau, da colheita à secagem nas barcaças. Este tipo de viagem se mantém ativo mesmo em tempos de pandemia, conquistando públicos de várias partes do país e do mundo.

A fazenda Provisão é de 1820 e o primeiro dono foi o coronel Domingos Adami de Sá, tataravô do produtor rural Beto Novaes, dono da propriedade e representante da quinta geração da família. Na decoração da casa, é possível ver a tradição mantida através do mobiliário de época e objetos antigos. Uma verdadeira viagem no tempo para os visitantes.

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“A gente consegue fazer com que o turista venha vivenciar uma fazenda de cacau. Então tudo o que está acontecendo quando ele estiver hospedado aqui, seja uma secagem ou fermentação do cacau, ele [turista] vai participar. A gente os convida a ter essa vivência e desfrutar dessa natureza linda”, explica.

De acordo com Beto, por conta da pandemia, os passeios pela fazenda são limitados a grupos de até 40 pessoas, seguindo os protocolos de segurança contra a Covid-19. Segundo ele, a pandemia reduziu a procura por esse tipo de turismo, mas os tours continuam acontecendo.

Distante 41 quilômetros de Ilhéus, a cidade de Uruçuca também oferece opções de turismo de experiência em fazendas, como a Independência. Lá, uma das atrações disponíveis é o passeio por uma trilha na Mata Atlântica. Cada grupo pode ter até 15 pessoas. Além de conhecer de perto plantas nativas, identificadas com placas, o turista pode ver o “cabruca”, sistema de plantação de cacau feito em consórcio com outras culturas, como a banana.

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“[Aqui nós vamos] mostrar o cacau, a lavoura de cacau, as técnicas e práticas que estamos adotando em relação à produção e com isso também visualizar essa maravilha que temos de mata atlântica”, comentou a produtora rural Kátia Bacelar à reportagem da TV Santa Cruz. (Informações do site aloalobahia.com)

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A pedido do MTur, governo federal inclui três atrativos turísticos no PPI

O governo federal publicou na última segunda-feira (19.04) um decreto que qualifica mais três ativos públicos para aproveitamento turístico no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). A inclusão foi feita mediante solicitação do Ministério do Turismo, após estudos de viabilidade econômico-financeira, que indicarão a melhor modelagem, os ativos poderão ser concedidos ao setor privado, no âmbito do Programa Revive Brasil.

Antiga Estação Ferroviária de Diamantina (Crédito: Leandro Ciuffo)

A ampliação do rol de ativos que poderão ser reaproveitados para o turismo incluiu a Antiga Estação Ferroviária de Diamantina (MG); as Ruínas Aldeia dos Sentenciados, em Fernando de Noronha (PE); e o Palacete Carvalho Motta, em Fortaleza (CE). Além destes, a iniciativa já conta com outros quatro imóveis que servirão como modelo para o aprimoramento do setor no país.

Para o ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, a inclusão destes imóveis será de grande valia para a estruturação e potencialização de destinos turísticos brasileiros. “Será importantíssimo para o desenvolvimento do nosso setor, para a atração de investimentos para o país e também para a geração de emprego e renda para os brasileiros. Por meio deles, será possível promover, desenvolver e aproveitar da melhor maneira espaços que possuem valor histórico e cultural, que não são utilizados de forma adequada, contribuindo para a atratividade dos destinos”, disse.

A qualificação no PPI foi fruto de esforços da coordenação-Geral de Aproveitamento Turístico de Ativos de Domínio Público, da Secretaria Nacional de Atração de Investimentos, Parcerias e Concessões, do MTur, e possibilitará a contratação de estudos técnicos para posterior elaboração dos editais de licitação, que deverão conter os valores de outorga e os tempos de concessão. A intenção é que esses ativos sejam aproveitados e recuperados, por meio de parcerias, e transformados em empreendimentos turísticos que vão gerar renda, emprego e impulsionar o turismo no país.

REVIVE – Fruto de um acordo de cooperação internacional firmado entre o Ministério do Turismo e o governo de Portugal, o programa Revive Brasil tem o objetivo de promover o aproveitamento turístico de espaços com valor histórico e cultural, adaptado à realidade brasileira, por meio de investimentos na implantação de estruturas como hotéis e restaurantes, a partir de contratos de concessão pública.

OS IMÓVEIS – A Antiga Estação Ferroviária de Diamantina, que ligava a cidade à Belo Horizonte e Vitória (ES), funcionou até o início dos anos 1970, quando teve os trens de passageiros desativados. A unidade marca o início da Trilha Verde da Maria Fumaça, uma rota de ecoturismo com cerca de 150 quilômetros de extensão. Já as Ruínas Aldeia dos Sentenciados, erguida no século 18, situa-se na Vila dos Remédios de Noronha e teve a função de presídio no passado, além de abrigar soldados na 2ª Guerra Mundial.

O Palacete Carvalho Motta, por sua vez, localizado na zona central de Fortaleza, foi construído em 1907 para servir de residência à família do Coronel Antônio Frederico de Carvalho Motta, militar que governou o estado do Ceará. Atualmente, é utilizado como depósito temporário de arquivos do Departamento Nacional de Obras Contra Secas (DNOCS), órgão que se manifestou favorável à inclusão do espaço no programa Revive Brasil.

PPI – O Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) busca ampliar e fortalecer a interação entre o Estado e a iniciativa privada, por meio da celebração de contratos de parceria e de outras medidas, a exemplo da concessão de aeroportos, portos e rodovias. Segundo a Secretaria Especial do PPI, por meio do programa, entre 2019 e o final de 2021, serão concluídos 78 leilões e projetos, que vão gerar cerca de R$ 485 bilhões em investimentos nos próximos anos, sem contar as outorgas de cerca de R$ 95 bilhões para a União. (Informações da Ascom do MTur)


ILUSKA LOPES – Jornalista, Especialista em Turismo, Professora, Locutora, Colunista e Diretora de Redação do jornal Tribuna da Imprensa Livre. iluska@tribunadaimprensalivre.com