Por Indianarae Siqueira –

Tacaram fogo em um índio (Galdino) em Brasília em 1997 e o assassino passou em concurso pra polícia civil, só sendo impedido de assumir por causa da repercussão negativa do caso.

23 de maio de 2010 no Rio de Janeiro um estudante de direito e lutador de artes marciais matou uma travesti e queimou seu corpo no quintal (eu escrevi até um poema sobre).

Em 6 de janeiro de 2020 homem ateou fogo em morador de rua.

30 de junho de 2021 homem ateou fogo em morador de rua.

29 de junho por vingança homem ateia fogo em morador de rua cadeirante em SP.

Agora em 24 de junho de 2021 adolescente de 17 anos ateou fogo na travesti Roberta que depois precisou amputar os braços e morreu.

A repercussão do caso Galdino não gerou tanta comoção.

Os moradores de rua parece que foi um alívio alguém ter queimado eles.

As travestis então, já deviam ter sido queimadas vivas a muito tempo.

“Ah mas pensei que você ia falar da estátua de Borba Gato ter sido queimada”.

Não, é uma pena que tenham queimado a estátua e não o próprio Borba Gato no passado que era um escravagista, estuprador de meninas negras e índias das quais antes ele matava os pais. Expropriador e explorador safado.

Ah, mas essa sociedade tem o hábito de valorizar homens como Borba Gato e demonizar inclusive através de suas religiões corpos dissidentes da masculinidade. Afinal é uma prática cristã queimar em fogueiras da inquisição: Mulheres, dissidentes sexuais e pessoas contrárias ao cristianismo.

Ou seja: As nossas lutas são forjadas nas chamas inquisidoras de mulheres, vadias, travestis, gays, lésbicas, bissexuais, intersexuais e putas onde talvez as cinzas desses corpos queimados levadas pelo vento paire sobre florestas e rios e ninguém lembra do fato.

Ninguém se reuniu pra clamar por justiça e…


INDIANARAE SIQUEIRA – TransVestiAgenere, pute, ateie, vegane, presidente do Grupo Transrevolução-RJ, da REBRACA LGBTIA+, coordenadora do PreparaNem, Casa Nem Abrigo LGBTIA+, Rede Brasileira de Prostitutas, Fórum TT RJ e Coletivo Davida. titular desta “Tribuna LGBTQIA+”.

SIRO DARLAN – Editor e Diretor do Jornal Tribuna da imprensa Livre; Juiz de Segundo Grau do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos; Pós-graduado em Direito da Comunicação Social na Universidade de Coimbra (FDUC), Portugal; Coordenador Rio da Associação Juízes para a Democracia; Conselheiro Efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.


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