Por Miranda Sá

“Marcada a frio/ Ferro e fogo/ Em carne viva” (Chico Buarque)

A garimpagem arqueológica vem descobrindo múmias tatuadas em todo planeta desde as regiões geladas do Alaska, da Groenlândia e Sibéria, às zonas quentes e temperadas abrangendo os Andes, Egito, China, Filipinas, Mongólia e Sudão.

Vê-se que vem de longe o uso e o costume de tatuar, que está assinalado na travessia dos tempos. A tatuagem religiosa era habitual no Egito e Oriente Médio; e foi assinalada a partir do século V a.C. também na Europa, com registros históricos mostrando que gregos e romanos as usavam também.

O verbete Tatuagem, dicionarizado, é um substantivo feminino significando a arte de gravar na pele por meio de pigmentos qualquer marca ou desenho feitos no corpo humano. Por distensão, vem a ser assinatura, apontamento, sinalização, ou designação duradoura para o comportamento pessoal de alguém.

“Tatuagem” é uma palavra relativamente nova nas línguas ocidentais; vem da Polinésia Francesa, com origem taitiana; chegou ao idioma francês como “tatouage”, e na versão inglesa criada pelo capitão James Cook , é “tattoo”.

O dicionário, referindo-se à tatuagem como “arte”, tem a ver com as belas ilustrações e o colorido das aplicações subcutâneas, aplicadas com esmero e o uso primoroso de pigmentos por agulhas habilmente usadas.

A Roma Antiga tinha a Lei Remucia que adotou brutalmente a letra “K” marcada com ferro em brasa na testa dos caluniadores; e na Idade Média foi utilizado o ferrete para fixar a propriedade dos escravos e para o opróbrio de criminosos.

É recente a chegada da tatuagem no Brasil.

A História registra que em 1959 aportou em Santos o dinamarquês Knud Harald Lucky Gegersen, o primeiro tatuador registrado no país. Manteve o seu estúdio na cidade portuária de São Paulo na zona de meretrício, e assim nasceu a fama de que a tatuagem seria coisa de marginais.

Por isso, até o fim do século passado a tatuagem decorativa era discriminada socialmente, constando dos estudos na cadeira de Medicina Legal das faculdades de Direito; foi alvo de pesquisas policiais como sinal de adesão de bandidos ás quadrilhas.

Aliás, segundo um delegado da Polícia Federal, meu amigo, o uso da tatuagem persiste demarcando membros das máfias internacionais e, entre nós, dos participantes do Comando Vermelho e do PCC, servindo para garantir a segurança e o respeito dos seus “soldados” nas prisões.

De outro lado, as tatuagens estão disseminadas hoje por todo mundo com adesão de artistas, esportistas e personalidades intelectuais e políticas. A novidade é que houve uma evolução que foi da utilização primitiva de ossos finos como agulhas para a sua aplicação por raios laser.

No momento em que o mundo repudia o neonazismo, esta infâmia é acolhida no Brasil pela Familiocracia Bolsonaro, por isto, não custa ensinar à ignorante banda “religiosa” de apoio ao Presidente “defensora” de Israel, que a Alemanha de Hitler adotava a tatuagem numerada no antebraço esquerdo dos judeus.

Sublinhe-se que tal prática não está longe dos sonhos dos fanáticos bolsonaristas pelo odiento tratamento dado por eles aos opositores do Chefe, os críticos das “rachadinhas” e os que condenam as transações suspeitas dos vigaristas no Ministério da Saúde em troca de “comissionamentos”.

Do outro lado, um “K” na testa dos corruptos que reapareceram e se fortaleceram no Ministério da Saúde, em plena pandemia, seria uma sentença justa aplaudida pelos brasileiros honestos e defensores de punição exemplar para a corrupção, seja de que partido seja.

Nas últimas eleições revoltados contra a roubalheira institucionalizada nos governos lulopetistas, os brasileiros deram um salto no escuro, caindo infelizmente na fossa infecta dos vermes que pululam em torno do capitão Bolsonaro, cada vez mais idêntico ao Pelegão que repudiamos.

Igual por igual, só tatuando ambos com o “ZERO”, a marca do desprezo!

MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e membro do Conselho Editorial do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo.


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