Por Iata Anderson –
Entramos, finalmente, no ano da copa do mundo no Golfo Pérsico, não no “Mundo Árabe” como preferem os politicamente corretos, indesejáveis cidadãos que apostam na mediocridade, muito mais a seu gosto.
E não sei, sinceramente, o que deseja o técnico Tite, que teve todo o tempo do mundo e ainda não tem time definido, mesmo com todas as regalias que a CBF oferece, isso é inegável. Lembro muito bem quando João Saldanha foi dirigir a seleção para a maior copa do mundo de todos os tempos, em 1970, no México, que consagrou o tricampeonato pelo Brasil, ganhador de três das quatro copas seguidas, excetuando, todos sabem, a copa de 1966, vencida pela Inglaterra, em casa. João tirou um papelzinho do bolso e disse “esse é meu time”, bem a seu modo. Time escalado, com reservas. Claro, o tempo se encarregou de fazer algumas mudanças, até mesmo do treinador e o resultado todo mundo conhece: “Pra frente Brasil, salve a seleção”, Jules Rimet debaixo do braço, depois trataram de derreter o ouro para vender, bem Brasil. Foi assim que, agora com Zagallo, com todos méritos imagináveis, arrumou o time a seu jeito e foi comendo um por um até golear a Itália na final com direito a carnaval no estádio Azteca. Aqueles eram outros tempos, todos jogavam por aqui, espalhados por São Paulo, Rio, Minas, Rio Grande do Sul, que deu apenas um, mas importante titular, Everaldo, que entrou no lugar de Marco Antonio, ainda muito menino para aquele torneio.
Penso que esse recrutamento de gente na Europa não é bom para montar o time.
Mesmo com um monstruoso aparato de observadores é muito difícil monitorar cada um dos selecionáveis. Pelo que vimos nos últimos jogos da seleção e do campeonato brasileiro, o Atlético bicampeão deverá ter o maior número de convocados, começando pelo goleiro Everson, que jogou 37 dos 38 jogos, fez brilhantes atuações e vai brigar para ser o titular com Alisson. Hulk é outro certo, aposto até como titular, temporada magnifica, ganhou tudo, até a confiança do torcedor brasileiro em geral. Não vejo outro para tirar a 9 do artilheiro do brasileiro. Outro titular, Casemiro, em baixa no Real Madrid – os narradores da ESPN não dizem – pode perder a posição se não recuperar a forma e diminuir os cartões amarelos – um por jogo – que o suspenderam do penúltimo jogo, voltou hoje e já iniciou a segunda série. Precisa melhorar. Marquinhos é titular fácil, sobrando, com Thiago Silva, monstro, em boa forma física. Lucas Paquetá vai viajar, isso é certo. Se mantiver a pegada poderá ser titular. Raphinha correndo por fora, impressionou nas últimas partidas. De verdade mesmo, dá as camisas para Marquinhos e Neymar e joga o resto para cima. Quem pegar joga. Falta muito tempo, é verdade, mas pouco se viu de positivo na montagem do time.
Ou alguém arriscaria escalar o time hoje? Não acredito.
Li semana passada que o Real Madrid havia apostado numa estratégia de futuro sem Sergio Ramos e Varane, contratando Militão e Alaba, até então surfando em mares calmos, ondas pequenas. “Chegaram” em Nazaré, Portugal, onde existem as maiores ondas do mundo e viram o tamanho da coisa em que se meteram. A boa fase do brasileiro estacionou, depois de alternar boas e regulares partidas. Começou muito mal a temporada “entregando” o gol da vitória do pequeno Getafe sobre o gigante de Madrid, segunda da temporada. Os brancos adoram perder campeonatos em derrotas para os pequenos, isso é histórico. Seu colega de zaga, muito abaixo, ainda não disse a que veio. Muito caro, cheio de títulos que ninguém conhece, se vier jogar por aqui vai encontrar dificuldade para ser titular nos seis maiores clubes da terra. Crime maior, todavia, está na barração de Marcelo pelo limitadíssimo Mendy que, na verdade, não consegue amarrar, sequer, o tênis de treino do lateral monstro revelado em Xerém pelo Fluminense. Desde Roberto Carlos, Marcelo é, tecnicamente, o melhor de todos os laterais. Por sua culpa e dos treinadores que teve, principalmente Zidane, nunca foi corrigido ou aplicado um sistema que o protegesse das irresponsáveis “subidas”, onde tem pegar Uber para recompor a zaga. Muitos gols depois, foi barrado – e demorou – mas ainda é o melhor, basta Carlo Ancelotti querer. Há muito tempo para corrigir. Pena que Marcelo não se dá ou não quer dar conta disso.
Agora é à vera, depois que Ronaldo Nazário tornou-se o maior acionista do futebol do Cruzeiro (ele não comprou o Cruzeiro, como dizem) a coisa vai deslanchar de vez.
Chegou e vai se tornar realidade o futebol empresa, há muito tempo desejada por desportistas e imprensa. Mais dois clubes brasileiros aderiram ao novo modelo de gestão, Sociedade Anônima do Futebol (SAF), e conseguiram investimentos do mercado para montar equipes fortes e voltar ao primeiro mundo em campo. No virar do ano, Figueirense e Gama confirmaram adesão ao SAF, movimento que ganhou destaque depois que Ronaldo adquiriu 90% de suas ações ao preço de R$ 400 milhões. O Botafogo, primeiro clube do Rio, deverá anunciar nos próximos dias acordo com o empresário John Textor, dono do Cristal Palace.
Quem viver verá.
IATA ANDERSON – Jornalista profissional, titular da coluna “Tribuna dos Esportes”. Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como as Organizações Globo, TV Manchete e Tupi; Atuou em três Copas do Mundo, um Mundial de Clubes, duas Olimpíadas e todos os Campeonatos Brasileiros, desde 1971.
Tribuna recomenda!
NOTA DO EDITOR: Quem conhece o professor Ricardo Cravo Albin, autor do recém lançado “Pandemia e Pandemônio” sabe bem que desde o ano passado ele vêm escrevendo dezenas de textos, todos publicados aqui na coluna, alertando para os riscos da desobediência civil e do insultuoso desprezo de multidões de pessoas a contrariar normas de higiene sanitária apregoadas com veemência por tantas autoridades responsáveis. Sabe também da máxima que apregoa: “entre a economia e uma vida, jamais deveria haver dúvida: a vida, sempre e sempre o ser humano, feito à imagem de Deus” (Daniel Mazola). Crédito: Iluska Lopes/Tribuna da Imprensa Livre.
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