Por Jeferson Miola

Não é necessário ser um humanista militante para repelir o terror genocida do regime nazi-sionista de Apartheid em Gaza.

Basta, para isso, ter um sentimento mínimo de humanidade e aspirar a uma decência minimamente aceitável para este “mundo que conhecemos e padecemos”, como dizia Galeano.

Não há nenhuma justificativa sobre as atrocidades israelenses contra os palestinos que seja eticamente aceitável. Não há mesmo!

Menos ainda o pretexto cínico do “direito de defesa de Israel”. Na verdade, é o direito ao livre assassínio. Serve como salvo-conduto sionista para o assassinato de uma criança palestina a cada 13 minutos.

“Ah, não apoiamos Netanyahu, mas é preciso acabar com o Hamas”, dizem alguns – decerto crentes que essa fajutice possa trazer alívio moral à consciência pesada pelo fardo de, no fundo, estarem consentindo com a limpeza étnica e a repetição do Holocausto no século 21.

Outros justificadores das monstruosidades israelenses reivindicam identidade de esquerda para legitimarem a escolha pelo lado infame da história. Dizem-se “sionistas de esquerda”, mesmo sabendo que isso não passa de um oxímoro enganoso.

Quem defende, justifica ou relativiza o genocídio do povo palestino perdeu o sentido comum de humanidade; perdeu a noção elementar de uma humanidade humanizada. Outros o fazem por serem assumidamente nazi-sionistas ou extremistas de direita. Ou, ainda, por cálculos econômicos e geopolíticos.

O simples pertencimento à espécie humana é a habilitação suficiente para se poder escolher o lado certo da história e da humanidade, pois o Holocausto é uma catástrofe execrável aos olhos de todo ser humano que se pretenda humanamente decente.

Denunciar sem vacilação, sem subterfúgios e sem meias-palavras as barbaridades de Israel é uma obrigação ética e humanitária – independentemente de se estar em Gaza ou em qualquer outra geografia do planeta.

Porto Alegre está a 11.322 km de Gaza. Porém, a partir das 19 horas da próxima terça-feira, 16 de janeiro, esta distância estará zerada, porque Gaza ficará no coração da capital gaúcha através da exposição “Sinta-se em Gaza! – as charges te levam até lá”.

A exposição é uma iniciativa do jornal de humor GRIFO e da entidade dos Grafistas Associados do Rio Grande do Sul, a GRAFAR, e acontece no Clube de Cultura, tradicional espaço de cultura de Porto Alegre.

Trabalhos de 23 cartunistas e escritores do Brasil, Argentina, China, Cuba, Irã e Turquia integram o catálogo da exposição.

Marco Antonio Schuster, editor do jornal GRIFO, diz que “o humor pode servir para distrair, descontrair, mas também é uma poderosa força de ironia e inconformidade. Nossa exposição é a indignação contra a violência genocida de um governo contra o povo de outro país”.

Celso Schröder, também editor do GRIFO e co-responsável pela organização do evento, destaca que a exposição traduz “o compromisso dos ‘grifonianos’ contra o genocídio em andamento e a defesa do Estado palestino”.

Denunciar o genocídio em Gaza e defender os direitos dos palestinos à existência digna no seu próprio Estado é um imperativo ético, estejamos onde estejamos. Essa tragédia é de todos nós, seres humanos não-desumanizados, porque trata-se de uma terrível tragédia humana.

A exposição “Sinta-se em Gaza!” é uma denúncia contundente das atrocidades israelenses e, ao mesmo tempo, um convite à solidariedade com o povo palestino.

Com a linguagem e a gramática universal das charges e dos cartuns, estes “magos dos rabiscos” retratam com dolorosa verossimilhança a hecatombe humana em Gaza.

JEFERSON MIOLA – Jornalista e colunista desta Tribuna da Imprensa Livre. Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial.

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