Por Luiz Carlos Prestes Filho

Para o pré-candidato a vereador de São Paulo, Ricardo Teixeira: “O carnaval é a expressão máxima da cultura brasileira. Nas quadras há atividades culturais e educacionais, além da geração de trabalho e renda para centenas de famílias. O Carnaval deveria ser tratado com prioridade em todos os municípios do país.” Parlamentar atuante, destaca que: “Sou favorável ao ensino integral. Somente por meio da educação, podemos vislumbrar um futuro melhor para nosso país.”

Luiz Carlos Prestes Filho: Como você vê a cidade de São Paulo no contexto nacional?

Ricardo Teixeira: São Paulo é a maior cidade do Brasil, responsável por boa parte da economia nacional. Ser vereador aqui é uma responsabilidade grande, legislamos voltados não somente para o Estado de São Paulo, mas pensando nas prioridades de todo o país. Nossa cidade tem políticas públicas que influenciam decisões estratégicas das cidades brasileiras.

Prestes Filho: As políticas de Meio Ambiente deveriam orientar as políticas de Turismo, Cultura e Desenvolvimento Econômico? A Economia da Cultura tem importância para o desenvolvimento local?

Ricardo Teixeira: Devemos preservar a Serra da Cantareira e as áreas de mananciais na Zona Sul. A cidade tem 30% de áreas verdes e estão concentradas na Zona Sul de São Paulo. Podemos atrair investimentos para as áreas verdes da cidade, em conjunto com a iniciativa privada; criar ações turísticas nesses locais, focando sempre na preservação do meio ambiente e recursos naturais. Sobre a Economia da Cultura, sem dúvida esta tem papel estratégico. Temos de investir em teatro, cinema, literatura, valorizar o artesão, os cantores locais. Estruturar espaços públicos para que as pessoas possam expor e vender seus trabalhos. Temos que, através da Economia da Cultura, fomentar trabalho e renda na cidade. Eu ajudei a criar a feira de artesanato no Parque do Ibirapuera. Podemos criar mais espaços assim em todo município.

Prestes Filho: Você pretende consolidar as atividades esportivas?

Ricardo Teixeira: Em São Paulo temos os Clubes da Comunidade, que são espaços geridos pela população local e que levam atividades esportivas gratuitas para a população. É importante incentivar mais parcerias como essa, porque os grandes novos do esporte vêm desses locais. Temos de fazer voltar as ruas de lazer. Aos finais de semana a população podia fechar a sua rua e criar opções de brincadeiras para as famílias. Devemos criar as áreas desportivas e ciclovias de lazer até as áreas mais longínquas da cidade.

Prestes Filho: Qual a importância da sua cidade no contexto do carnaval brasileiro?

Ricardo Teixeira: O carnaval é expressão da cultura brasileira, deveria ser prioridade para todos os gestores públicos municipais do país. Muita gente pensa que as escolas de samba somente promovem os desfiles de carnaval, o que não é verdade. Nas escolas há atividades culturais e educacionais o ano inteiro. Geram trabalho e renda para centenas de famílias. Nos bairros da cidade as pequenas escolas de samba movimentam mais de 60 entidades! Temos que valorizar essa cultura regionalizada. Além disso, temos os bloquinhos de carnaval de rua que trouxeram mais movimentação financeira para a cidade. Hoje o município de São Paulo já tem o maior carnaval do Brasil. Somos exemplo do que pode ser feito nas cidades brasileiras.

Prestes Filho: Você está candidato a vereador por desejar melhorar a cidade. Quais são as suas prioridades?

Ricardo Teixeira: O meu mandato sempre foi voltado para a busca de melhorias na saúde, educação e transporte. Estabeleci bom diálogo com a população. É isso que me move a ser vereador: trabalhar junto e com a participação da comunidade. Acredito na política Robin Hood. Tirar dos ricos para dar aos mais pobres. Minha luta é para levar investimentos, manutenção e ampliação de serviços públicos. Sempre dando oportunidades para os necessitados da cidade.

Prestes Filho: Quais suas propostas para Saúde e Educação?

Ricardo Teixeira: O nosso trabalho contínuo é para a ampliação de atendimento na área da saúde pública. Somos favoráveis ao convênio com as Organizações Não Governamentais (ONGs) para melhorar e fazer chegar esse serviço a todos que precisam. A cidade de São Paulo é referência em atendimento médico e precisamos facilitar o acesso deste serviço público com mais parcerias com a iniciativa privada. Sobre a Educação, sou favorável ao ensino integral. Somente por meio da educação, podemos vislumbrar um futuro melhor para nosso país. O Centro Educacional Unificado (CEU) é um exemplo do que vem dando certo na cidade e temos de privilegiar esse projeto no campo da educação. Ao mesmo tempo, temos que investir na formação dos docentes – principalmente na educação especial e inclusiva. Acredito que o tripé aluno-professor-aluno tem de ser muito mais valorizado.

Prestes Filho: Quais suas propostas para fortalecer as empresas de entretenimento? O carnaval é um segmento econômico importante?

Ricardo Teixeira: A pandemia fez a gente enxergar a cidade com outros olhos. É imprescindível pensar em políticas públicas que se adequem a essa nova realidade. Aprovamos na Câmara os eventos virtuais. Essa é uma saída para continuarmos a geração de renda e trabalho. É necessário, sem dúvida, o investimento na educação digital e na extensão das redes de internet para as regiões mais afastadas do centro. O carnaval, por meio dos blocos e pequenas escolas de samba, sem dúvida é um segmento econômico importante para atrair renda para a cidade. Além disso, temos a gastronomia popular, as exposições, as feiras e as manifestações populares que atraem milhões de turistas todos os anos. A cidade de São Paulo é o maior polo cultural do país.

Prestes Filho: O atendimento da Melhor Idade faz parte das suas preocupações?

Ricardo Teixeira: Sim, desejo contribuir para a ampliação dos centros voltados para as pessoas da melhor idade, com atividades educacionais, culturais e esportivas e a criação da creche do idoso, onde as pessoas poderão passar o dia e terem cuidados especiais. Existe um desequilíbrio, há mais políticas públicas para crianças do que para idosos. Precisamos pensar em mobilidade, na reforma de calçadas e na implantação de rampas de acessibilidade; acabar com os degraus nos passeios. Temos que ter políticas públicas que possam punir quem não respeitar a acessibilidade. Temos que investir em transporte público de qualidade, com rebaixamento dos degraus para que a população com menor mobilidade possa ter acesso ao coletivo. Nos clubes das comunidades podemos incentivar o desenvolvimento de atividades esportivas específicas para a Melhor Idade. Criar competições envolvendo esse público. Além da ampliação de cursos de capacitação e profissionalizantes para aqueles que nos antecederam.

Prestes Filho: Voltando para o tema do Meio Ambiente. Quais suas prioridades?

Ricardo Teixeira: A reforma e manutenção dos parques existentes. Temos mais de 100 parques na cidade que precisam serem recuperados. Temos que aumentar a quantidade de verde por habitante; que incentivar do plantio de árvores. A cidade ainda tem muitas ilhas de calor. Por isso, precisamos de políticas mais fortes nesse sentido. Quando fui secretário do Verde, plantamos mais de seis mil árvores no Bairro da Mooca. Precisamos conscientizar as pessoas da importância de ter uma árvore ao lado de sua casa ou de seu local de trabalho. Pois, melhora o ar que respiramos e diminui as ondas de calor. Infelizmente, hoje, há mais pedidos de remoção de árvores do que de plantio. Temos que reverter esse quadro. Além disso, precisamos da reabertura do Parque Primavera, em São Miguel Paulista, que está fechado há anos. Esta é uma comunidade carente de áreas verdes, com um espaço enorme abandonado.

Prestes Filho: Com a pandemia a violência contara a mulher aumentou. É possível reverter esta situação?

Ricardo Teixeira: Ampliando os espaços para atendimento às mulheres vítimas de violência. Criando casas de apoio para as mulheres e seus filhos ficarem, até encontrarem um novo local para recomeçar a vida. Criando a Delegacia Municipal da Mulher, para atendimento de casos de violência no próprio bairro. Realizando um atendimento exclusivo nos hospitais de cada distrito para mulheres vítimas de violência. Ampliando o programa da GCM “Maria da Penha”, para atender de forma mais rápida as mulheres que sofrem violência. Buscando mais igualdade salarial para as mulheres e ampliando mais vagas nas creches. Tenho um projeto para criar creches nos shoppings e nas fábricas. Até mesmo, uma creche noturna, assim atender mais amplamente as necessidades das mulheres que precisam deixar seus filhos, em um horário diferenciado, para trabalhar.

Prestes Filho: Sua família tem tradição na política de São Paulo? Conte sobre seu pai e sua mãe, sobre sua família.

Ricardo Teixeira: Eu nasci em Santos, em uma família bastante pobre e sou o único político. Meus irmãos não têm carreira política – uma é professora e outro dentista.

Prestes Filho: Como você se iniciou na política?

Ricardo Teixeira: Desde cedo eu me envolvi em movimentos de apoio aos mais pobres. Sempre fiquei indignado com a falta de atendimento para aqueles que mais precisam. Vejo que os mais carentes sofrem para ter acesso aos serviços básicos de saúde, de educação e de transporte. Em 2002 fui candidato pela primeira vez, mas somente assumi a vereança em 2007. Sempre com o espírito Robin Hood! Minha carreira é marcada pela melhoria de qualidade de vida daqueles que não tem acesso completo aos serviços públicos.

Prestes Filho: Você acredita que o instituto constitucional das eleições é a base da democracia?

Ricardo Teixeira: Sem dúvida a democracia deve ser protegida a qualquer custo. Somente em um ambiente democrático temos o direito a nos expressar de forma livre. Essa troca de ideias e crescimento intelectual só consegue quando se vive em uma democracia.


LUIZ CARLOS PRESTES FILHO – Cineasta, formado na antiga União Soviética. Especialista em Economia da Cultura e Desenvolvimento Econômico Local, colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Coordenou estudos sobre a contribuição da Cultura para o PIB do Estado do Rio de Janeiro (2002) e sobre as cadeias produtivas da Economia da Música (2005) e do Carnaval (2009). É autor do livro “O Maior Espetáculo da Terra – 30 anos do Sambódromo” (2015).