Por Amirah Sharif –
Acredito que muitos de vocês tenham lido, na semana retrasada, uma notícia sobre uma moça que decidiu se vingar do noivo, após ele ter abandonado sua cachorrinha de estimação, apenas porque ela não é de raça, é uma vira-lata.
De início, dá para perceber que está tudo errado, tudo, tudo, tudo.
Reparem: homem abandona um bichinho indefeso e inocente, que não lhe pertence, única e exclusivamente por não ser um cachorro com pedigree e aí vai a pergunta: e esse fulano pertence a que casta? Mas, antes de ficarmos tristes e decepcionados com esse tipo de gente, já adianto que o final dessa história foi bem interessante. Ele acabou sendo penalizado de uma forma “educativa” pela noiva.
O vídeo (segue mais abaixo) que mostra a reação da moça foi compartilhado pelo portal espanhol 20 minutos e já possui mais de 11 milhões de visualizações. Particularmente, gosto de ouvir os personagens falando em espanhol, porque me remete aos filmes bizarros mexicanos em que há o bom, o mau e o atrapalhado.
Enfim, vamos voltar ao caso. Tudo começou quando o tal sujeito deixou a cadelinha Navy, cuja tutora “era” sua noiva, em um terreno baldio e fingiu para todos que ela havia desaparecido. Segundo um amigo do casal, ele queria sumir com o bichinho por não ser de raça. Com a consciência pesada, esse “muy” amigo resolveu procurar a “mãe” de Navy e lhe contar a verdade.
O troco
E aí foi arquitetada uma merecida vingança. Em um dia ensolarado, a noiva levou o tal homem, até um campo, no meio de uma estrada, de olhos vendados. Enquanto o amigo filmava, ela fez o então ex-noivo segurar alguns cartazes de papel com os seguintes dizeres:
“Abandonei o cachorro de minha noiva por não ser de raça, mas meu melhor amigo me traiu e confessou para ela, agora eu vou sofrer as consequências”.
Vendado, ele disse que sentia falta da cadelinha Navy e pensou que a noiva tivesse comprado um cão de raça para lhe fazer uma surpresa.
O tal homem é levado até perto de uma cerca e a moça pede que ele conte até 15. Quando termina a contagem e tira a venda, ele vê, sã e salva, Navy, a cachorrinha abandonada.
Então, teve início o diálogo que me lembrou uma novela mexicana estrelada por um vilão e uma mocinha.
– “Ah, você a encontrou, amor”, perguntou o fingido em tom de satisfação ao rever o animal.
– “A Navy faz parte da família e isso não deve ser feito com ninguém. Você é uma pessoa nojenta, não tem explicação. O mesmo que a Navy sentiu, você vai sentir. Você não vai explicar nada. Está muito claro para mim o tipo de pessoa que você é. Agora você vai viver igual a ela”.
Após a fala, o amigo acelerou o carro onde estavam a moça e Navy, e o malvado ficou para trás, abandonado em uma dessas estradas da vida. Veja o vídeo.
Na mesma semana, li uma entrevista de Leniel Borel, o pai do menino Henry, tragicamente assassinado pelo padrasto, segundo a polícia. Ele disse ter recebido uma carta do Papa Francisco em que, em um trecho, o sumo pontífice pedia para que ele não se deixasse contaminar pelo ódio, transformando-se em sua imagem e semelhança, pois, deste modo, ajudaria a parar o mal.
Assim, finalizarei com a oração de São Francisco de Assis, protetor dos animais, para trazer um pouco de alento e conforto aos nossos corações. E segue a vida…
Senhor, fazei-me um instrumento de Vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei com que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se vive para a vida eterna.
AMIRAH SHARIF é jornalista, advogada, protetora dos animais e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. asharif@bol.com.br
MAZOLA
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