Por Sérgio Cabral Filho –

Segurança Pública é a política de Estado mais importante nesse momento no Brasil. Como assim? Educação e Saúde são políticas públicas essenciais para a dignidade da nossa população. Sem dúvida! Mas sem segurança nenhuma, as demais políticas públicas funciona efetivamente.

Uma mãe consegue deixar seu filho na escola com tiroteios? A professora chega à escola em dias tensos? A ambulância não consegue entrar sem autorização do controle paralelo; um inimigo do marginal está seguro dentro de um hospital?

Aqui no Rio, um território em dias de conflito tem postos de saúde fechados, UPAs 24h fechadas, comércio fechado, trânsito impedido, e por aí vai…

Daí que não se faz segurança pública se os profissionais têm salários desfasados, péssimas condições de trabalho, sem oferta de educação física permanente e, o que me parece muito grave, sem acompanhamento e apoio psicológico e espiritual.

Muitas vezes o policial participa de uma operação extremamente tensa e de combate. Troca tiros, perde colegas, vê morte de inocentes, e mesmo a morte de um marginal em conflito, tudo isso gera transtornos mentais sérios e que podem interferir na saúde física e psicológica do profissional.

Se esse policial não tiver um acompanhamento e tratamento adequados, retorna às ruas de alguma maneira fragilizado. Seja por ódio, sentimento de vingança, frustração, e até mesmo medo e pânico.

Formatura de novos policiais. (Foto: Governo RJ)

Ele não tem condições de trabalho adequadas, não ganha um salário à altura da importância da sua função pública, ainda passa por momentos duros, tensos, muito violentos. E o que é pior: volta às ruas! Não é deslocado para um tratamento psicológico sério. Com profissionais que deem assistência psicológica e tenham autoridade para manter o policial em tratamento até a sua alta e retorno ao trabalho extra muro.

O próprio trabalho espiritual é muito precarizado nas corporações. São poucos capelães para atender milhares de policiais. Poucos psicólogos, assistentes sociais, professores de educação física, padres e pastores. De matriz africana nem há religioso nas corporações!

A verdade é que a chance desse profissional voltar às ruas e cometer falhas é gigante! Falhas pequenas como convívio e trato difíceis com os colegas e no atendimento à população, assim como falhas graves que podem gerar perdas de mais vidas quando em conflito novamente.

Além da família e amigos sofrerem muito com todos os transtornos mentais que essa pessoa adquire ao longo de uma vida massacrante e muito tensa.

As autoridades nunca podem esquecer que o policial não é máquina.

De carne e osso e com uma rotina de guerra urbana.

Dar a ele as condições materiais adequadas, psicológicas e espirituais é o Marco Zero de uma política de segurança pública que vê no seu profissional a chave para uma segurança cidadã.

SÉRGIO CABRAL FILHO – Jornalista e Consultor Político da Tribuna da Imprensa Livre.

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